DILEMAS DOS FALARES BRASILEIROS
Por: Oliveira.mai • 26/3/2020 • Trabalho acadêmico • 570 Palavras (3 Páginas) • 193 Visualizações
DILEMAS DOS FALARES BRASILEIROS
Maiane Oliveira dos Santos
Ao observar a maneira como as pessoas falam no cotidiano, com diversos sotaques, gírias e interjeições, pude ver como nossa linguagem é variável e multifacetada. Em minha concepção, seria ilógico não aceitar tais diferenças linguísticas como parte da nossa língua portuguesa, mesmo não levando em conta as regras gramaticais bases que formam as estruturas da nossa linguagem. Por isso, são aceitas e utilizadas constantemente diferentes palavras e expressões que contemplam o mesmo propósito comunicativo, como por exemplo: no Rio de Janeiro utiliza-se muito o termo sacolé, em Minas Gerais esse termo é conhecido por chup-chup, já no Ceará existem vários modos de nomeá-los como juju, dudu, ou brasinha, e por fim, na Bahia, que é utilizado como geladinho. De qualquer forma, temos múltiplas palavras que de fato referem-se a um mesmo elemento: ao saco contendo uma substância congelada de frutas.
Diante disso, promovo a seguinte reflexão: como tudo isso surgiu e porque temos tantas variações linguísticas? Primeiramente, é importante compreendermos que tais variantes são partes constituintes do léxico da nossa língua que está sempre em movimento pelos próprios falantes. São vários os processos de formação de palavras usados inconscientemente por nós brasileiros em dadas regiões e comunidades de pessoas que, por aspectos históricos e socioculturais, alteram o uso de alguns vocábulos, levando até mesmo a produção de novas palavras. É o caso do termo sacolé, que para nós é apenas um delicioso congelado de fruta que possui diversas nomenclaturas ao redor do nosso país, mas, linguisticamente falando, passou por um processo de aglutinação em que se fundiu a palavra saco à picolé, não sabendo por quem ou quando isso ocorreu.
A partir disso, um ponto importante para se pensar é a respeito do neologismo em nossa língua, importante fenômeno que a torna mais viva e mutável, já que se configura como a responsável pelo surgimento de novas palavras seja espontaneamente ou pela necessidade de um falante em se comunicar melhor. Desse modo, o indivíduo torna-se um sujeito-agente que não só modifica nossa língua, mas que enriquece o léxico, já que tais palavras podem ser introduzidas ao dicionário e a língua padrão brasileira.
Um perfeito exemplo de neologismo, além dos já citados, são as gírias, que além de serem consideradas neologismos populares garantem uma maior expressividade na linguagem, sendo utilizadas por determinados grupos sociais que compartilham características em comum. Seja uma treta entre colegas, quando se manja de um assunto na escola, ao se tentar trolar um parça, ficar pirado em uma novinha, resolver stalkear o crush ou lacrar em uma dança, se pá todos nós utilizamos inúmeras expressões que nascem nesse nosso meio popular. Suas origens podem estar ligadas à grupos de uma específica área territorial, de um estilo de música, da internet e até mesmo voltadas à certas profissões.
Sendo assim, percebe-se o quanto a nossa língua brasileira é recheada de diferentes formas de expressões e vocábulos que variam conforme aspectos históricos advindos de povos aqui reunidos de culturas e lugares diversificados que alteram a forma como a língua portuguesa é expressa, pensando do ponto de vista diacrônico. Além deles, variações regionais como hábitos e tradições influenciam em sotaques, falares e até na alteração de palavras, fazendo com que não tenhamos dúvidas da riqueza lexical que nossa língua possui, pois é decerto que além de estar em constante modificação por nós falantes, nossa cultura em sua totalidade intervém nos diferentes processos linguísticos existentes nela.
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