Papel Do Letramento Na Escrita
Pesquisas Acadêmicas: Papel Do Letramento Na Escrita. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: SHEU • 1/10/2013 • 1.281 Palavras (6 Páginas) • 434 Visualizações
Qual o papel da escrita no filme “Central do Brasil”?
O gênero carta é apresentado no filme como um dos principais recursos comunicativos de parte das personagens, o que implica dizer que, na estação “Central do Brasil”, a escrita apresentada como meio (às vezes único) de interação social/familiar de pessoas que deixaram, geralmente no Nordeste, seus parentes, amigos, amores.
Como a escrita é focada?
Sendo as cartas o meio maior de comunicação, a escrita é focada no filme como símbolo de prestígio social e, portanto, de controle de algumas relações interativas. Isso pode ser constatado na dependência construída entre os viajantes da Central do Brasil, mormente analfabetos, e Dora, haja vista que ela detém o conhecimento do código linguístico escrito e funciona como único guia no mundo das letras, controlando assim o fluxo das informações, mensagens das pessoas que lhe solicitam o serviço de escrevente e leitora.
Quais elos de relações são estabelecidos através das cartas de Dora?
Na qualidade de leitora e escritora profissional, Dora tem acesso a histórias de retirantes que marcaram o fluxo migratório entre as regiões norte-nordeste e sul-sudeste do país. Mas não só isso. Pelo fato de exercer função social nas relações familiares dos seus solicitantes, Dora passa ocupar lugares além do âmbito de “contratação”, sendo, pois, integrada ao círculo das relações particulares, como a posição de confidente, amiga e, até mesmo, mãe, como no caso do menino Josué.
Tomando como base o poder da escrita no filme “Central do Brasil”, você como educador pode sugerir atividades para melhorar o trabalho da escrita na escola?
Atualmente, as discussões em Linguística, nos cursos de graduação e pós-graduação em Letras, direcionam-nos à ideia de que a língua não é um aglomerado de frases que, em si mesmo, resolve e explica todas as problemáticas resultantes do processo (humano) de simbolização/significação do real. A lingua(gem) é, portanto, compreendida como aberta, passível de mudança, de transformação em relação às influências do meio sociocultural onde é estruturada e, por conseguinte, às influências dos sujeitos desse meio.
Frutos da capacidade de linguagem, os textos deveriam (seguindo a lógica do raciocínio acima exposto) ser também compreendidos como constructos semióticos, cuja significação não se encerra na materialidade da palavra (escrita ou falada), isto é, compreendidos como lugares de interação.
Sucede, entretanto, que a tradição gramatical tenta transmitir a ideia de texto como um produto acabado, que revela uma mensagem (ou “a mensagem”) à revelia dos sujeitos, os quais são entendidos como meros decodificadores.
Partindo duma visão dialógica, a Linguística textual vem apresentar conclusões que afirmam justamente o contrário: textos são constructos de, vale ressaltar, sujeitos históricos e dialógicos. A rígida dicotomia leitor/autor é, pois, insustentável. No momento de contato com o texto, o indivíduo que ora lê produz um sentido (ou sentidos) a partir duma busca no seu conhecimento de mundo, mas não só isso. Há também uma confrontação de ideias, ativação de modelos cognitivos, gêneros de discurso e respectivas funções sociais latentes.
Chega-se, então, à premissa de que não funcionamos linguisticamente por imposição de modelos de comunicação, mas por construção e interação de modelos. É nesse ponto que a Linguística textual e, até certa medida a Filosofia da Linguagem, entre na questão dos gêneros do discurso.
Dentro dessa perspectiva, Bueno (2009) toma como ponto de partida e fundamentação as considerações de Bakhtin quanto ao conceito de gênero do discurso, o qual é entendido como “um enunciado estável”, socialmente construído, pelo qual moldamos e materializamos as ideias na forma de linguagem.
Por conta de essa forma de linguagem em uso ser essencialmente trabalhada por meio de gêneros, Bueno (2009) acredita que seja através deles que o ensino de língua portuguesa e literatura possa ser efetuado de modo interativo, produtivo e sócio-discursivamente eficaz. Como subsídio teórico para conceber os estudos da linguagem a partir dos gêneros do discurso, a autora busca investigar, à guisa também das considerações de Bronckart, as dimensões ensináveis dos gêneros, a saber, os contextos de produção, as temáticas/conteúdos próprios, as peculiaridades linguísticas.
Essa proposta é, segundo a autora, uma montagem duma sequência didática, cujo fim é gerar, nos alunos, uma consciência de aplicabilidade dos conteúdos gramaticais em lugares textuais de uma real situação comunicativa. Tal sequência funcionaria pela obtenção de uma produção textual construída a partir de etapas que favoreçam a experienciação dos alunos com o fluxo de informação adquirido em sala. De acordo com a linguista, a carta ao leitor, por ser abrangente, tanto no formato quanto nas possíveis temáticas, aos diversos públicos sociais, é considerada o gênero textual bastante adequado ao ambiente da escola, pois, ao desenvolvê-lo o educando partiria de um molde de linguagem já familiar de sua experiência comunicativa para apreender e reflexionar questões às vezes distantes de sua realidade prática.
Em Gêneros Textuais: reflexões e ensino, Sacchetto (2008) et.
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