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ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA AQUISIÇÃO DA ESCRITA

Por:   •  4/8/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.555 Palavras (7 Páginas)  •  227 Visualizações

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ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA AQUISIÇÃO DA ESCRITA

Pâmella Silva de Freitas[1]

OBTENÇÃO DA ESCRITA MEDIANTE O HÁBITO DA LEITURA

Observa-se que muitos alunos não tem o domínio sobre o ato de ler, a maioria deles apenas decodifica palavras e não lhe conferem um sentido de valor, fato que em seguida, afeta o processo de escrita, visto que, através da leitura é possível apreender informações e conceitos que implicam na construção de um texto coerente e coeso. Como nos afirma Irandé Antunes ao verificar que somente:

A atividade da leitura favorece, num primeiro plano a ampliação dos repertórios de informação do leitor: na verdade, por ela, o leitor pode incorporar novas idéias, novos conceitos, novos dados, novas e diferentes informações acerca das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, do mundo em geral. (ANTUNES, 2003, p.70)

Compreende-se assim, que é possível ampliar a capacidade da escrita no momento em que o aluno ingressar em contato com textos escritos. Uma vez que esteja em contato com a diversidade textual que circula socialmente, serão apreendidos tanto a formação estrutural do texto, quanto serão desenvolvidos processos e estratégias que expandirão no momento de interação entre texto e leitor.

É pela leitura que se aprende o vocabulário de certos gêneros de textos ou de certas áreas do conhecimento e da experiência. É pela leitura, ainda, que aprendemos os padrões gramaticais (morfológicos e sintáticos) peculiares à escrita, que apreendemos a forma de organização seqüencial (como começam, continuam e acabam certos textos) e de apresentação (que formas assumem) dos diversos gêneros de textos escritos. A exposição, pela leitura, é claro, a bons textos escritos é fundamental para ampliação de nossa competência discursiva em língua escrita (ANTUNES, 2003, p.75,76).

        Vivemos em uma sociedade instruída que demanda competência e celeridade dos sujeitos no que se alude à técnica de leitura e escrita, visto que saber ler e interpretar os múltiplos enunciados que nos cercam diariamente, nos permite uma influência mútua e conexão no contexto social, o qual estabelece práticas de leitura e escrita cada vez mais complexas. Dell’Isola (2001) apud Orlandi (1983:173) afirma que:

A leitura é o momento crítico da constituição do texto, é o momento privilegiado da interação, aquele em que os interlocutores se identificam como interlocutores e, ao se constituírem como tais, desencadeiam o processo de significação do texto. (DELL’ISOLA 2001 apud ORLANDI 1983:173, p. 35).

        Entende-se assim que a apreensão do texto vem mediante o desencadear do processo de definição do mesmo. No desenvolvimento do trabalho com os diversos gêneros textuais que circulam em nossa sociedade, a escola proporciona ao aluno condições para interpretar e compreender de forma autônoma os textos lidos. A técnica de leitura é indispensável para abrir os olhos do sujeito as reflexões de seu meio, porquanto com essa prática é presumível compreender com um olhar mais crucial o mundo ao seu redor.

Os mais variados textos, mesmo os mais “simples” ou “modestos” trazem uma complicação conceitual, que para ser decifrado, é indispensável o uso de vários processos e estratégias cognitivas para se chegar a uma interpretação plena do que está exposto no enunciado. Mas, isso só é possível com a prática constante da leitura, fato que é escasso no âmbito escolar, uma vez que a leitura nesses espaços não visa desenvolver a competência discursiva do aluno, mas é utilizado como mero instrumento de avaliação, fato que torna o ato de ler enfadonho e desestimulante. Segundo Isabel Solé (1998):

O problema do ensino da leitura na escola não se situa no nível do método, mas na própria conceitualização do que é a leitura, da forma em que é avaliada pelas equipes de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos meios que se arbitram para favorecê-la e, naturalmente, das propostas metodológicas que se adotam para ensiná-la. (ISABEL SOLÉ 1998, p. 33)

        Compreende-se assim que a escola possui um papel importante no exercício de leitura realizada pelos alunos, sendo ela responsável por criar objetivos que estimulem e auxiliem essa prática, como afirma Irandé Antunes:

Tudo que fazemos está preso a um interesse qualquer. Não se pode ser diferente quando se trata de leitura, sobretudo quando se trata da leitura feita na escola. O aluno, antes de qualquer coisa, deveria estar convencido das vantagens de saber ler e de poder ler: O professor faria bem, então, em ajudar o aluno a construir uma representação positiva da leitura e dos poderes que ela confere ao cidadão. E, em cada situação particular da sala de aula, deveria explicitar para os alunos os objetivos de toda atividade de leitura, ou seja, por que ele é convocado a ler aquele texto, de forma a despertar-lhe o interesse por fazê-lo bem. (IRANDÉ ANTUNES 2003, p 80/81)

Sabemos que não basta apenas decodificar palavras para efetivar o ato da leitura, “a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste processo tenta-se satisfazer [obter uma informação pertinente para] os objetivos que guiam sua leitura”. (SOLÉ, 1998, p. 22). Ler exige diferentes processos e estratégias para que aja a compreensão efetiva do que está sendo lido, só assim, o aluno desenvolve senso crítico para decifrar os aspectos ideológicos do texto, concepções que estão incutidas sutilmente nas entrelinhas.

LEITURA E PRODUÇÃO DO SENTIDO

A ação de ler é um aprendizado de interpretação que demanda conhecimentos que vão além de decodificar palavras, o leitor deve trazer conhecimentos linguísticos e extralinguísticos no momento da leitura, só assim haverá a absorção e comparação entre autor e leitor, pois o leitor apresenta para a leitura outros conhecimentos e assim chega a propagar um valor de sentido no texto que está sendo interpretado. Neste sentido, Geraldi apud Lajolo (2004, p. 91) afirma que:

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (Geraldi apud Lajolo (2004, p. 91)

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