Resenha - Iracema

Iracema

Iracema é a típica obra literária adornada por uma grande história de amor, no caso a de uma índia tabajara (Iracema) com um português (Martin). A história nos apresenta que por diversos motivos, sendo um dos principais a questão de Iracema ter como pretendente Itapuã, os dois protagonistas citados anteriormente resolvem fugir. Nessa fuga Iracema e Martin recebem a ajuda de Poti, da tribo dos Ptiguaras, que os abriga em sua tribo, fato que deixou Iracema muito entristecida, mas que aos poucos foi capaz de superar a distancia de sua família.

O tempo vai passando e aquela paixão vai dando lugar a saudade, por parte de Martin, de sua terra, sentimento que o deixava cabisbaixo. Iracema neste momento está grávida e sofre muito com a tristeza de seu amado. Ele então parte para rever seu povo, ao saber de sua ausência, o irmão de Iracema, Caubí, vai visita-la e mostra que a perdoou pelo fato de ter abandonado sua tribo.

Com esse tempo que se passou o pajé dos tabajaras Araquém, pai de Iracema, está muito velho e doente devido a ausência de sua filha querida. Sem a presença de Martin, literalmente sozinha, Iracema dá a luz a Moacir. Martin por coincidência volta para ver a esposa e a encontra muito fraca, assim Iracema entrega Moacir a Martin e morre ali. É enterrada embaixo de uma palmeira às margens de um rio, o qual depois de um tempo seria chamado de Ceará, o dando nome também ao lugar banhado pelo mesmo.

Nessa história se a estudarmos a fundo encontraremos algo que ainda hoje é muito presente em nossa sociedade, o preconceito. José de Alencar, o escritor da obra que foi publicada em 1865, trouxe aspectos em seu contexto que vivem até os dias atuais, ele foi capaz de eternizar suas ideias. O preconceito como dito anteriormente é claro na obra, pois jamais seria permitido o amor de uma índia por um homem branco, ainda que nos dias atuais aparente não existir, o preconceito ainda existe. Quando se trata do amor entre pessoas do mesmo sexo, com classes sociais diferentes, de idades diferentes, enfim, é possível sim enxerga-lo pelas ruas desta vida.

Outro fato interessante dessa obra é o do autor criar a imagem de um herói totalmente diferente do que se era imaginado. Ele usa a figura do índio como símbolo do heroísmo, engrandece Iracema como a índia dos lábios de mel, como aquela que vai expressar toda a essência do conto, sendo a percursora de muitos acontecimentos da história. O inusitado a edifica, nos fazendo imaginar que em cada linha da lenda teremos uma surpresa, pois o autor foi muito distinto em diversos aspectos, provocando o interesse e prendendo a atenção do leitor.

Em minha opinião essa é uma das melhores obras literárias que o Brasil tem em sua bagagem, pois além de fazer alusão a uma época de conquistas territoriais, de contato entre brancos e índios, a cultura expressa em seu meio é fantástica, o conteúdo apresentado é muito abrangente, possibilitando a transportação de conhecimento a quem ousar, de forma positiva, embarcar nesse romance indianista.

Para concluir, esta obra gerou um sentimento nacionalista muito interessante, algo que outrora eu não via como válido, se enraizou em minha mente me fazendo mudar de conceito. Acredito que hoje, após ler essa obra, de viajar nas distintas possibilidades de enxerga-la, minha concepção de escritores brasileiros mudou,