Resenha Premiada
Por: Geovanna Souza • 16/4/2024 • Resenha • 798 Palavras (4 Páginas) • 51 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE LETRAS
Profa. Renata Cabral
Kaio Luiz Araujo Rodrigues
“Paz sem voz, não é Paz é Medo”
"A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego, pois paz sem voz não é paz é medo", com essa contundente declaração inicial, o eu lírico do O Rappa delineia claramente a direção da crítica que será desenvolvida nos versos subsequentes: uma denúncia do conformismo diante do sistema.
A canção interpretada pelo grupo O Rappa não apenas menciona, mas escancara a situação de comodismo em que vivemos, lançando luz sobre a realidade enfrentada nas favelas e pela população negra. O videoclipe, que se configura como um curta-metragem, é um componente essencial, proporcionando uma representação visual que, sem dúvida, enriquece a crítica contida na música.
Um dos temas centrais abordados é a desigualdade social. O vídeo capta as disparidades gritantes entre classes sociais, destacando a luta diária dos menos privilegiados em um cenário urbano marcado pela precariedade. A escolha de cenários realistas, aliada a uma estética visual impactante, convida o espectador a confrontar as disparidades que persistem na sociedade brasileira contemporânea.
A violência, infelizmente, também é um elemento inegável na narrativa. O clipe não hesita em expor a brutalidade das dinâmicas urbanas, destacando não apenas a violência física, mas também a violência estrutural que perpetua ciclos de opressão. Essa representação visual intensa proporciona uma reflexão crítica sobre a segurança pública e as condições de vida em muitas comunidades.
No vídeo, a paz sem voz se manifesta de maneira brutal, através do assassinato de um jovem negro e pobre, incapaz de se defender diante de uma injustiça. A resposta a esse crime se desenha como confusão e abandono de uma criança, que, sozinha, no meio do tumulto, já vislumbra o futuro que a aguarda. Na sequência, Yuka vai além e brada: "as grades do condomínio são pra trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão", introduzindo uma ambiguidade em relação à segurança. Mas segurança para quem? Para os moradores ou dos moradores?
A crítica é nítida e direcionada, visto que o vídeo explicita a violência policial, a desigualdade social e o preconceito contra a comunidade negra, ao mesmo tempo em que serve como catalisador para a conscientização da população, instigando a necessidade de recuperar a voz.
A diversidade cultural do Brasil também é cuidadosamente incorporada ao vídeo, enriquecendo a narrativa. Elementos como a capoeira e as expressões artísticas de rua oferecem uma contraposição à dureza da realidade retratada, sugerindo formas de resistência e resiliência presentes na cultura brasileira.
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