Fichamento Gêneros Literários -
Por: analuizasvarela • 23/8/2016 • Trabalho acadêmico • 3.689 Palavras (15 Páginas) • 1.435 Visualizações
Fichamento ‘Citações’ de: CUNHA, Helena Parente. Os gêneros literários. In: Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975, p. 93-130.¹
Ana Luiza Santana VARELA²
- Coceituação e evolução histórica
- Segundo a autora, há toda uma problemática sobre conceituação dos gêneros. Diz também que “Entre divergências e ocilações, o assunto atravessa toda a história da literatura e da crítica, ora assumindo acomodações [...] ora desencadeando inovações” (p. 93)
- “O primeiro a tomar consciência dos gêneros foi Platão, mas cabe a Aristóteles o lançamento de suas bases fundamentais na Poética” (p. 93)
- De acordo com Anatol Rosenfeld, apud Cunha, 1975, “a divisão das obras literárias por gêneros” provem da “Necessidade de toda ciência de introduzir certa ordem na multiplicidade dos fenômenos”. (p.93)
- Mesmo que a Poética de Aritóteles seja a base do enfoque dos gêneros, ele vem sintetizando interpretações. (p. 93)
- “Na Idade Média não houve sistematização rigorosa sobre os problemas literários” (p. 94)
- “No Renascimento [...] a Poética de Aristóteles e a Episola aos pisões de Horácio provem inúmeras discursões” (p. 94)
- “Aristóteles considera dois modos básicos de produção poética: o narrativo e o dramático” (p. 94)
- “Os críticos renascentistas e clássicos, entretando, com base nos postulados horacianos, incluíram o lírico entre os gêneros e deram inicio á carreira da divisão tripartida da produção literária” (p. 94) e que prevalece até hoje.
- Nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, ocorreram mudanças estruturais no Barroco, no Classicismo, Pré-romantismo e Romantismo que foram influenciadas por Vitor Hugo e Brunetière e refletião inspirações darwinistas.
- Há, então, muita polêmica com a admissão dessas novas formas literárias e, consequentimente,
“a tendência moderna dos escritores é, cada vez mais, libertar-se das intolerâncias acadêmicas, em rebeldia contra os principios autoritários, em nome de uma originalidade que derruba a ordem preestabelecida e instaura novas modalidades, cada vez mais dificeis de serem classificadas nas fronteiras dos gêneros.” (p. 95-96)
- “Emil Staiger parece encontrar a solução para este beco sem saída dos estudos literários, adotando a tradicional tripartição, porém numa perspectiva aberta, que estabelece a diferença básica entre a conceituação substantiva e a adjetiva.”
(p. 96)
- “Os substantivos Lírica, Épica e Drama referem-se ao ramo, em que se classifica a obra, de acordo com determinadas características formais.” (p. 96)
- Os adjetivos lírico, épico e dramático definem a essência, isto é, os traços característicos da obra, manifestados por seus fenômenos estilísticos.” (p. 96)
- “Toda obra pertence ao ramo genérico cuja essência se revela em caráter prioritário, todavia participa também da essência ou dos traços particulares dos outros gêneros.” (p. 96)
- “Staiger assevera que nenhuma obra pode ser classificada exclusivamente num gênero, partilhando sempre da essência dos demais.” (p. 96)
- A partir do que Staiger disse
“Podemos considerar as subdivisões dos três grandes gêneros em espécies, também denominadas formas, classes ou sub-ramos. Espécie Lírica: soneto, ode, balada, vilancete, rondó, rondel, etc. Espécie Épica: epopéia, romance conto, novela. Espécie Drama: tragédia, comédia, tragicomédia, farsa.”
(p. 97)
- O gênero lírico
- “A essência lírica se manifesta nos fenômenos estilísticos próprios.” (p. 97)
- Segundo Rosenfeld, apud CUNHA, 1975,
“pertencerá à lírica todo poema de extensão menor, na medida em que nele não se cristalizarem personagens nitidos e em que, ao contrário, uma voz central – quase sempre um “EU” – nele exprimir seu próprio estado de alma.” (p. 97)
- Fenômenos Estilísticos
- Musicalidade
- “O termo lírico originariamente liga-se a uma espécie de composição poética que os gregos contavam ao som da líra.” (p. 98)
- “Mesmo depois quando se destinou apenas à leitura, conservou o remanescente dos seus primórdios, bastando lembrar que uma das características do Simbolísmo era a aproximação da música e da poesia.” (p. 98)
- “Um dos fenômenos estilísticos mais típicos da composição lírica é a musicalidade da linguagem, obtida através de uma elaboração especial do ritmo e dor meios sonoros da língua, a rima, a assonãncia ou a aliteração.” (p. 99)
- “Essa aproximação dos elementos sonoros e significaivos provém da disposição afetiva lírica que envolve tudo na ausência de distanciamento da recordação.” (p. 100)
- *Aliteração – repetição da mesma consoante ao longo do poema.
- *Assonância – repetição da mesma vogal ao longo do poema.
- Repetição
- “Jakobson situa no paralelismo a principal característica da função poética da linguagem, que se manifesta no ritmo, no metro, na estrofação ou nos recursos sonoros.” (p. 100)
- “Segundo Saussure. O mecanismo linguístico repousa sobre identidade e diferenças (ou posições) a fim de realizar um máximo de diferenciação.”
(p. 101)
- “O recurso da repetição é sintomático do não distanciamento lírico, na medida em que intensifica a fusão de todas as coisas no estado afetivo.” (p. 101)
- *Onomatopeias – o som da palavra ou fonema lembra o som do objeto nomeado.
- Desvio da norma gramatical
- De acordo com
“JeanCohen [...] a norma do discurso poético é a antinorma, e que o poeta busca intencionalmente o obscurecimento e o equívoco, levando a língua a perder a firmeza. A amiguidade [...] decorre muitas vezes da violação da norma.
O hipérbato, proveniente da inversão na ordem natural das palavras, é uma das infrações mais frequentes” (p. 102)
- “A língua perde a consistência e faz as palavras deslizarem de uma classe para outra, assumindo funções inusitadas.” (p. 102)
- “De acordo com a sintaxe lógico-discursiva, o pensamento se organiza em sequência, mas a linguagem lírica, em procedimento contrário, desestrutura as estruturas linguísticas.” (p. 102-103)
- Antidiscursividade
- “Susanne Langer denomina discursividade a propriedade de uma espécie de simbolismo, o verbal, segundo o qual as idéias se enfileiram, como ocorre nas sequências frasais.” (p. 103)
- “Embora a poesia utilize o discrusivo [...] sempre reagiu contra a sintaxe lógico-gramatical, rentando romper suas imposições. Desde o período do Simbolismo, os poetas se rebelaram abertamente contras os procedimentos sintáticos” (p. 103)
- “A poética atual se empenha cada vez mais em aolir o discursivo ao suprimir os elos conectivos sintários, chegando mesmo, em muitos casos, a eliminar a frase” (p. 103)
- “as vivências anímicas rejeitam a rigidez das construções sintáticas, e repelem o discursivo, que instala o distanciamento reflexivo, imcompatível com a essência lírica.” (p. 104)
- Alogicidade
- A autora mostra que
“A alogicidade caracteriza a poesia lírica, numa inter-relação com os demais aspectos tipicos, desde que a estrutura lógica do discurso expressa as formas da cogitação racional que não se concilia com a linguagem lírica. [...] diz respeito ao componente do imaginário que integra toda criação artística, [...] o poema lírico parece romper com [...] a realidade controlada pela razão”
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