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Resenha Michelet

Por:   •  28/11/2018  •  Resenha  •  635 Palavras (3 Páginas)  •  224 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE LETRAS

LET A22 – LITERATURA PORTUGUESA E O IMAGINÁRIO BRASILEIRO

DISCENTE: Nathália Costa Soares Barbosa

Semestre 2015.2

Resenha Crítica: A Feiticeira de Jules Michelet

                

Jules Michelet, através da obra A Feiticeira, traçou importantíssimas considerações numa análise profunda da condição feminina durante a Idade Média. A obra foi publicada em 1862, mas a forma como o tema é abordado leva à reflexão sobre a realidade da mulher contemporânea durante toda a leitura.

Numa tal indistinção, a mulher era muito pouco preservada. O seu lugar não era elevado. Se a Virgem, mulher ideal, se elevava de século em século, a mulher real contava muito pouco entre essa massa rústica, mistura de homens e de rebanhos. (MICHELET, 2003, p. 43)

Sofrendo total influência imposta pela Igreja, a sociedade medieval não deu espaço em nenhum momento para a criatura feminina se expressar em sua natural individualidade humana. A mulher ideal era aquela que se moldava à forma da Virgem representada nas escrituras bíblicas. Hoje em dia, semelhante à idade das trevas, diversos grupos – alguns deles ainda que não religiosos, mas igualmente influenciados – ditam a forma com que a mulher deveria ser.

Pagaram-lhes em torturas e fogueiras. Reservaram-lhes suplícios próprios; inventaram-lhe dores. Julgavam-nas em massa, condenavam-nas por uma palavra. (MICHELET, 2003, p. 14)

Aquelas que, muitas vezes sem nenhum motivo aparente, iam contra a Igreja, eram condenadas a torturas e morte. Foi um período sem lei, em que a inveja de uma mulher, a palavra de um homem ou a vontade de um clérigo, tirava a pureza da pobre alma de uma filha da natureza e a acusavam de ir contra Deus e vender sua própria alma ao diabo.

Nota-se que em certas épocas, só por essa palavra, Feiticeira, o ódio mata quem quer. A inveja das mulheres e a cupidez dos homens apoderam-se dessa arma tão cômoda. Aquela é rica...? Feiticeira! A outra é bonita...? Feiticeira! (MICHELET, 2003, p. 14)

Torturas e fogueira não são mais praticadas em praça pública como antes, mas em pleno século XXI a mulher ainda é condenada e apedrejada com um discurso de ódio constante acompanhado de todo o tipo de agressão.

É espantoso ver esses tempos tão diversos, esses homens de cultura diferente, sem conseguirem avançar um passo. Depois, compreende-se muito bem que uns e outros tenham ficado detidos, digamos mesmo cegos, irremediavelmente embriagados e mesmo feitos selvagens com o veneno do seu princípio. Princípio esse que é o dogma da fundamental injustiça. (MICHELET, 2003, p. 15)

Michelet traz a Feiticeira como aquela que, em comunhão com a natureza e na magnitude da expressão com seu próprio ser, operava o milagre da cura e era abençoada com o dom de criar. “O único médico do povo, durante mil anos, foi a Feiticeira” (MICHELET, 2003, p. 13). Enquanto para a Igreja não faltavam motivos para levá-las à fogueira em praça pública e mostrar ao povo a “justiça divina”.

A Igreja [...] instituiu um monopólio para extinção da Feiticeira, declarando, no século XIV, que se a mulher ousa curar, sem ter estudado, é feiticeira e deve morrer. (MICHELET, 2003, p. 23)

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