TÉCNICAS DE FICHAMENTO

TÉCNICAS DE FICHAMENTO

FICHAMENTO: técnica de armazenamento de informações em fichas ou formulários de registro, observados o princípio da concisão e as técnicas adequadas a cada tipo de registro.

FICHA: formulário de registro de informações, caracterizado pela fácil identificação e manuseabilidade.

FICHÁRIO: conjunto ou depósito de fichas.

PARTES DA FICHA: cabeçalho (com título genérico ou específico e letra indicativa da sequência das fichas, se mais de uma for utilizada, devendo ser repetido quando as anotações ocupam mais de uma ficha), referências bibliográficas, corpo da ficha e local da obra fichada.

Todo o trabalho de fichamento requer prévia leitura do texto a ser registrado. Essa leitura deve afastar-se maximamente da categoria do emocional, para alcançar o nível da racionalidade, e compreende tanto a capacidade de analisar o texto, separar-lhe as partes e examinar-lhes o inter-relacionamento, examinar as relações do texto com outros textos, quanto a competência para resumir as informações do texto. Níveis de leitura: 1o) denotativo ou parafrástico: cuida do vocabulário, das informações sobre o autor, do contexto socioeconômico e histórico-objetivo do texto; atenta também para a  teoria desenvolvida ou conceitos apresentados; examina as ideias centrais, procurando identificar a matéria do texto; procura também observar como se desenvolve o raciocínio do autor, quais suas teses e provas, verificando, enfim, o encadeamento das ideias apresentadas. 2o) inferencial: interpreta os significados implícitos, não transparentes, perguntando sobre os vieses ideológicos do autor dedutíveis do próprio texto, verificando a relação do texto com a realidade de seu tempo, constatado a originalidade ou não das ideias. 3o) crítico: julga quanto a ter o texto atingido ou não os objetivos postos ou pressupostos, a ter sido claro e coerente, a ter contribuído com algo novo para a comunidade científica. 4o) problematizador: indaga sobre as possibilidades  de aplicação do texto a outras situações, sobre sua contribuição para nova leitura do mundo.

São designadas fichas de leitura aquelas em que são registradas informações bibliográficas completas, anotações sobre tópicos da obra, citações diretas, juízos valorativos a respeito da obra, resumo do texto, comentários. Enquanto a ficha bibliográfica contém apenas as informações bibliográficas, necessárias para localizar um livro, as fichas de leitura contêm todas as informações sobre um livro ou artigo, de acordo com os propósitos específicos da ficha.

De modo geral, a ficha de leitura pode apresentar-se nas seguintes modalidades:

Tipo pequeno: 7,5cm x 12,5cm

Tipo médio 10,5cm x 15,5cm

Tipo grande: 12,5cm x 20,5cm

Umberto Eco^[1] aponta várias formas de fichar um livro, entre elas: indicações bibliográficas precisas, informações sobre o autor, resumo (ficha de conteúdo), citações diretas (transcrições), comentários apreciativos (ficha analítica).

Para facilitar a realização do trabalho de redação e consulta ao arquivo, escreve-se no alto da ficha a especificação dela: ficha de comentário, ficha de resumo, ficha de transcrição.

EXEMPLOS DE FICHAS

Ficha de assunto

Assunto	ESTRUTURA SINTÁTICA DA FRASE
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 10 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1982, p. 6-112

Ficha de título de obra

Título	COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 10 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1982.

Ficha de transcrição

a) Ficha de transcrição sem cortes

Transcrição

A PEDAGOGIA LIBERAL: IMPLANTAÇÃO

Porto, Maria do Rosário Silveira. Função social da escola. In: FISCHMAN, Roseli (Coord.). Escola brasileira. São Paulo: Atlas, 1987, p. 39-42. ‘’Conforme dissemos no item anterior, a pedagogia liberal que marca o desenvolvimento das escolas do século passado e que ainda influencia a prática escolar no Brasil é conseqüência de uma doutrina liberal, que defendia a liberdade e os interesses individuais numa sociedade cuja organização se direcionava para a posse da propriedade privada e dos meios de produção; portanto, como justificação do sistema capitalista. Para a pedagogia liberal, a escola tem a função de preparar o indivíduo para desempenhar papéis sociais, tendo em vista sua aptidão individual, seu talento inato e seus interesses. Na verdade, o que ela tenta fazer é adaptar os indivíduo às normas e valores vigentes numa sociedade de classes, por meio do seu desenvolvimento cultural. Para tanto, há um acervo de conhecimentos acessível ao aluno, cabendo ao professor estabelecer condições para que este aprenda tais conhecimentos, quer ministrando-os diretamente ao aluno, como na escola tradicional, quer orientando o trabalho deste no sentido de construí-los, como na escola nova.”

b) Ficha de transcrição com corte intermediário de algumas palavras ou frases

Transcrição

A PEDAGOGIA LIBERAL: IMPLANTAÇÃO

Porto, Maria do Rosário Silveira. Função social da escola. In: FISCHMAN, Roseli (Coord.). Escola brasileira. São Paulo: Atlas, 1987, p. 39-42. ‘’Conforme dissemos no item anterior, a pedagogia liberal que marca o desenvolvimento das escolas do século passado e que ainda influencia a prática escolar no Brasil é conseqüência de uma doutrina liberal, que defendia a liberdade e os interesses individuais numa sociedade cuja organização se direcionava para a posse da propriedade privada e dos meios de produção; portanto, como justificação do sistema capitalista. Para a pedagogia liberal, a escola tem a função de preparar o indivíduo para desempenhar papéis sociais, tendo em vista sua aptidão individual, seu talento inato e seus interesses. [...]. Para tanto, há um acervo de conhecimentos acessível ao aluno, cabendo ao professor estabelecer condições para que este aprenda tais conhecimentos, quer ministrando-os diretamente ao aluno, como na escola tradicional, quer orientando o trabalho deste no sentido de construí-los, como na escola nova.”

c) Ficha de transcrição com corte de parágrafo intermediário