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RESUMO - MANUAL DE LINGUÍSTICA

Por:   •  10/6/2020  •  Resenha  •  26.710 Palavras (107 Páginas)  •  1.267 Visualizações

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RESUMO

MANUAL DE LINGUÍSTICA

MARTELOTTA, M. E. (Org.). Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2013.

PARTE I – LINGUÍSTICA E LINGUAGEM

1 LINGUÍSTICA (Angélica Furtado da Cunha, Marcos Antônio Costa e M. E. Martelotta)

1.1 CONCEITUAÇÃO

  • Conceito de Linguística: O QUE É LINGUAGEM?

Linguagem e língua

  • Para o senso comum: Linguagem refere-se a um processo de comunicação (linguagem corporal, linguagem dos animais, linguagem escrita, etc.).

  • Para os linguistas: Linguagem é uma habilidade, a capacidade que os seres humanos possuem para se comunicar por meio de línguas. Língua é definida como um sistema de signos vocais (além da língua de sinais, que é visual) utilizado por um grupo social.
  • Linguistas estudam a linguagem não só observando as estruturas de línguas naturais, mas também os processos que acarretam em comunicação.
  • A Linguística possuem várias escolas teóricas com pensamentos diferentes sobre o fenômeno da Linguagem.
  • CARACTERÍSTICAS da CAPACIDADE DE LINGUAGEM:
  1. TÉCNICA ARTICULATÓRIA COMPLEXA: movimentos corporais para a produção dos sons da fala que apenas humanos conseguem realizar.
  1. BASE NEUROLÓGICA (centros nervosos utilizados na comunicação verbal): lesões ou traumatismos em determinadas áreas do cérebro provocam problemas na linguagem (NEOROLINGUÍSTICA – cérebro/mente/linguagem). Ou seja, o funcionamento da linguagem está ligado a uma estrutura biológica que o veicula.
  1. BASE COGNITIVA (representação em termos linguísticos): funcionamento mental, que são os processos que nos fazem entender a realidade que nos cerca, guardar as informações na memória, e transmiti-las através da comunicação (COGNIÇÃO). Na hipótese do relativismo linguístico (Sapir e Whorf, início do séc.XX), por exemplo, a linguagem determina a percepção e o pensamento de um povo; tal hipótese foi criticada pelo Gerativismo de Chomsky, tendo a visão de que o pensamento possui uma organização interna universal, porém foi retomada com os linguistas sociocognitivistas.
  1. BASE SOCIOCULTURAL (aspectos variáveis no tempo e no espaço): as línguas variam de acordo com os fenômenos socioculturais, pela vontade que os indivíduos têm de usá-la de acordo com o contexto que está e em função da necessidade de deixar expressões no passado e criar outras com o avanço da sociedade de forma geral.
  1. BASE COMUNICATIVA (dados reguladores da interação): modificações e aspectos linguísticos na forma de falar por motivações de interação comunicativa, como por exemplo, o caso do acréscimo do segundo “não” na negativa dupla “Não quero isso, não/Num quero isso, não”, por o primeiro “não” ser fraco foneticamente, podendo perder o sentido da frase como um todo.

1.2 A LINGUÍSTICA COMO ESTUDO CIENTÍFICO

  • É necessária a construção de uma teoria geral sobre a estrutura e o funcionamento da linguagem para ser ciência.

  • O linguista procura sistematizar observações sobre a linguagem relacionando isso com a teoria criada, criando métodos para a descrição das línguas.
  • REQUISITOS:
  1. TEM QUE TER UM OBJETO DE ESTUDO PRÓPRIO: a capacidade da linguagem (observada em enunciados falados e escritos).
  1. TEM QUE SER EMPÍRICA: sem especulação ou intuição, mas com observação e experiência.
  • LINGUÍSTICA: CIÊNCIA DESCRITIVA, ANALÍTICA, NÃO PRESCRITIVA.
  • A Linguística respeita qualquer tipo de variação de uma língua, seja de PRONÚNCIA (falar/falá, bicicleta/bicicreta), de VOCABULÁRIO (aipim/macaxeira, abóbora/jerimum) ou de SINTAXE (casa de Paulo/casa do Paulo).
  • Apesar de estudar também a língua escrita, a língua falada é um interesse especial dessa ciência por ser manifestada de forma mais natural.
  • Portanto, a LINGUÍSTICA é uma ciência que tem como objeto de estudo a linguagem humana através da observação de sua manifestação (oral, escrita ou gestual).
  • OBJETIVO: depreender os princípios que regem a capacidade humana de expressão por meio de línguas.
  • MÉTODO: análises de como as línguas se estruturam e funcionam.
  • PROCEDIMENTO: investigação de diferentes aspectos das diversas línguas do mundo.
  • QUESTÕES: o que há de universal e inato? o que há de cultural e adquirido?, etc.
  • TAREFAS PRINCIPAIS DA CIÊNCIA:
  1. Estudo das línguas particulares como um fim em si mesmo para produzir descrições adequadas de cada uma;
  1. Estudo das línguas para obter informações sobre a natureza da linguagem de modo geral.

Linguística e sua relação com outras ciências

  • Antes do século XX, o estudo da linguagem estava subordinado a outras áreas, como investigações da Filosofia através da Lógica.

  • No início do século XX, com a publicação de Curso de linguística geral (Ferdinand de Saussure) os estudiosos da linguagem utilizaram uma metodologia adequada. Esse foi o marco inicial da Linguística Moderna.
  • DUAS FACES DA RELAÇÃO ENTRE LINGUÍSTICA E OUTRAS CIÊNCIAS:
  1. RELAÇÃO DE INTERFACE: ciências que não tem a linguagem como objeto de estudo específico, mas que faz parte de alguns aspectos do objeto de estudo delas (sociologia, filosofia, psicologia).
  1. RELAÇÃO DE PROXIMIDADE E SEMELHANÇA: ciências que estudam exclusivamente a linguagem, mas que diferem na concepção de natureza dela, no foco de seus aspectos, nos objetivos e nas metodologias que adotam (gramática tradicional, filologia, semiologia).
  • LINGUÍSTICA E SEMIOLOGIA:

 

  • SEMIOLOGIA: Ciência geral dos signos. Além de se interessar pela linguagem verbal humana, interessa-se também por qualquer sistema de signos naturais (fumaça é sinal de fogo, nuvens escuras é sinal de chuva, etc.) ou signos culturais (sinais de trânsito, gestos, formas de dança, etc.).

  • Para Saussure, a LINGUÍSTICA seria um ramo da SEMIOLOGIA, apresentando um caráter específico, pelo interesse na linguagem verbal. Mas na prática, a SEMIOLOGIA desenvolve-se separadamente, por causa do trabalho de não linguistas.

  • LINGUÍSTICA: estuda a linguagem verbal.
  • SEMIOLOGIA: interessa-se por todas as formas de linguagem.
  • LINGUÍSTICA E FILOLOGIA:
  • FILOLOGIA: Ciência histórica. Ela se ocupa do estudo de civilizações passadas com a observação de textos escritos que nos deixaram, interpretando-os, comentando-os, fixando-os e estabelecendo ao leitor o processo de transmissão textual. Estudo sincrônico.
  • A FILOLOGIA é identificada com a Linguística Histórica (cujo objetivo é o estudo comparativo entre línguas) para alguns autores. Seu campo é restrito ao estudo do texto escrito.
  • O objetivo da FILOLOGIA é interpretar e comentar textos antigos para fornecer informações necessárias para sua compreensão. Além de aspectos linguísticos, ele observa aspectos não linguísticos, como ilustrações, etc. Busca levantar o contexto em que o texto foi produzido.
  • LINGUÍSTICA E GRAMÁTICA TRADICIONAL:
  • DIFERENÇA 1: A GT é essencialmente normativa, enquanto que a LINGUÍSTICA não, pois não prescreve regras de uso para esses sistemas. Os linguistas estão interessados no que é dito, não no que alguns acham que deveria ser dito. Os critérios de correção não são linguísticos, mas decorrem de pressões políticas e/ou socioculturais. Para os linguistas não há certo ou errado, mas sim adequado e inadequado.
  • DIFERENÇA 2: Diferentemente da GT, os linguistas consideram a língua falada, e não a escrita, como primária. Eles olham primeiro para a fala antes da escrita, distinguindo-os em sistemas que devem ser analisados separadamente: a fala primeiro, depois a escrita.

1.3 APLICAÇÕES

  • A LINGUÍSTICA não é uma área homogênea, pois possui muitas noções e orientações teóricas em competição.
  • LINGUÍSTICA APLICADA: termo que surgiu na década de 50 do século passado, tem sua área voltada para o ensino de línguas. Sendo assim, ela é uma abordagem multidisciplinar para a solução de problemas associados à linguagem.

  • Diferentemente da grande área, a LA não está preocupada em descrever a linguagem em si mesma, mas busca conhecimento de outras áreas das ciências sociais (antropologia, teoria da educação, psicologia, sociologia da aprendizagem...), sendo um campo interdisciplinar.
  • No Brasil, a LA surgiu, nos anos 60, quando prevalecia nela o sentido de aplicação de teoria linguística. Entretanto, após a metade dos anos 80, a visão de LA se ampliou para a investigação sobre questões de linguagem colocadas na prática social. (MOITA LOPES, 2006).

2 FUNÇÕES DA LINGUAGEM (M. E. Martelotta)

  • A linguagem possui diferentes funções que tem relação com o comportamento dos indivíduos numa sociedade que vão além da transmissão de informações. Como delimitar que funções são essas?

2.1 AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM SEGUNDO JAKOBSON

  • ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA COMUNICAÇÃO:

[pic 1]

  • Uma MENSAGEM eficaz requer:

  1. CONTEXTO: Conjunto de conhecimentos (informações), como frases ditas anteriormente (contexto linguístico), tipo de relação entre os interlocutores (situação extralinguística), além de elementos relacionados ao momento da produção da mensagem e/ou dados referentes ao conhecimento do assunto proferido.
  1. CÓDIGO (conhecido por ambos): Conjunto de sinais ou signos convencionados que promovem comunicação, como as línguas faladas e escritas no mundo (português, italiano, inglês, etc.), a língua de sinais, painéis de sinalização de trânsito, entre outros.
  1. CONTATO (ou canal físico): Meio pelo qual é transmitida a mensagem. Em caso de comunicação verbal o ar é o canal transmissor; no caso de comunicação a distância o telefone, as frequências de rádio, email, etc.
  • A COMUNICAÇÃO é uma atividade cooperativa! Deve haver um interesse para criar uma conexão psicológica entre os participantes dela.
  • AS 6 FUNÇÕES DA LINGUAGEM:
  1. FUNÇÃO REFERENCIAL: Transmissão de informações do remetente ao destinatário. Centrada no CONTEXTO. Exemplo: notícias de jornal.
  1. FUNÇÃO EMOTIVA: Demonstração da emoção do remetente na sua mensagem. Centrada no REMETENTE. Exemplos: quando alguém se machuca e profere um palavrão; optar por dizer “o canalha abandonou o lar” ao invés de “ele saiu de casa”.
  1. FUNÇÃO CONATIVA: Influência no comportamento do destinatário. Centrada no DESTINATÁRIO. Exemplo: propaganda, que tem a função de persuadir o público.
  1. FUNÇÃO FÁTICA: Início, prolongamento ou término de uma comunicação. Centrada no CANAL. Exemplo: a utilização do termo “alô” para indicar que estamos na escuta.
  1. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA: Uso da linguagem para se referir a ela mesma. Centrada no CÓDIGO e se justifica pelos humanos usarem a linguagem não só para se referir à realidade, mas a aspectos relacionados ao código que está usando. Exemplo: o dicionário.
  1. FUNÇÃO POÉTICA: Projeção do eixo da seleção sobre o eixo da combinação dos elementos linguísticos. Centrada na MENSAGEM: enfoque nela e na sua forma.
  • SELEÇÃO E COMBINAÇÃO POR JAKOBSON:
  • SELEÇÃO: realizada pelo falante, de cunho psicológico e que não se apresenta na superfície da frase.
  • COMBINAÇÃO: realizada pelo falante que, de acordo com as regras de sua língua, combina as palavras para dar sentido ao enunciado, apresentando-se na superfície da frase.
  • A FUNÇÃO POÉTICA não está presente apenas em textos literários, pois ela pode ser encontrada em ditados populares, slogans, etc.

3 DUPLA ARTICULAÇÃO (M. E. Martelotta)

  • A linguagem humana é articulada, o que difere esse tipo de comunicação da dos animais.

3.1 A NOÇÃO DE ARTICULAÇÃO

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