Gêneros Textuais

Gênero Textual

        Os gêneros são formas textuais concomitantemente estáveis e mutáveis que possuem uma lógica orgânica. O gênero é estável ao conservar sinais que o identificam como tal em qualquer situação, e mutável porque sofre mudança cada vez que é aplicado em diferentes situações. Gênero pode ser entendido também como "formas e tipos da comunicação discursiva" (Voloshinov 1992, p.45). "Comunicação discursiva"  é o "o lugar em que a significação dá lugar ao sentido" (Sobral 2009, p.116), sendo assim, essas formas estão constantemente sujeitas a mudanças, reavaliações. Portanto, toda forma é  normativa, para que não tenha que ser refeita cada vez que se fala, por cada pessoa que fala.

        A definição não pode ser presa a enunciado simplesmente. De acordo com Bakhtin o plano linguístico não carrega enunciados , mas sim frases, ou seja, "não é o domínio da comunicação discursiva, em que as rases são apenas o material dos enunciados, e sim o domínio do estudo das formas da língua, cujo conhecimento, por si só, não possibilita entender o sentido, embora seja imprescindível para que se entenda. (Sobral 2009, p.117). Desta maneira, os gêneros são fadado de uma lógica orgânica, de fragmentos que permitem conhecê-los, possuem uma variabilidade constante e uma singularidade articulada a generalidade.

        O gênero dialoga constantemente com o social, já que todo discurso prevê o outro e está carregado dele e de suas concepções. A situação determina a interação e a aplicação do gênero. "A articulação entre o repetível e o irrepetível, a atividade em geral e os atos específicos dessa atividade, presentes na concepção do ato, percorrem toda a obra do Círculo - do dialogismo ao gênero." (Sobral 209, p.118).

        Conteúdo temático, construção composicional e estilo são características que descrevem o gênero. Conteúdo temático é por muitas vezes confundido com assunto, porém, pode-se falar de um determinado assunto e ter outro tema. A construção composicional  trata da forma de construção do texto, mas não a forma rígida, já que pode mudar de acordo com as alterações dos projetos enunciativos. O estilo é o aspecto que o gênero indica a expressão da comunicação social e pessoal.

        O aspecto normativo do gênero deriva da impossibilidade de se reinventar cada vez que se fala as formas de falar e um meio social, já que o mesmo é construído por sujeitos e construtor de sujeitos, com maneiras específicas de pensar e interpretar, a depender da posição relativa que os sujeitos ocupam nela. Quando um indivíduo produz um discurso, esse discurso circulará pela sociedade e será recebido de várias formas. Essa relação entre um e outro estabelece formas enunciados que chamamos de gênero. Os gêneros estão ligados aos espaços sociais que são chamados de esferas de atividade.

        As esferas de atividade são espaços carregados social, histórica e ideologicamente que possuem individualmente sua forma de produção, circulação e recepção de cada discurso.  Um encontro em duas pessoas, é uma esfera de atividade, onde o discurso entre elas será construído e recebido de uma forma, carregado de fatores e pensamentos externos.

        Gêneros primários e secundários se diferem na formação. Os primários são os gêneros de modalidades menos complexas, que são emitidos através de interações cotidianas, "não elaboradas no ambiente da cultura letrada" (Sobral 2009, p. 122). Do ambiente de cultura letrada derivam os gêneros secundários que são modalidades mais complexas, principalmente na escrita. Gêneros primários e secundários compartilham a estabilidade e o dinamismo. Cada esfera desenvolve separadamente suas modalidades de uso da língua.

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