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TRANSCODIFICAÇÃO DA LITERATURA PARA O CINEMA

Por:   •  13/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  978 Palavras (4 Páginas)  •  244 Visualizações

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TRANSCODIFICAÇÃO DA LITERATURA PARA O CINEMA[1]

Erlandson José dos Santos[2] 

Partindo do pressuposto de que a linguagem cinematográfica tem como base a narrativa literária e considerando as similaridades existentes entre essas linguagens, o presente trabalho tem como objetivo tecer comentário a respeito da adaptação do texto literário ao cinematográfico. Além disso, será feita uma analise das obras  “Édipo rei”, de Sófocles, “Hamlet”, de Shakespeare e suas respectivas transposição para o cinema e o filme “Freud além da alma”, com o finalidade de mostrar a relação dessas obras com a psicanálise.

 A transposição da literatura para o cinema pode resultar em diferenciações do texto de origem, isso acontece devido a diferenças de linguagens, uma vez que, o filme faz uso faz uso do signo visual ao passo que no texto literário utiliza signos verbais.

 (…) Na literatura o escritor se expressa por um conjunto de palavras que formam frases, orações e períodos. A expressão daquele que escreve se dá através da sintaxe. E o cinema também tem sua sintaxe que se cristaliza pelo relacionamento dos planos, das cenas, das sequencias (Setaro, 2010:31)

No processo de adaptação da linguagem literária para a linguagem cinematográfica, o texto adaptado passa ser outro texto, com autonomia própria, assim sendo este não e tão fiel ao texto de origem.  

 A fidelidade ao original deixa de ser o critério maior de juízo crítico, valendo mais a apreciação do filme como nova experiência que deve ter sua forma, e os sentidos nela implicados, julgados em seu próprio direito. Afinal livro e filme estão distanciados no tempo; escritor e cineasta não têm exatamente a mesma sensibilidade e perspectiva. (Xavier apud Machado 2012)

Apesar da relação intima existente entre essas duas linguagens ambas possuem  códigos de comunicação distintos, e o cineasta não tem esse compromisso de copiar exatamente da mesma forma  e na mesma ordem temporal, em que o livro base trás os fatos.  

(…) o que tem levado o cinema a literatura não é a impressão de que é possível apanhar certa coisa que está no livro e inseri-la num filme, mas, ao contrário, uma quase certeza de que tal operação é impossível (Avellar apud Machado 2012).

No filme de Édipo Rei, percebe-se que ao transcodificar o texto para o cinema Pasoline não organiza os fatos na mesma ordem temporal do texto literário de Sófocles. O texto base literário inicia-se em frente ao palácio de Édipo, no momento em que os cidadãos se dirigem ao rei Édipo em um ato de súplica, para que este decifrasse o enigma da esfinge, a qual ao ser decifrada, daria fim da maldição que até então agoniava o reino. E só no decorrer do texto ele vai clareando aos pouco o passado de Édipo.

Já o texto fílmico, inicia-se em um quarto escuro de um casarão onde está acontecendo o nascimento de Édipo.  Essa cena é muito significativa, pois Pasoline já passa a ideia de que existe algo misterioso em torno daquele bebê que acabara de nascer. Existe uma contradição, que nos leva a investigar, a pensar que há algo emblemático. Porque um quarto escuro em uma cena de parto?

A mudança repentina de paisagem não deixa de ser uma estratégia do cineasta, o que marca as mudanças na vida de Édipo o qual é tirado do lar, do berço familiar e deixado no deserto e em seguida é adotado pelo rei de Corinto.  Essa mesma mudança de paisagem acontece no final do filme. Logo após o enforcamento de Jocasta e de Édipo furar os próprios olhos, em sequencia a paisagem muda novamente para o cenário do inicio do filme, o que nos leva a refletir a frase dita na cena inicial “a vida termina onde começa”.

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