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Vidas Secas - Alienação de Fabiano em frente ao poder politico-social

Por:   •  14/9/2016  •  Relatório de pesquisa  •  828 Palavras (4 Páginas)  •  697 Visualizações

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Vidas Secas foi lançando em 1938, menos de dez anos após a Crise de 1929, em uma época em que os efeitos ainda podiam ser notados. Nesse contexto, os autores da geração de 30 estavam voltados principalmente para as causas sociais, exercendo um papel de denúncia e crítica social. A região da seca nordestina estava muito visada e, por isso, tornou-se um tema bastante corriqueiro nas obras. Por conta desse papel social, alguns especialistas consideram essa fase como “neorrealista”, já que resgata ideais consagrados pelos romances de Machado de Assis, como, por exemplo, o condicionamento do caráter humano pelo meio em que ele vive.

Na obra o autor retrata a vida de uma pequena família pobre do interior do nordeste, que sofrem com várias problemáticas: a miséria, a desigualdade, a seca, a submissão à autoridade e a linguagem escassa resultante da ignorância. Com isso fica claro que o autor também

Cadeia

 A representação do poder instituído está no personagem do Soldado amarelo. Surge como um policial arbitrário que, após um mal entendido (a saída de Fabiano do bar sem se despedir do soldado) num jogo de cartas, o humilha e o prende. Fabiano se sente impotente perante o mundo e se questiona, sem a possibilidade de alternar nada.

  • “... Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia...”.
  • “... Porque tinham feito aquilo? Era o que não podia saber. Pessoa de bons costumes, sim senhor, nunca fora preso. De repente um fuzuê sem motivo. Achava-se tão perturbado que nem acreditava naquela desgraça. Tinham-lhe caído todos em cima, de supetão, como uns condenados. Assim um homem não podia resistir...”.
  • “... Então porque um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam cipó de boi oferecia consolações: - “Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita. ”...”

Contas

Fabiano é solto e continuando assim sua vida na fazenda. Sinhá vitória desconfia que o patrão (Dono da fazenda) estaria roubando nas contas do salário de Fabiano. O personagem pode ser considerado coma uma representação da mediocridade, injustiça e opressão.

  • “... Aí Fabiano baixou a pancada e amunheceu. Bem, bem. Não era preciso barulho não. Se havia dito palavra á-toa, pedia desculpa. Era bruto, não fora ensinado. Atrevimento não tinha, conhecia o seu lugar. Um cabra. Ia lá puxar questão com gente rica? Bruto, sim senhor, mas sabia respeitar os homens. Devia ser ignorância da mulher, provavelmente devia ser ignorância da mulher. Até estranhara as contas dela. Enfim, como não sabia ler (um bruto, sim senhor), acreditara na sua velha. Mas pedia desculpa e jurava não cair noutra...”.

Festa

Na festa da cidade, todos vestidos com suas roupas de brim branco feitas por Sinhá Terta, num traje pouco comum às suas figuras, o que lhes davam um ar ridículo. Fabiano espremia-se no meio da multidão, sentindo-se cercado de inimigos. Sentia-se mangado por aquelas pessoas que o viam em trajes estranhos à sua bruta feição. Ninguém na cidade era bom. Lembrou-se da humilhação imposta pelo soldado amarelo quando estivera pela última vez na cidade. Após Sinhá Vitória ter-lhe negado uma aposta, Fabiano afastou-se da família e foi beber. Embriagando-se, foi ficando valente. Imaginava, com raiva, por onde andava o soldado amarelo. Queria esganá-lo. No meio da multidão, gritava, provocava um inimigo imaginário. Queria bater em alguém, poderia matar se fosse o caso. Vez ou outra interrompia suas imprecações (rogar praga) para uma confusa reflexão. Cansado do seu próprio teatro, Fabiano deitou no chão, fez das suas roupas um travesseiro e dormiu pesadamente.

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