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Resenha Crítica: Primeira Palestra - Linguagem e Mente

Por:   •  30/5/2018  •  Resenha  •  1.235 Palavras (5 Páginas)  •  1.939 Visualizações

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1º/2018

Resenha Crítica

CHOMSKY, N. Primeira Palestra. In: Linguagem e Mente. Brasília: Ed. UnB, 1998.

Avram Noam Chomsky nasceu na Filadélfia, em 7 de dezembro de 1928, e atua como linguista, filósofo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político norte-americano. É considerado em âmbito acadêmico o pai da linguística moderna. Chomsky é professor emérito no Departamento de Linguística e Filosofia no Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) e seu nome é associado à criação da Gramática Gerativa Transformacional, que como outros de seus trabalhos se vale de uma abordagem lógica e matemática dos fenômenos da linguagem.

No capítulo Primeira Palestra do livro Linguagem e Mente, elaborado a partir de uma palestra ministrada por Chomsky na Universidade de Brasília (UnB) em 1996, o autor aborda a história longínqua da ciência que investiga a linguagem humana, que remonta à Índia e Grécia clássica, destacando que esse fascínio pela linguagem se dá devido a esse traço ser específico da raça humana, não havendo o mesmo tipo de capacidade comunicativa em nenhuma outra espécie. Aponta, ainda, que a linguagem é essencial na vida dos humanos por estar ligada a elementos fundamentais das sociedades, como a cultura.

Quando começa a introduzir os conceitos básicos da teoria gerativista, o linguista expõe que a linguagem humana se baseia em uma propriedade elementar biologicamente isolada: a infinidade discreta. Para ilustrar, ele dá exemplos que tornam o conceito fácil de compreender, como o que diz que uma criança em fase de aquisição da linguagem tem plena consciência de que existem sentenças de 3 e 4 palavras, mas não existem sentenças de 3 palavras e meia. Esse conhecimento, que pode ser considerado inato, chega até nós pela “mão original da natureza, segundo a expressão de David Hume, sendo parte de nosso dote biológico. Desse modo, ele expõe que é razoável considerar a faculdade da linguagem como um “órgão da linguagem”, que apesar de não ser fenotipicamente expresso, assume uma função específica como o pulmão ou coração. Assim, o estudo da faculdade da linguagem considera a capacidade linguística humana como um subsistema que é parte de uma estrutura mais complexa.

Sendo considerada como um órgão, entende-se que a linguagem é expressa por genes, fazendo-se um mistério para investigação a forma como isso ocorre, mas pode-se investigar de outras maneiras o “estado inicial”, geneticamente determinado, da faculdade de linguagem. Toda língua é o resultado da atuação recíproca de dois fatores: o estado inicial - inato - e o curso da experiência. Esse estado inicial pode ser imaginado como um “dispositivo de aquisição de língua”, que toma o que é apreendido pela criança como “dado de entrada” (input) e fornece a língua como dado de saída (output), sendo esse dado de saída internamente representado e armazenado na mente/cérebro. Assim, há fortes razões para se acreditar que o estado inicial da linguagem é comum à espécie, uma criança jovem é capaz de adquirir qualquer língua a qual for exposta, implicando que esse estado inicial compartilhado pela espécie tem de ser bastante complexo para produzir qualquer língua, mas não tão complexo a ponto de excluir alguma língua que os humanos possam atingir.  Essa vertente puramente internalista abordada por Chomsky preocupa-se com a faculdade de linguagem: seu estado inicial e os estados que ela assume. Para ilustrar, ele exemplifica a seguinte situação: supõe-se que o órgão de linguagem de Pedro esteja no estado L, então pode-se imaginar L como a língua de Pedro. A definição de língua utilizada pelo autor adquire essa configuração, sendo a língua “o modo como falamos e compreendemos”. A teoria da língua de Pedro, que determina um leque infinito de expressões, “gerando” as expressões da língua dele, é chamada de “gramática” de sua língua, sua gramática particular, e a teoria do estado inicial da faculdade de linguagem é chamada “gramática universal”.

O conjunto dessas gramáticas, denominado gramática gerativa, surgiu no contexto da perspectiva cognitiva, que vê o comportamento e seus produtos não como o objeto de investigação, mas como dados que podem fornecer evidências sobre os mecanismos internos da mente e os modos como esses mecanismos operam ao executar ações e interpretar a experiência. Mais adiante, quando Chomsky fala sobre as tentativas de executar o programa da gramática gerativa, ele expõe que a conclusão obtida foi de que as propriedades básicas das línguas particulares e da faculdade geral de linguagem são inconscientemente pressupostas por toda parte, sem serem reconhecidas nem serem expressas, sendo a capacidade de linguagem um traço quase automático nos seres humanos, sendo a aquisição de língua muito parecida com o crescimento dos órgãos em geral - acontece de forma independente da vontade ou sem que a pessoa tenha que se preocupar em fazer.

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