Poem Pneumotorax
Resenha: Poem Pneumotorax. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Alexandresk • 13/4/2014 • Resenha • 358 Palavras (2 Páginas) • 812 Visualizações
Alimentando sempre a esperança de cura, mesmo nos períodos mais dolorosos de sua vida o poeta jamais se deixou assaltar pelo sentido do puramente trágico. Muito pelo contrário: ele desenvolveu uma extraordinária produção poética, reestruturando a sua identidade e empreendendo, assim, uma forma de diálogo com o mundo circundante, sem faltar nela o bom humor. O seu poema Pneumotórax é bastante elucidativo neste sentido.
Em 1954, Manuel Bandeira revela ao mundo a disciplina que foi obrigado a seguir nos treze primeiros anos de tratamento da tuberculose, bem como o esforço que teve de despender para poder associar alguma produtividade com a utilização de suas forças físicas. Muitos autores afirmam, neste sentido, que a presença da ironia em seus poemas deveu-se à convivência diária do autor com o pesadelo da morte.
Foi enfrentando diariamente a tuberculose, e lutando com todas as forças para viver, que o consagrado poeta - sem nunca deixar de ser sentimental - construiu toda a sua produção literária. O seu legado ao povo brasileiro representa o milagre e a vitória da saúde sobre a doença e da vida sobre a morte. Morreu aos 82 anos de idade sem nunca se deixar abater,
PNEUMOTÓRAX
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
- Respire.
- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
COMENTÁRIOS
O poema Pneumotórax apresenta um tema autobiográfico num tom coloquial e irônico. O segundo verso pode ser considerado como síntese da vida do poeta.
Vemos a presença de um humor absurdo diante da morte sem remédio, poema-piada típico do modernismo.
Na primeira parte relembrando seu lado simbolista é sugerido pelos fonemas b-p-t-d- um som da tosse intensificado pela onomatopeia tosse, tosse, tosse. Na segunda parte, a linha pontilhada marca uma quebra tanto na narrativa como na respiração. Na terceira e última parte, observamos um eufemismo para desenganar o paciente. .
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