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Descomplicada E Imperfeitinha

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Por:   •  11/5/2014  •  Seminário  •  462 Palavras (2 Páginas)  •  247 Visualizações

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Ela esta lá todos os dias. Sentava-se na mesa perto da janela que dava para a área central do campus, mas eu quase nunca a via estudar. Ela chegava todos os dias às 15h e se sentava na mesa mais isolada da biblioteca, estava sempre com um livro à mão, mas nunca parecia estar concentrada no que lia, passava grande parte do tempo debruçada na mesa olhando pela janela ou para o teto. Era muito simples: cabelos castanhos com poucas ondas, pele branca, usava, em geral, um short jeans, camisa regata e um All’Star, a única coisa de diferente era uma munhequeira vermelha de couro que estava sempre em seu pulso.

Algo naquela garota me chamava à atenção. Ela não usava roupas chamativas nem tinha um corpão, no entanto, era de certa maneira, diferente das demais.

Como eu era um dos monitores da biblioteca, podia ficar observando-a por horas sem que ela notasse. Eu nunca a via nos intervalos das aulas, nem sabia que curso fazia. Um dia, quando ela foi ao banheiro, me aproximei de sua mesa e passei os olhos pelos livros em cima da mesa. Havia um caderno aberto com uma caneta em cima, comecei a ler o que ela escrevera. Era um texto de suspense, estava quase terminando a leitura quando fui interrompido.

- Posso ajudar? – perguntou a garota com um olhar curioso.

- É, foi mal, eu não devia...

- Tudo bem. – disse ela ainda com um ar de curiosidade.

- Ah, seu texto é muito bom!

- Obrigada, mas ainda não está terminado. É para o jornal do

campus, eu quero ver se eles aceitam meu texto, assim, já terei uma boa média esse semestre.

- Com certeza vão aceitar! É jornalista?

- Ainda não. – ela riu. – Ainda preciso terminar o curso e ser contratada por alguém...

- Tenho certeza que será!

Ela estava vermelha e sorriu pra mim. Olhou a hora no celular.

- A biblioteca fecha em dez minutos. Quer dar uma volta? – perguntou.

Ela pegou suas coisas e fomos andando. Conversamos sobre nossos cursos, sobre música e falamos mal da sociedade. Um temporal desabou e ficamos encharcados, estávamos a alguns quarteirões da minha casa, decidimos correr até lá. Chegamos, subimos as escadas da kit-net e fechei a porta, olhei para ela e começamos a rir.

- A gente precisa tomar um banho quente. – disse ela.

Entreguei uma toalha e uma camiseta minha a ela. Alguns minutos depois ela abriu a porta do banheiro e uma nuvem de vapor inundou toda a kit-net, então lá estava ela com minha camiseta batendo no meio das coxas, o cabelo despenteado e um sorriso tímido no rosto.

- Gostei da camisola. – falei.

Sentamos no sofá e enchemos a cara de chocolate quente.

Ficamos ali olhando pro nada, como ela costumava fazer na biblioteca.

Lá estava ela, descomplicada e imperfeitinha.

...

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