OS GÊNEROS TEXTUAIS APONTADOS PELA BNCC COMO ADEQUADOS A TRABALHAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA
Por: Goncalves03 • 11/9/2019 • Artigo • 7.609 Palavras (31 Páginas) • 752 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
ELIZÂNGELA G. QUINTANA GONÇALVES
OS GÊNEROS TEXTUAIS APONTADOS PELA BNCC COMO ADEQUADOS A TRABALHAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA
Artigo Científico apresentado à Universidade Federal do Tocantins – UFT – Campus de Porto Nacional – Programa de Pós-Graduação em Letras como requisito parcial de avaliação da disciplina: Ensino de Línguas: Gêneros do Discurso e do Texto.
Orientação: Prof. Dr. Paulo Cezar Rodrigues.
Tocantins - 2019
OS GÊNEROS TEXTUAIS APONTADOS PELA BNCC COMO ADEQUADOS A TRABALHAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA
Elizângela G. Quintana Gonçalves¹*, Paulo Cezar Rodrigues ²
¹ Mestranda em Letras, Universidade Federal do Tocantins, E-mail: quintanaelizangela@gmail.com
² Doutor em Linguística (2017), pela Universidade Federal de Goiás – UFG. E-mail: paulo.cezarrodrigues@uft.edu.br
RESUMO: O presente estudo tratará da leitura do documento BNCC – Base nacional Comum Curricular no que tange ao tratamento da variação linguística e os gêneros textuais associados a esta. É sabido que é função da escola proporcionar ao aluno o mais diversificado acesso a situações reais de uso da língua como forma de contemplar sistemicamente a sua competência comunicativa. Assim, entende-se que a pluralidade linguística é conferida aos estudos da variação linguística que tem como meio de acesso os gêneros textuais adequados aos contextos sociocomunicativo. Objetiva-se apresentar nas linhas seguintes, em que parte dos estudos da língua portuguesa deve-se trabalhar a variação linguística e quais gêneros textuais estão relacionados a esta. Nessa perspectiva, expõe-se como objetivos específicos: descrever em que área dos estudos da língua portuguesa nos anos finais do ensino fundamental o estudo da variação linguística acontece; identificar quais gêneros textuais estão associados; revisitar os conceitos e contribuições que o estudo dos gêneros textuais confere a formação do aluno. Os autores que nortearam este trabalho são: (ALKMIM, 2001), MOLLICA (2003), BAGNO (2008), BORTONI-RICARDO (2004), estes tratam do constructo teórico da Sociolinguística e da variação linguística; o documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2016) que explicita em seu conteúdo a importância e exigência de se trabalhar a variação linguística na formação do aluno; BAKTHIN; VOLOCHINOV, (2004), BRAIT, (2012); MARCUSCHI (2008); BAZERMAN, (2006); MACHADO, (2005) e MILLER, DIONISIO e HOFFNAGEL (2012) estes que tratam de conceitos e concepções diversas sobre os gêneros textuais. Além de outros que serviram de suporte teórico metodológico. A metodologia adotada corresponde a uma pesquisa bibliográfica e documental de natureza descritiva e interpretativa com abordagem qualitativa. Por meio da investigação realizada, constatou-se que o estudo da variação linguística nos anos finais do ensino fundamental está presente na BNCC como um dos seis objetivos que servem de base para educação básica. E apontam alguns gêneros textuais que podem ser trabalhados. Contudo, não é encontrado no documento explicações de como deve acontecer o trabalho da variação linguística por meio dos gêneros textuais descritos. Tal fato torna-se explicável por não ser objetivo da Base conter a metodologia direcionada a aplicação didática. Dito isto entende-se como papel de orientação didática tanto os currículos como o docente que deve adotar metodologias peculiares correspondentes ao seu contexto de atuação no processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Base Nacional Comum Curricular (BNCC); Gêneros textuais; Variação Linguística.
Introdução
Os diversos estudos desenvolvidos nos últimos tempos, sobre os gêneros textuais e sobre a variação linguística, tem destacado a importância dessas temáticas, bem como as diferentes concepções no que tange a estas.
Assim, considerando-se a importância de se realizar uma reflexão sobre estes dois importantes temas, que busque primordialmente responder à pergunta de pesquisa: Quais gêneros textuais a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta para se trabalhar a variação linguística em sala de aula e que contribuições podemos ter a partir dessa relação: gêneros textuais e variação linguística com base nos fundamentos da BNCC referente aos anos finais do ensino fundamental?
A partir das explanações realizadas no presente trabalho ter-se-á conhecimento das concepções dos autores sobre a variação linguística, o próprio documento BNCC e os gêneros textuais.
O presente estudo reflexivo não tem a pretensão de esgotar o assunto, em função de sua complexidade e profundidade, mas sim destacar conceitos e pensamentos que possam de forma direta ou indireta, contribuir para uma melhor compreensão por parte tanto daqueles que se interessam por esses temas como e essencialmente para os professores de Língua Portuguesa e pesquisadores desta temática.
O trabalho será constituído basicamente de três capítulos dentre os quais o primeiro tecerá considerações gerais sobre a ciência Sociolinguística e o ensino da variação linguística; o segundo compreenderá os apontamentos contidos no documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no terceiro capítulo é trazido a discussão conceitos e concepções sobre os gêneros textuais. A partir das discussões apresentadas serão tecidos algumas considerações críticas e reflexivas a que a presente pesquisa permitiu-nos apontar.
Sociolinguística
A Sociolinguística que é considerada uma área da Linguística, fixou-se como ciência em 1964, em um congresso organizado por Willian Bright na Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA). O objeto de estudo é a língua falada, observada, descrita e analisada em situações reais de uso, considerando o contexto social (ALKMIM, 2001).
Toda língua é constituída por variedades, tornando-se possível, dessa forma, analisá-la como sendo heterogênea. Alkmin (2001, p 31) diz que “língua e variação são inseparáveis”, e que a Sociolinguística não considera a variedade linguística como um problema, mas sim, como uma qualidade distintiva do fenômeno linguístico.
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