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Fichamento do Texto Análise do Discurso: fundamentos & práticas

Por:   •  23/7/2019  •  Artigo  •  1.163 Palavras (5 Páginas)  •  575 Visualizações

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FLORÊNCIO, Ana Maria gama, MAGALHÃES, Belmira, SOBRINHO, Helson Flávio da Silva, CAVALCANTE, Maria do Socorro Aguiar. Análise do Discurso: fundamentos & práticas. Edufal, Maceió, 2016

Na primeira sessão do livro, os autores apresentam a posição de Análise do Discurso (AD) que defendem durante toda a obra, e apresentam um resumo do conteúdo de cada um dos capítulos: No primeiro capítulo falam sobre a origem da AD, no capítulo 2, o método utilizado, no capítulo 3 as categorias que dão sustentação teórico-científica à AD; e no quarto capítulo apresentam análises de distintas materialidades discursivas: da imprensa sobre o MST, análise de uma propaganda de empresa de telefonia, sobre os efeitos de sentido que exercem sobre o trabalhador, e análise de discursos acerca dos efeitos de sentidos ambíguos em torno da mulher trabalhadora.

O livro foca na Análise do Discurso de linha francesa, fundada por Michel Pêcheux, na década de 60. Para introduzir o assunto, os autores dão um breve panorama histórico-social do contexto dessa época, destacando fatos históricos importantes como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, a exploração de classes, o crescimento das desigualdades sociais,a popularização da obra de Karl Marx e o surgimento de movimentos sociais, e explica as implicações desses acontecimentos sobre várias áreas do conhecimento em nível mundial, incluindo a linguística, que na época, na França, era baseada nos estudos de Saussure, que focavam muito mais na forma, estrutura (estruturalismo):

“[...] A fala , o sujeito, as relações sociais - exclusões operadas por Saussure - são trazidas para as discussões linguísticas. Os estudos, até então limitados a uma “linguística da língua’, passam a considerar sua dualidade constitutiva, isto é, seu caráter ao mesmo tempo formal e atravessado pelo social, pela história e consequentemente pela ideologia. A materialidade da língua funde-se à materialidade da história e opera nas relações sociais. essa relação indissociável entre língua, história e ideologia é o discurso.” (p.22 e 23)

A partir de então, os estudos passam a levar em consideração o caráter discursivo da língua, ou seja, fatores sociais, históricos e ideológicos que perpassam a língua. Daí nasce a Análise do discurso pecheutiana, em 1969, na França, “elegendo o discurso e não a língua como objeto de estudo [...] Introduz na reflexão sobre a língua o sujeito, a história, a ideologia e o inconsciente [...]” (p.23)

“O sentido, afirma Pêcheux, (1988,p.60) ‘não pertence à própria palavra, não é dado em sua relação com a ‘literalidade do significante’, ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões e proposições são produzidas.” (p.24)

Para exemplificar essa ideia, os autores apresentam um breve diálogo em que o preconceito é “suavizado discursivamente” através do uso do conectivo adversativo “mas”. O texto é analisado tanto sob a ótica estrutural, classificando as orações, quanto sob a perspectiva discursiva, quando pelo contexto e carga ideológica e histórica que a fala carrega, percebe-se as intenções discursivas, através de uma determinada construção frasal. Daí se tem a definição da função da AD: “ [...] explicar os caminhos do sentido e os mecanismos de estruturação do texto. Ou seja: explicar porque o texto produz sentido; não os sentidos contidos no texto. [...]” (p.25)

O livro afirma que a AD se constitui tanto como intervenção política quanto científica, fixando-se assim numa teoria marxista do discurso, firmadas em dois conceitos centrais: ideologia e discurso, baseando-se em Althusser e Foucault”, nesse sentido tem como objetivo “contribuir para o avanço dos estudos na perspectiva do materialismo histórico, do efeito das relações de classe sobre o que se pode chamar as ‘práticas linguísticas’.”.

Algumas considerações são feitas acerca de discurso. Para Pêcheux discurso não se confunde com fala, língua, texto, nem informação ou ideias subjetivas de um indivíduo, mas sim trata-se de um “acontecimento que articula uma atualidade a uma rede de memória [...]” (p.26). O autor também considera que não há neutralidade no discurso já que é produzido sob influências de características de determinado contexto histórico, cultural, social e ideológico que constitui as crenças do sujeito, além de que “[...] todo discurso é uma resposta a outros discursos com quem dialoga reiterando, discordando, polemizando”

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