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Queda do ditongo oral crescente

Por:   •  5/12/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.661 Palavras (7 Páginas)  •  361 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, PORTUGUÊS E LÍNGUAS CLÁSSICAS

Bárbara Araújo Lara

Janaína Ribeiro

MONOTONGAÇÃO DO DITONGO DECRESCENTE NA FALA DOS BRASILEIROS

Brasília, 21 de junho de 2016

Bárbara Araújo Lara

Janaína Ribeiro

                    Monotongação do ditongo decrescente na fala dos brasileiros

Trabalho de pesquisa apresentado à Universidade de Brasília como um dos pré-requisitos para conclusão da disciplina Sociolinguística do Português do Brasil.

ORIENTADORA

Professora Dra. Ulisdete Rodrigues

Brasília, 21 de junho de 2016

Sumário

SUMÁRIO

I.   INTRODUÇÃO............................................................................................pg 3

II.  METODOLOGIA.....................................................................................pg 4

III. ANÁLISE DE DADOS...........................................................................pg 6

IV. FUNDAMENTOS TEÓRICOS.................................................................pg 8

V.CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................pg 10

BIBLIOGRAFIA......................................................................................... pg 11

Introdução

Quando você diz “queijo”, “ouro”, “peixe” ou “touro”, já percebeu que na verdade você diz “quejo”, “oro”, “pexe” e “toro”? A verdade é que poucas pessoas pronunciam a semivogal ao falar palavras com ditongo oral decrescente. Mas há algumas explicações que podem justi¬ficar essa situação, que continua apenas na escrita, já que são situações de produção linguística distintas neste caso.

A língua portuguesa, assim como qualquer idioma, é passível de mudanças, sejam ocasionadas por restrições linguísticas, sejam ocasionadas por restrições não linguísticas ou até sob a influência dos dois tipos de restrições. Tais mudanças são percebidas na fala espontânea há muito tempo e parte delas tem sido justi¬ficada por processos diacrônicos e respaldada em modelos teóricos mais recentes. Uma dessas mudanças se refere à realização dos ditongos decrescentes. A queda desses ditongos é muito forte e muito comum no  dia a dia. A partir desse trabalho, podemos  lançar as seguintes questões: essa queda tem a ver com a idade? A formação acadêmica? Tem alguma hierarquia envolvida nisso? Tem a ver com regiões ou situações em que as pessoas se encontram?

Em “A estrutura da Língua portuguesa”, Joaquim Mattoso Câmara Jr, faz algumas citações, onde ele diz que a língua varia no espaço, criando no seu territóro o conceito de dialetos regionais. Também varia na hierarquia social, estabelecendo o que hoje se chama os dialetos sociais. Varia ainda, para um mesmo indivíduo, conforme a situação em que se acha.   De acordo com essas afirmações, os dialetos mudam de acordo com região, idade, hierarquia social e etc. Mas será que isso se aplica também na queda dos ditongos orais decrescentes? Veremos isso em nossas pesquisas feitas, baseadas em pessoas de diversas idades, classes sociais,  formação acadêmica e principalmente de regiões diferentes. Trabalhamos com pessoas de Recife, Fortaleza, Natal , Unaí - MG e Brasília.

A outra questão que fica, é que por essa queda ser muito presente em quase todas as falas, é possível que esses ditongos, estejam com os dias contados?

Metodologia

Durante esse tempo, percebemos que a queda do ditongo oral decrescente é muito comum em todos os brasileiros. A partir disso, resolvemos analisar em quais regiões do Brasil isso acontece mais, e também relevamos a questão do falar espontâneo brasileiro.

Para comparar a questão da regionalidade, nós, que temos família em diversos lugares do Brasil, pedimos que nossos familiares e amigos nos mandassem áudios pelo celular, dizendo algumas frases que introduzimos palavras com os ditongos “ei” e “ou”. Também analisamos áudios espontâneos que essas pessoas nos enviavam, para sabermos se a queda ocorria mais nos áudios espontâneos do que nos áudios “robotizados” e com que freqüência esse ditongo sumia.

Uma coisa interessante, foi que em quase todas as análises, o ditongo “ei” não sumia no final das palavras, mas no meio delas, sim. A palavra “peixe” por exemplo, virou “pexe”, mas a palavra almocei, continuou com sua sonoridade intacta comparada à escrita. Já o ditongo “ou”, independente da sua posição na palavra, sempre é perdido quando falamos espontaneamente. “chegou” vira “chegô” e “pouco” vira poco.

Observamos também, nossa própria fala, e a das pessoas de nosso convívio. Eu analisei minha mãe e a Janaína analisou o marido dela. Nada diferente na fala da minha mãe, ocorreram todas as quedas possíveis. Talvez essas quedas sirvam para facilitar a fala e para que ela fique mais rápida e flua melhor. Já o marido da minha colega, que tem o nome de Aires, não deixa cair um ditongo sequer. Observando –o pensamos que talvez essa queda não ocorra na fala dele, porque o nome dele possui ditongo oral decrescente, e ele exercita isso desde quando aprendeu a falar. Seria essa queda então, um vício de linguagem brasileiro? De todas as pessoas que foram analisadas, apenas com uma não aconteceu a monotongação. Se toda língua é passível de mudanças, podemos estar caminhando para a extinção do ditongo oral decrescente.

“ Os segmentos [w] e [y] são tidos também como sons intermediários, pois participam tanto da natureza das vogais como na constituição das consoantes. Nesse caso,  em vez de ser o centro da sílaba, a vogal fica numa de suas margens (aclive/declive), conforme as consoantes. Do ponto de vista fonético, apresentam, simultaneamente, traços distintivos [- vocálico, - consonantal]. Em virtude dessas e de outras particularidades, observa-se que, mesmo em língua padrão, transita-se muito facilmente da ditongação à monotongação. Casos como /ou/ pronunciado como /ô/, tal como em “falô, comprô, levo” são muito frequentes, independentemente do nível de escolaridade. O índice é cada vez maior quanto mais nova for a faixa etária, mostram as pesquisas Situações como /ei/ pronunciado como /ê/, como ocorre em “pexe, fexe e amexa”,  também são muito usuais. Ocorre, ainda, a sequência /ai/ pronunciada como /a/ em palavras como “caxa, faxa, baxa”.  Essas situações nos mostram que os ditongos decrescentes estão em pleno processo de extinção.  Na realidade, todas as línguas são passíveis de mudanças. Essa é apenas uma delas.” (Glória Dias- literatura e linguística)

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