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OS GÊNEROS TEXTUAIS E A CRÔNICA - UMA PROPOSTA

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Por:   •  24/9/2014  •  2.675 Palavras (11 Páginas)  •  485 Visualizações

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OS GÊNEROS TEXTUAIS E A CRÔNICA – UMA PROPOSTA

Cibele Terezinha Louzada Pinto

RESUMO

Este artigo busca apresentar um referencial teórico-prático sobre a estrutura textual do gênero crônica, de forma a conhecer, identificar e caracterizar esse gênero. A partir de estudos acadêmicos realizados sobre gêneros textuais, são apresentados os referenciais teóricos sobre o tema e seus possíveis desdobramentos nas atividades práticas em sala de aula. O presente artigo propõe-se a caracterização do gênero e a apresentação de situações didáticas de aplicação em sala de aula, para os alunos dos últimos anos do ensino fundamental II.

Palavras-chaves: Gêneros textuais. Crônicas. Sequência didática.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo de nossa vida, juntamente com a aquisição da língua materna, desenvolvemos o que os teóricos chamam de competência sociocomunicativa. Mesmo que de forma intuitiva, percebemos que toda a nossa comunicação se faz por meio de textos e todo o texto, por sua vez se realiza em um gênero textual.

Dependendo da situação, dos nossos objetivos e do nosso interlocutor, definimos qual gênero será o mais adequado para a comunicação. Mas essa escolha não é livre, pois reflete hábitos culturalmente construídos e determinações históricas.

Num mundo letrado como o nosso, exige-se a identificação dos gêneros que devem acompanhar nossas relações sociocomunicativas, com o aprendizado sistematizado das regras da língua e da elaboração textual.

As dificuldades surgem porque nem todos os gêneros são construídos em situações tão facilmente identificáveis, como por exemplo, numa receita, uma conversa nas redes sociais, um diário ou uma carta pessoal.

Alguns textos, exigem que se respeite sua estrutura, não admitindo nenhuma alteração no seu formato, como por exemplo no caso de um requerimento. Não podemos modificá-lo, se quisermos ter a nossa solicitação atendida. Mas há outros gêneros que podem ter sua estrutura modificada e “misturada” a outros gêneros, tornando-os mais subjetivos e necessitando de uma leitura ou produção mais apurada e competente por parte do autor/leitor.

O gênero crônica, foco deste artigo, pode exibir essa característica da “mistura” com outros gêneros, trazendo ao trabalho pedagógico dificuldades na sua identificação, caracterização e consequentemente, a sua apreciação e frequência no cotidiano escolar.

Assim, o objetivo deste artigo é apresentar, além de um referencial teórico sobre os gêneros textuais, uma proposta de sequência didática desse gênero, para tornar suas características claras e bem definidas, com situações práticas de leitura, identificação, análise, interpretação, produção escrita e apreciação desse gênero.

2. OS GÊNEROS NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

No meio acadêmico, os gêneros e os tipos textuais já vinham há algum tempo sendo discutidos. A implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais trouxe essa preocupação para o ensino básico. Isso porque os parâmetros propõem o texto como unidade básica do trabalho com o ensino de Língua Portuguesa.

Durante muito tempo no ambiente escolar, os gêneros foram associados apenas à literatura, mas, com as propostas de trabalho dos PCNs, essa idéia foi ampliada e os gêneros são reconhecidos como unidades sociocomunicativas para qualquer finalidade de textos.

Segundo os PCNs a escola deve assumir o compromisso fundamental de garantir e organizar ações que possibilitem aos alunos o contato crítico e reflexivo com as práticas de linguagem,

“particularmente, a consideração das especificidades das situações de comunicação – os gêneros nos quais os discursos se organizarão e as restrições e possibilidades disso decorrentes; as finalidades colocadas; os possíveis conhecimentos compartilhados e não compartilhados pelos interlocutores coloca-se como aspecto fundamental a ser tematizado, dado que a possibilidade de o sujeito ter seu discurso legitimado passa por sua habilidade de organizá-lo adequadamente” ( PCN LP 2, p. 48)

Quando se refere ao processo de leitura dos textos escritos, tem entre seus objetivos que o aluno:

“leia, de maneira autônoma, textos de gêneros e temas com os quais tenha construído familiaridade ; selecionando procedimentos de leitura adequados a diferentes objetivos e interesses, e a características do gênero e suporte; desenvolvendo sua capacidade de construir um conjunto de expectativas (pressuposições antecipadoras dos sentidos, da forma e da função do texto), apoiando-se em seus conhecimentos prévios sobre gênero, suporte e universo temático, bem como sobre saliências textuais recursos gráficos, imagens, dados da própria obra (índice, prefácio etc.)” ( idem, p.50)

E nos processos de produção de textos escritos, que o aluno ”utilize com propriedade e desenvoltura os padrões da escrita em função das exigências do gênero e das condições de produção”. ( idem, p.51)

Antes de se aprofundar a questão do ensino de gêneros textuais na escola, há necessidade de se diferenciar discurso e texto. Segundo Brandão (2000),

“Por discurso, entendemos toda atividade comunicativa, produtora de sentidos, ou melhor, de efeitos de sentidos, entre interlocutores (sujeitos situados social e historicamente) nas suas relações interacionais.(...)O discurso se manifesta lingüisticamente por meio de textos. Isto é, o discurso se materializa sob a forma de texto. É por meio do texto que se pode entender o funcionamento do discurso.”

Assim, gêneros textuais definem-se por sua função social. São textos que se realizam por uma (ou mais de uma) razão determinada em uma situação comunicativa (um contexto) para promover uma interação específica. Trata-se de unidades definidas por seus conteúdos, suas propriedades funcionais, estilo e composição organizados em razão do objetivo que cumprem na situação comunicativa. Isso significa que, a cada vez que se produz um texto, o interlocutor seleciona um gênero, em função daquilo que deseja comunicar; do efeito que deseja produzir no outro; e da ação que deseja produzir no meio que está inserido.

O linguista russo Mikhail Bakhtin, evidencia isso com ao afirmar que:

“Aprendemos a moldar nossa fala às normas do gênero e, ao ouvir

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