O Fichamento Olhos e Coração
Por: Felipe Emanuel da Silva Costa • 6/3/2023 • Trabalho acadêmico • 2.765 Palavras (12 Páginas) • 74 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Letras
Graduação em Letras
Felipe Emanuel da Silva Costa
Fichamento: VIEIRA, Yara Frateschi. “Olhos e coração na lírica galego-portuguesa”. In: Revista do Centro de Estudos Portugueses – v. 29, n. 42 – jul.-dez. 2009.
Belo Horizonte, 2022
Felipe Emanuel da Silva Costa
Fichamento: VIEIRA, Yara Frateschi. “Olhos e coração na lírica galego-portuguesa”. In: Revista do Centro de Estudos Portugueses – v. 29, n. 42 – jul.-dez. 2009.
Fichamento apresentado ao programa de Graduação em Letras da Universidade Federal de Minas Gerais como atividade prevista como requisito de aprovação da disciplina Introdução à Literaturas de Línguas Modernas – Literatura Portuguesa.
Professora: Raquel S. Madanêlo Souza
Turma: TN545.
Belo Horizonte, 2022
VIEIRA, Yara Frateschi. “Olhos e coração na lírica galego-portuguesa”. In: Revista do Centro de Estudos Portugueses – v. 29, n. 42 – jul.-dez. 2009.
“Os dois termos, “olhos” e “coração”, separadamente, já têm sido reconhecidos como vocábulos importantes na construção da concepção amorosa na lírica galego-portuguesa”. (p.11)
“A cada um deles dedicaram-se estudos, com uma perspectiva geral ou concentrados no seu uso por um determinado trovador,1 analisando a sua frequência, os campos semânticos em que figuram, as relações que se podem estabelecer com expressões semelhantes empregadas nas líricas amorosas latina, (...)”.(p.11)
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“Fora do âmbito peninsular, no entanto, contamos com alguns trabalhos que examinaram o emprego e o sentido desses termos, dentro do campo que se poderia denominar a “psicologia amorosa”, na literatura vernácula, lírica e épica, do Ocidente europeu nos séculos XII e XIII”. (p.11)
“(...), segundo Cline, cinco concepções que, embora conhecidas por literaturas precedentes, constituem uma novidade na literatura provençal e do norte da França no século XII. Elas são:
1. O amor é súbito e poderoso, e ocorre geralmente com o primeiro olhar.
2. Os olhos são não apenas perceptores da beleza, mas também agentes, ao promoverem o amor.
3. Enquanto agentes, os olhos funcionam como uma arma que ataca, através dos olhos da amada, dentro do coração.
4. Existe uma disputa entre o coração e os olhos.
5. O coração pode escapar do corpo para estar com a amada”. (p.12)
“Ela dedica-se, como já disse, a investigar as possíveis fontes para cada um dos motivos apontados: os dados que levanta, e que cobrem um período vasto na literatura ocidental como um todo, levam-na a concluir que, de forma geral, os cinco motivos descritos já se encontravam na literatura grega e alexandrina, na filosofia platônica, na Biblia e na literatura cristã dela derivada”; (p.12)
“Na literatura árabe de Al-Andalus, os olhos “tinham um enorme poder” e é, aliás, possível reconhecer a influência platônica na imagem dos olhos como espelho da alma, empregada por Ibn Hazm em O Colar da Pomba;5 além disso, considerando o poder mágico atribuído ao olhar pelos árabes, não é de surpreender que na sua poesia seja frequente a metáfora do olhar como uma arma que, lançada pelos olhos da amada, atravessa os olhos do amante, ferindo-o no coração”. (p.13)
“A literatura cristã, por sua vez, seria responsável pela difusão de dois motivos: o debate entre o coração e os olhos e o coração que escapa do corpo para estar com a amada. Nesse sentido, é importante lembrar que na literatura cristã pós-agostiniana Deus vem habitar no coração do homem, desde que ele se tenha para isso suficientemente purificado”. (p.13)
“Apenas um reparo, contudo, indispensável para que as relações entre olhos e coração se tornem mais nítidas, dentro dessa fisio-psicologia do amor: Cline lembra que o papel da concepção dos olhos como agentes no despertar do amor é de origem platônica (...)”. (p.13).
“Não se deve esquecer, tampouco, que estes lançaram mão de diversas fontes na elaboração daquilo que poderíamos chamar a “teoria da imaginação” medieval, e que uma das principais contribuições, utilizada inclusive por Agostinho, foi trazida pelas ideias aristotélicas a respeito da produção e da
reprodução da imagem”. (p.13-14).
“Aristóteles, assim como a tradição médica em que se baseia, supunha que dois órgãos estivessem envolvidos na produção das imagens e da memória: o coração, que recebe todas as impressões derivadas do exterior, e o cérebro, ao qual a informação é transmitida e no qual é então guardada”. (p.14).
“Embora o pensamento medieval tenha desenvolvido, posteriormente, concepções bastante elaboradas a respeito do processo de formação da imagem e da relação dos sentidos exteriores com o que se passou a chamar “sentidos interiores”, situados nas diferentes regiões do cérebro, manteve-se na literatura religiosa e na poesia profana a concepção não só aristotélica, mas também bíblica, de que o coração sediava as faculdades emotivas e cognoscitivas do homem”. (p.14).
“Podemos passar agora a examinar como se comportam esses dois termos na lírica amorosa galego-portuguesa. Limito-me aqui ao campo das cantigas de amor”. (p.15)
“Um levantamento realizado com a ajuda das ferramentas que nos oferece a base de dados MedDB 2.0.3,14 registra que os dois termos se encontram utilizados, conjuntamente, em 53 cantigas de amor”. (p.15)
“Como estou interessada, porém, nos sentidos específicos atribuídos à relação
dos “olhos”, enquanto órgão externo da visão, e o “coração”, enquanto sede
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