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Mensagem A Lenda Da Árvore Vermelha

Por:   •  8/1/2017  •  Ensaio  •  1.032 Palavras (5 Páginas)  •  225 Visualizações

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A lenda da árvore vermelha

E se dizia, naqueles dias de novembro, que aquela árvore assimilava as cores do pôr-do-sol e, por isso, parecia vermelha. Numa noite, depois de dirigir até sua antiga casa, a mulher se assentou sob sua frondosa copa e adormeceu cansada. Cansada daqueles dias em que havia esperado, às vezes com lágrimas nos olhos, por um simples roçar de mão. Durante as noites, ela deslizava suas mãos pelas costas do homem adormecido, na esperança de que, mesmo dormindo, ele se tornasse sensível ao carinho recebido e, de alguma forma, esboçasse retribuição. Muitas vezes, ela enxugava suas lágrimas derramadas às ocultas e se virava para o outro lado do leito, sem saber por quanto tempo ainda viveria daquela maneira. Quantas vezes se perguntava por que ele não lhe dirigia o olhar, a palavra, os gestos e por que haviam cessado de todo suas saídas a sós. Não entendia o que havia acontecido e já lhe faltavam palavras e ânimo para tentar reverter aquela situação. Quase incontrolavelmente cantarolava não suporto mais tua ausência e onde está você agora mas ele parecia não ouvir ou tomava, quem sabe, por insolência.

O que ele não sabia é que ela não suportava mais, de fato e desejava saber onde estava o pensamento dele. Sua dor já não podia mais ser escondida. Queria ter raiva e ao mesmo tempo queria ser indiferente. Planejou atitudes para resolver a situação. Confabulou fingir uma traição. Talvez, assim, ele se desesperasse pela perda e a tomasse nos braços e saísse a comemorar a vitória de seu time ou o aniversário de alguma coisa com a força que comemorava o dos colegas de trabalho. Mas se deu conta do enorme perigo de criar uma suspeita com a qual não poderia conviver. Mais que fingir uma traição, estaria despojando-se do último trato ainda não desfeito entre os dois – a não ser por uma famigerada história nunca bem resolvida para ela, que sempre se ressentira do fato dele compreender tão bem os dramas alheios e não abraçá-la quando ela se sentira tão só e tão abandonada, e nunca tomar partido por ela, mesmo quando estava errada, tendo feito isso pela que quis ser a outra e jamais saberá o alcance do estrago que produziu. Mas esse capítulo já era página virada. Além disso, era possível que ele se ofendesse mais pelo fingimento do que pela traição.

O caos se definiu quando, por uma imperícia conjugal e familiar, puseram-se vizinhos da irmã e tudo se tornou um grande casarão. Dali em diante, depois que as portas de sua intimidade se escancararam para todos, ela sentiu as últimas nuances de evangelho se esvair do homem que ela escolhera a dedo por sua mais particular qualidade: a conversão genuína. Sumiram a oração, a leitura bíblica, as idas à igreja, o contato com os irmãos. A parceria até a concepção do filho foi-se esgarçando. Viram-se garrafas e garrafas de vinho, uísque e até cerveja (bebida que durante toda a solteirice afastava a chance de qualquer pretendente). As conversas, antes escassas, foram sendo substituídas pelos dramas familiares que sempre estavam em primeiro lugar, não por opção deles, mas porque ninguém mais soube o que era respeitar o espaço que por tanto tempo conseguiram resguardar. Não que a família agora estivesse contra aquele laço esgarçado, mas porque, até por culpa dos dois, perdera-se o limite entre o familiar e o conjugal, pois até a mãe dela se instalara, mesmo após sua preciosa contribuição durante um tratamento longo e devastador, em todos os sentidos.

Depois de algumas atitudes consideradas egoístas, ela sentia-se naquela cadeira destinada aos alunos malcriados e respondões e percebia que as perguntas ou comentários que fazia já estavam prejulgados

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