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O NOVIÇO, DE MARTINS PENA

Por:   •  2/8/2021  •  Resenha  •  3.215 Palavras (13 Páginas)  •  635 Visualizações

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O NOVIÇO, DE MARTINS PENA

VIDA E OBRA

  • Nascido no Rio de Janeiro no dia 5 de novembro de 1815, Luís Carlos Martins Pena teve uma vida curta, morrendo em Lisboa, de tuberculose em 7 de dezembro de 1848. Esses 33 anos de vida, entretanto, foram suficientes para que se consagrasse como dramaturgo, tendo escrito 28 peças teatrais.
  • Ainda jovem, Martins Pena fez curso de comércio e frequentou a Academia de Belas-Artes, aprendendo pintura, escultura, arquitetura e cenografia. Estudou também História, Geografia, Literatura e Línguas. Em 1838, iniciou sua vida de funcionário público, tendo sido nomeado amanuense do consulado da Corte.  
  • Durante bom tempo trabalhou como censor teatral, escrevendo pareceres sobre peças de todos os gêneros: comédias, farsas, dramas, óperas etc. Tal trabalho lhe foi proveitoso, pois permitiu-lhe que se familiarizasse, cada vez mais, com a técnica teatral.  
  • Sua primeira peça, O Juiz de Paz da Roça, escrita em 1833, aos 18 anos, foi levada aos palcos pela primeira vez cinco anos mais tarde pela companhia teatral de João Caetano, um dos mais importantes atores brasileiros do século XIX. A montagem serviu para a consolidação da comédia de costumes como gênero preferido do público e popularizou o nome de Martins Pena.  
  • Após escrever outras comédias, como Um Sertanejo na Corte (inacabada), A Família e A Festa na Roça (1837), o autor decidiu enveredar pelo caminho do teatro histórico, gênero nobre no Romantismo europeu, mas não foi bem-sucedido. Na realidade, era como autor de comédias que ele se destacava.
  • Entre 1844 e 1846, escreveu 17 peças cômicas, entre elas O Noviço. Em 1847, Martins Pena foi nomeado adido de primeira classe da legação brasileira em Londres. Seus trabalhos diplomáticos, entretanto, tiveram de ser interrompidos no ano seguinte, por estar gravemente enfermo. Não chegou a voltar ao Brasil. Morreu em Lisboa e foi sepultado no Cemitério dos Prazeres. Dois anos mais tarde, seus restos mortais foram exumados e trasladados para o cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Anote! Além de ser o grande precursor da comédia de costumes, Martins Pena também é considerado um dos pioneiros do teatro no Brasil.

ANÁLISE DA OBRA

Escrito em 1845 e representada pela primeira vez no Teatro São Pedro (Rio de Janeiro), em 10 de agosto do mesmo ano, talvez seja o texto mais bem construído de todas as comédias de Martins Pena, O Noviço é ainda hoje encenado, como convém a um clássico da nossa literatura dramática.

Tematizando a liberdade de escolha entre os jovens, O Noviço é uma comédia romântica que explora de maneira interessante o maniqueísmo típico desse estilo literário: na dualidade entre enganados e enganadores, entre fracos e fortes, enfim, entre o bem e o mal, há uma união do primeiro polo – o polo dos enganados, dos fracos, do bem – que assim se reforça e consegue vencer o segundo: o polo dos enganadores, dos fortes, do mal…

ESTILO

As características românticas de O Noviço são o maniqueísmo, o “happy end”, a temática da liberdade e a presença da cor local. Mas existem alguns elementos nesta peça que não se ajustam ao romantismo, como por exemplo, a denúncia social que se dá por meio do humor, da sátira e das caricaturas, e o comportamento pouco convencional, em termos de heroísmo romântico, de seu herói: Carlos utiliza-se de meios moralmente pouco recomendáveis para atingir o que pretende, aproximando-se deste ponto de vista do vilão, Ambrósio. Além disso, a união dos fracos e enganados (Florência e Rosa) contra a força (Ambrósio), transformando em capacidade de luta a submissão e em esperteza a ingenuidade, constitui recurso pouco frequente nos textos tradicionalmente românticos.

ESTRUTURA DA OBRA

É dividido em três atos, em vez de possuir apenas um, como a maioria dos outros trabalhos, podendo, assim, desenvolver melhor tanto a trama quanto os tipos.

No primeiro ato apresentam-se o hipócrita e interesseiro Ambrósio, que casou com a crédula Florência; o noviço Carlos que com mais vocação para militar fugiu do convento para casar-se com Emília (filha de Florência e sua prima). Aparece também Rosa, primeira esposa de Ambrósio (não havia divórcio na época), que foi abandonada por ele após ter seus bens roubados. Carlos encontra Rosa e esta fornece-lhe meios para chantagear Ambrósio e permitir-lhe sair corretamente do convento, retirar Emília e Juca (irmão mais novo de Emília) da vida religiosa que Ambrósio planejava para eles e casar com Emília. A chantagem ocorre no segundo ato, junto com a revelação a Florência de que o marido é bígamo; Ambrósio foge.

No terceiro ato, após muita confusão, Ambrósio é preso, Carlos liberto de ir ao convento ou ser preso (ele atacara um frade na fuga) e o casal fica livre para casar.

A peça toda lembra as comédias pastelões dos anos 10, com personagens caricatos, situações mirabolantes, perseguições e violência gratuita.

PERSONAGENS

As personagens da peça não possuem densidade psicológica, já que são constituídas por meio de estereótipos e de recursos caricaturais que as transformam em “tipos”:

Ambrósio – malandro trapalhão, um consumado velhaco que acredita que “os meios justificam os fins”.

Florência – mulher de Ambrósio, submissa e ingênua.

Emília – enteada de Ambrósio

Juca – menino de 9 anos, filho de Florência

Carlos – noviço da Ordem de São Bento, sobrinho de Florência

Rosa – provinciana, primeira mulher de Ambrósio

Padre-mestre dos noviços

Jorge

José – criado

1 meirinho, que fala

2 ditos, que não falam

Soldados de Permanentes, etc.

ENREDO

“O noviço” traz basicamente a história de Carlos, rapaz endiabrado, que é enviado a um convento por decisão de sua tia e tutora. Não tendo vocação para a vida religiosa, Carlos foge do convento e dedica-se a desmascarar o ambicioso Ambrósio, segundo marido de sua tia.  A seguir organiza-se a sequência de ações que desenvolvem a essência dessa narrativa.

A peça inicia-se com Ambrósio Nunes em uma sala ricamente decorada.  Preparando-se para ir à igreja com sua mulher Florência, o personagem afirma em tom cínico que mudara sua vida de homem pobre em oito anos. Fora miserável, mas valendo-se de determinação, perspicácia e destituído de qualquer escrúpulo se tornara rico, condição que lhe conferia poder e lhe garantia plena impunidade.  É interrompido por Florência que lhe apressa, dizendo que é necessário chegar cedo para sentarem-se nos primeiros bancos e, assim, poderem assistir confortavelmente à missa de Ramos. Ambrósio, com delicadeza de fala e gestos, pergunta à esposa como anda o projeto de encaminhar a enteada Emília para o convento e satisfaz-se com a notícia de que tudo corre como ele desejaria. Com muita habilidade, Ambrósio enfatiza a ideia de que a herança deixada pelo primeiro marido de Florência nunca o atraiu, revela que sua paixão sempre foi espontânea e pura e, de certo modo, lhe é até um tanto penoso administrar a fortuna do nobre falecido, no entanto, cabe ao marido zelar pela esposa amada. Desse modo, toma para si a incumbência de cuidar do dinheiro.

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