O Fichamento Casa Grande e Senzala
Por: biaemanoella • 19/8/2019 • Trabalho acadêmico • 1.870 Palavras (8 Páginas) • 397 Visualizações
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala. Rio de Janeiro: Record. 2000. 40º ed.
A obra escrita pelo sociólogo Gilberto Freyre é um clássico, que trata da formação do povo brasileiro e sua sociedade, ressaltando seus defeitos e suas qualidades com detalhes e as peculiaridades da sua origem e formação. No primeiro capítulo de A Casa Grande&Senzala, somos apresentados as primeiras análises e características da colonização portuguesa, assim como os moldes para formação da sociedade agrária, escravocrata e híbrida. Gilberto Freye expõe, em detalhes, como se deu a fixação dos colonizadores portugueses no território, explorando a fácil adaptação na nova terra, apresentando o conceito de aclimatabilidade dos quais os portugueses gozavam. A miscigenação racial, que foi quase instantânea pela falta de mulheres brancas disponíveis na colônia, e com essa hibridização, explora também a herança cultural adquirida. Esboça, ainda sobre a mestiçagem das raças, o mito das das três raças aqui presentes, assim como a origem do mito da promiscuidade brasileira e a sexualidade exacerbada atribuída, principalmente, as mulheres negras e as “mulatas”. Apresentando-nos a primeira introdução e compreensão da formação da sociedade brasileira escravocrata e patriarcal, e seus mecanismos sociais.
Freye, no segundo capítulo, procura abordar as grandes influências indígenas na formação da sociedade familiar brasileira. Foca, principalmente, na importância da mulher indígena e sua colaboração na organização familiar nas casas-grandes, assim como seu trabalho de valor econômico e técnico no trabalho doméstico e agrícola. Explora também a variação sexual dos indígenas e como o intercurso sexual era naturalmente aceito e praticado entre os aborígenes, que desconheciam o preconceito, e que em vez de desprezo ou ridicularização, os efeminados eram respeitados por serem considerados dotados de poderes e virtudes extraordinárias, em grande maioria, ocupando postos de mando, como pajés e curandeiros. Na culinária, expõe a grande importância da culinária indígena, que exerceu grande influência nos hábito alimentares dos colonizadores, e principalmente, o grande impacto e importância da farinha de mandioca, descrevendo com detalhes o preparo de receitas tradicionais com vários ingredientes tradicionalmente indígenas.
Expõe, também, características da infância de um menino na cultura primitiva, e desmistificando o olhar de polidez européia em cima disto, que enxergava o menino livre imaginado por J.-J. Rousseau: criado sem medo nem superstições. Detalha como era uma infância cheia de superstições da tribo, com a criação de mitos de animais monstruosos para amedrontar as crianças com objetivo de criar sentimentos de obediência e respeito aos mais velhos, assim como a explicação das superstições e tradições e mutilação e de pintura dos corpos das crianças para afugentar os maus espíritos. Aborda a inicialização da vida sexual do menino na puberdade em casas secretas dos homens, que visavam assegurar ao sexo masculino o domínio sobre o feminino. Para além disso, as provas de iniciação eram rudes, algumas tão brutas que o iniciado não suportava. Tinham como objetivo aplicar uma educação moral de tradições da tribo, e técnicas de afazer masculino preparando os jovens meninos para a responsabilidade e prestígios dos homens. No que diz respeito à intercomunicação entre a cultura indígena e européia, havia uma dualidade de línguas, o português e o tupi-guarani, que se misturavam e se diferenciavam, sendo a primeira a língua oficial e a segunda, a língua oral popular. Termina, por fim, dizendo sobre como o culuminis foram chave mestra para a adequação cultural dos indígenas à cultura européia. Através deles, eram implantado os dogmas cristãos, a língua, as idéias de moral e ética e assim os culuminim se tornava mestre dos próprios pais, aliados os missionários contra pajés na obra de cristianização de sua gente.
No terceiro capítulo, o autor se aprofunda em novos pareceres sobre os colonizadores portugueses, usando de parâmetro as figuras dos espanhóis e ingleses, se debruçando mais profundamente no que havia começado no primeiro capítulo. Freyre nos mostra as relações antagônicas (tanto a respeito da raça quanto da religião e das terras) que os portugueses tinham com os mouros e outros povos islâmicos que se fixaram no Norte de Portugal, e que mesmo com essa inimizade, as relações entre mouras e portugueses ocorreram, causando uma miscigenação que é uma das características dos lusitanos. Mostra a dualidade das relações, pois os mesmos portugueses, que quase transportavam toda a África para a América em navios podres e mal cheirosos, tinham a relação mais tranquila com os indígenas ao contrário das colônias espanholas. Esclarece que não faziam guerra de brancos contra peles-vermelhas, e sim de cristãos contra bugres, pois a partir da conversão, em primeiro momento, a cor da pele se tornava praticamente insignificante, pois os portugueses eram mais sem consciência de raça que os espanhóis. Esclarece que não houve clericalismo no Brasil, sendo os padres vencidos pelo nepotismo dos grande e senhores de terra e escravos. Destaca a presença, não esporádica, mas farta, de descendentes de moçárabe entre os povoadores e primeiros colonizadores do Brasil, e através desse elemento, os muitos traços de cultura Moura se transmitiram no Brasil, principalmente a arte da decoração, que dominou Portugal e floresceu na decoração das casa-grande do Brasil no século XIX. Coloca o entusiasmo religioso como primeiro plano, para logo após se sobrepor os interesses econômicos por parte dos colonizadores, que ao perceberem a escassez de riquezas mercantilistas, compreenderam uma tendência para a estabilização agrícola num sistema latifundiário, assim, justificando a mão-de-obra africana, onde esboça que a escravidão foi o único meio possível para a colonização portuguesa. Finaliza esboçando críticas elaboradas frente à dissolução moral e a devassidão experimentadas pelos portugueses, onde Freyre justifica e compete a influência do clima tropical na superexcitação de meninos e adolescentes.
No capítulo "IV: O escravo negro na vida sexual é de família do brasileiro", Freyre se debruça sobre a influência da raça negra no convívio com o colonizador do Brasil, assim como assimila, principalmente, sobre as heranças culturais, a contribuição na vida econômica e as diferenças entre o negro e o indígena. Esboça pontos onde esclarece que o negro tem superioridade sobre o indígena, se demonstrando avesso a essas classificações. Por traços de cultura material e moral revelaram-se os escravos negros com condições de concorrer melhor que
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