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ROMANTICISMO E REALISMO NA LITERATURA DE PORTUGAL

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Por:   •  5/10/2014  •  Artigo  •  1.072 Palavras (5 Páginas)  •  390 Visualizações

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A questão do herói romântico em

Eurico, o presbítero

de Alexandre Herculano

DISCIPLINA:

ROMANTISMO E REALISMO NA LITERATURA PORTUGUESA

O romance Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano, narra a história do amor impossível entre Eurico, guerreiro do exército visigótico, e Hermengarda, filha do Duque de Fávila. A ação da trama se passa no século VIII, quando a Península Ibérica ainda está em seu processo de constituição política e territorial e, por isso, paralelamente à narrativa amorosa, reproduz o ambiente das batalhas pela conquista do território que antecederam à formação de Espanha e Portugal.

Eurico, jovem de origem humilde, depois de vencer uma batalha contra os francos, pede ao Duque a mão da jovem Hermengarda. O Duque de Fávila, por conhecer a origem do guerreiro, nega-lhe o casamento com a filha. Movido pela desilusão amorosa, Eurico decide abandonar o Exército e engaja-se na vida religiosa, uma vez que não encontra outra razão para viver que não seja o amor da amada. No entanto, volta a lutar pela soberania do território, quando a península é invadida pelos árabes. Transforma-se, então, no Cavaleiro Negro que, mesmo perdendo essa batalha, é admirado por todos. Hermengarda é raptada pelos árabes e é salva pelo Cavaleiro Negro, que revela sua identidade a ela na gruta de Cavalonga, onde a jovem lhe declara seu amor. Dividido entre o amor e o compromisso com a religião, Eurico opta pela Igreja, levando Hermengarda à loucura. Com isso, Eurico, que não consegue mais encontrar uma razão para viver, parte para um último combate contra os árabes, na intenção de morrer.

Conforme se pode perceber por esse breve resumo, a constituição do protagonista masculino em Eurico, o presbítero acontece em acordo com a convenção romântica do herói. Eurico apresenta várias características físicas e morais que o aproximam do ideal, num procedimento estilístico-narrativo típico do Romantismo.

O primeiro indício da constituição heróica da personagem está na própria construção do ambiente em que a narrativa se passa. A primeira geração romântica portuguesa – à qual pertence o autor e em que está localizada, cronologicamente, a elaboração do romance – caracteriza-se pela retomada da história de Portugal, numa atitude de absoluto ufanismo. É intenção da maior parte dos autores da geração nacionalista/histórica revisitar os principais episódios da formação do povo português, numa perspectiva idealizante, a fim de reavivar certo orgulho das origens lusitanas. Por isso, a maior parte das narrativas dessa geração tem como cenário a Idade Média, com todos os seus conceitos e procedimentos morais. Para corresponder a esse contexto, o protagonista deve comportar-se de maneira irrepreensível, em que as obrigações morais não se deixem superar por impulsos e desejos, como faz Eurico, ao final da trama.

Outro sinal característico de que Eurico se constitui num herói romântico está nas opções que faz ao conduzir sua vida. Mesmo sendo de origem humilde, o herói adquire sua nobreza com ações corajosas e valorosas, como lutar pela soberania de Espanha, a cujo rei está subordinado. Assim, se não tem poder econômico, nem por isso Eurico é menos nobre em seu caráter e em suas decisões. Tal atitude narrativa pode ser vista como idealização da realidade, já que, na prática, iam à guerra, como soldados e subordinados, os jovens de origem humilde, independente de sua nobreza de caráter.

O sofrimento provocado pela desilusão amorosa, quando o Duque de Fávila nega a Eurico a mão de Hermengarda em casamento, também pode ser visto como índice do heroísmo romântico do protagonista. Eurico é capaz de matar e destruir, em nome da causa por que luta, mas não resiste aos encantos da bela Hermengarda, por quem sofre incessantemente, uma vez que, mesmo convertendo-se ao monastério, além de fazê-lo em função do sofrimento, não deixa de pensar em sua amada. Logo, tanto a luta quanto o amor, nesse romance, estão a serviço da demonstração da nobreza de caráter de Eurico.

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