Resenha Vaqueiros e Cantadores
Por: edmilsonrecife • 28/2/2022 • Resenha • 930 Palavras (4 Páginas) • 113 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
MESTRADO EM LETRAS
PROFESSORA: BELIZA ÁUREA
ALUNO: EDMILSON FERREIRA DOS SANTOS
O EMPALHADOR DE PASSARINHOS
JOÃO PESSOA(PB), 07 DE ABRIL DE 2015.
Andrade, Mário de. Vaqueiros e Cantadores in: O empalhador de passarinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
Mário Raul de Moraes Andrade, nasceu em São Paulo a 09 de outubro de 1893. Polígrafo, musicólogo, escritor, poeta, crítico literário e um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de São Paulo - marco introdutor do Modernismo Brasileiro.
Uma das preocupações permanentes na vida de Mário de Andrade foi a busca da valorização da identidade nacional. Ao optar pelo caminho da valorização da língua e da cultura brasileira executou diversos projetos, dentre eles, o 1o. Congresso da Língua Nacional Cantada, em 1937, diversas viagens de cunho etnográfico ao Norte e ao Nordeste do país e a troca de correspondências com diversos autores, dentre eles Câmara Cascudo com o qual compartilhava o interesse pela cultura e os costumes do Brasil.
Em 1944, com O Empalhador de Passarinhos, livro de crítica literária, Mário de Andrade inclui um ensaio sobre o livro Vaqueiros e Cantadores, publicado por Câmara Cascudo em 1937.
Ao lançar o olhar sobre o trabalho de Câmara Cascudo, Mário de Andrade nos remete às questões versadas na obra. Vale ressaltar que todas são apresentadas sob a ótica folclórica sem que a abordagem sobre os Cantadores enfatize a sua história, sua forma de produção e suas normas estéticas. Há uma passagem na qual o autor cita o cantador Chico Antônio com o qual teve contato pessoal e por quem passou a nutrir grande admiração, mas, nem mesmo neste momento a crítica se aprofunda sobre as questões estéticas e literárias que permeiam o trabalho dos cantadores.
Ao incluir a análise de Vaqueiros e Cantadores entre os ensaios contidos em O empalhador de passarinhos, Mário de Andrade contribuiu para que a obra analisada ecoasse no meio acadêmico e literário com maior liberdade e vigor.
CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 2. ed. São Paulo: Global, 2006.
Introdução e capítulos I, II, IV e IX.
Nos capítulos acima mencionados, Câmara Cascudo tanto trata das definições de literatura oral e folclore quanto busca fundamentar a importância de ambos. A literatura oral presente nos cantos populares, danças de roda, anedotas, adivinhações, lendas, dentre outras manifestações, se perpetua através da oralidade e da versão impressa desses elementos populares. Tais elementos integram o folclore a partir do momento em que as noções de autoria e época de criação se perdem.
Cascudo disseca a Literatura Oral através dos seus objetos, limites, vitalidades e elementos constitutivos. Os cantos, danças, rondas infantis, lendas, parlendas, mnemonias, adivinhas, anedotas, mito, fábula, tradição, bem como origens étnicas e diversidade dos folclores, poesia oral e cantiga social.
Apesar da riqueza vocabular e das muitas citações de autores estrangeiros na língua original, sem tradução, é plenamente possível a compreensão geral dos capítulos. O autor esmiúça à exaustão as pesquisas de campo e bibliográficas para fundamentar os conteúdos apresentados.
Respaldado por fontes africanas, europeias e norte e sul-americanas, Cascudo afirma que a literatura oral brasileira tem como pilares as culturas africana, indígena e portuguesa, tendo esta deixado a maior contribuição, por todas as influências exercidas sobre as outras. Dos portugueses vieram muitos instrumentos, a dança em pares e a quadradura estrófica; dos africanos, o ritmo e os instrumentos percussivos; do indígena, o refrão curto e os bailes de cunho religioso. Ao mencionar que nas danças populares a influência portuguesa é inferior às demais, Cascudo esforça-se para hierarquizar quantitativamente o legado de cada matriz fundadora em cada expressão específica da cultura brasileira, mas admite a dificuldade de fazê-lo.
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