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Resenha Premiada

Por:   •  16/4/2024  •  Resenha  •  798 Palavras (4 Páginas)  •  57 Visualizações

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                                     UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

                                                 INSTITUTO DE LETRAS

                                                                                  Profa. Renata Cabral

                                                             Kaio Luiz Araujo Rodrigues

“Paz sem voz, não é Paz é Medo”

      "A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego, pois paz sem voz não é paz é medo", com essa contundente declaração inicial, o eu lírico do O Rappa delineia claramente a direção da crítica que será desenvolvida nos versos subsequentes: uma denúncia do conformismo diante do sistema. 

       A canção interpretada pelo grupo O Rappa não apenas menciona, mas escancara a situação de comodismo em que vivemos, lançando luz sobre a realidade enfrentada nas favelas e pela população negra. O videoclipe, que se configura como um curta-metragem, é um componente essencial, proporcionando uma representação visual que, sem dúvida, enriquece a crítica contida na música.

       Um dos temas centrais abordados é a desigualdade social. O vídeo capta as disparidades gritantes entre classes sociais, destacando a luta diária dos menos privilegiados em um cenário urbano marcado pela precariedade. A escolha de cenários realistas, aliada a uma estética visual impactante, convida o espectador a confrontar as disparidades que persistem na sociedade brasileira contemporânea.

      A violência, infelizmente, também é um elemento inegável na narrativa. O clipe não hesita em expor a brutalidade das dinâmicas urbanas, destacando não apenas a violência física, mas também a violência estrutural que perpetua ciclos de opressão. Essa representação visual intensa proporciona uma reflexão crítica sobre a segurança pública e as condições de vida em muitas comunidades.

      No vídeo, a paz sem voz se manifesta de maneira brutal, através do assassinato de um jovem negro e pobre, incapaz de se defender diante de uma injustiça. A resposta a esse crime se desenha como confusão e abandono de uma criança, que, sozinha, no meio do tumulto, já vislumbra o futuro que a aguarda. Na sequência, Yuka vai além e brada: "as grades do condomínio são pra trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão", introduzindo uma ambiguidade em relação à segurança. Mas segurança para quem? Para os moradores ou dos moradores?

       A crítica é nítida e direcionada, visto que o vídeo explicita a violência policial, a desigualdade social e o preconceito contra a comunidade negra, ao mesmo tempo em que serve como catalisador para a conscientização da população, instigando a necessidade de recuperar a voz.

       A diversidade cultural do Brasil também é cuidadosamente incorporada ao vídeo, enriquecendo a narrativa. Elementos como a capoeira e as expressões artísticas de rua oferecem uma contraposição à dureza da realidade retratada, sugerindo formas de resistência e resiliência presentes na cultura brasileira.

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