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A AVALIAÇÃO ESCOLAR: APRENDENDO A AVALIAR

Por:   •  14/3/2022  •  Artigo  •  2.545 Palavras (11 Páginas)  •  119 Visualizações

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A AVALIAÇÃO ESCOLAR: APRENDENDO A AVALIAR

Resumo

Para superar a concepção de avaliação dominante em nossas escolas, não basta simplesmente mudar suas funções, seus parâmetros e seus instrumentos. O problema da avaliação não poderá ser visto e estudado com outro enfoque enquanto subsistir a mesma teoria do conhecimento. Faz-se necessário, então, a análise da relação entre a prática da avaliação escolar e o processo de conhecimento do aluno para construir uma proposta teórica distinta, que se fundamente em outra concepção de homem, sociedade, educação, ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Avaliação. Professor. Aluno. Conhecimento. Aprendizagem.

Introdução

A avaliação existe na instituição escolar desde sua criação, e, apesar da variedade nas formas de se realizar a atividade avaliativa, constata-se historicamente que esta esteve quase sempre atrelada ao padrão de punição. Num passado mais remoto, o aluno que não realizava as aprendizagens esperadas era punido através de castigos físicos, mais recentemente, é punido pela reprovação. Em nosso país essa também foi uma prática corrente por largo espaço de tempo, onde a punição, principalmente física, esteve ligada a comportamentos não desejáveis em sala de aula, mas muitas vezes ocorreu como resultado direto do desempenho dos alunos em seu processo de aprendizagem. Nesse sentido a avaliação perde seu caráter pedagógico havendo uma desvalorização do conhecimento e construindo no imaginário do aluno a idéia equivocada de que a avaliação existe para controle de seu comportamento. A avaliação passa a ser, também, uma experiência emocionalmente negativa. Para o aluno, consolida-se a noção de que a avaliação é punição.

Muitas vezes, o alvoroço em sala de aula, uma situação confusa, ou a não concentração na proposta do educador têm como consequência e ameaça de se fazer uma avaliação de conhecimento, como castigo por comportamento não desejado. Exasperado com o comportamento inadequado da classe, o educador costuma dar uma prova ou fazer uma arguição oral, pegando os alunos de surpresa. (LIMA, 2001:54).

                

Desenvolvimento

Todo o processo de construção do conhecimento deve ser vinculado à realidade. Em se tratando da análise da avaliação escolar, deve-se partir da prática cotidiana nas escolas e a ela retornar. Nesse sentido, surgem algumas questões que levam os estudantes (futuros docentes) a pensar a prática de avaliação que vivenciam com alunos e/ou professores. O que significa avaliar? O que se avalia? Para que se avalia? Quem avalia? Como e quando se avalia? São estas algumas das questões apresentadas. As respostas dadas a essas perguntas não constituem novidade para nenhum de nós. O processo de avaliação que vivenciamos em toda a nossa vida escolar não é diferente do vivenciado por nossos alunos. O desafio consiste em construir, a partir da análise e da crítica dessa prática de avaliação, uma nova lógica sobre avaliação, uma lógica diferente da lógica positivista e que abra alternativas para a produção do conhecimento sobre a avaliação. Construir um novo referencial teórico que contribua para uma nova interpretação dessas perguntas e, conseqüentemente, para a elaboração de uma nova proposta, é o grande desafio que se coloca aos docentes.

Na nova lógica, a avaliação tem que incidir sobre os aspectos globais do processo de ensino-aprendizagem, portanto, sobre as questões ligadas tanto ao processo de aprendizagem do estudante como à intervenção do docente. O estudante não é mais o único avaliado. Segundo Pernalete (1977, p.28), tudo deve ser avaliado. Deve-se considerar tanto o resultado final com o processo. Assim sendo, deve-se avaliar cuidadosamente as atitudes, os valores, as capacidades e não mais se restringir ao desempenho cognitivo do estudante. Avalia-se para compreender e explicar o processo de aprendizagem, para entender por que esse processo se deu de determinada maneira, para identificar seus problemas e avanços e encontrar caminhos para superá-los. Dessa forma, a avaliação subsidia a construção do processo de ensino porque fundamenta novas decisões.

“É nesse movimento que a ideia de processo contínuo e cumulativo deve ser apreendida, pois a avaliação cumulativa não é avaliação que soma ou acumula resultados que se sobrepõem. Cada resultado parcial contém o germe do processo que se lhe sucede e a supera; cada resultado parcial é a ruptura que brota na continuidade do processo e possibilita novas ações didáticas, dentre elas, as ações avaliativas”. (IBID, p. 29).

A avaliação não se limita mais a classificar o estudante, a aprová-lo ou reprová-lo. Resgata-se a função formativa da avaliação, como parte integrante do processo de aprendizagem e, em contraposição, questiona-se a sua função classificatória. Para Pernalete, todos devem avaliar e ser avaliados (1977, p.27). Todos os envolvidos no processo; os estudantes e o docente, a família e a comunidade, o indivíduo, o grupo e a assembléia da classe. Todos devem contribuir para que a avaliação seja realmente cooperativa. Os estudantes têm o dever e o direito de aprender a valorizar o que fazem. A avaliação vista dessa maneira, permite a eles refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem, conhecer suas capacidades e desenvolver suas potencialidades, confrontar sua aprendizagem com os objetivos pretendidos (critério) e situar-se em relação a si mesmo e em relação aos demais membros do grupo (norma), conhecendo, também, como o grupo percebeu sua aprendizagem. Resgatamos, nessa perspectiva, os dois parâmetros da avaliação, superando, desse modo, os limites impostos pela mensuração. Entendida como um processo, a avaliação deve ser contínua, reveladora de toda a trajetória do estudante e não centrada apenas no produto. Para tal, deve-se utilizar a maior quantidade e variedade de meios possíveis. Não bastam as provas: é necessário buscar outros instrumentos, sempre ligados aos objetivos definidos (trabalhos, entrevistas, conversas, observações, práticas, entre outros).

É importante assinalarmos que a proposição de uma nova concepção de avaliação implica a ressignificação de todos os elementos constitutivos do processo de ensino-aprendizagem. Isso porque a avaliação escolar é o conjunto de ações dirigidas a coletar uma série de informações sobre o processo de aprendizagem do estudante, identificando avanços e dificuldades, para emitir um juízo de valor, em função de alguns critérios prévios e tomar decisões. Concebida dessa forma, a avaliação escolar busca proporcionar informações (procedentes de numerosas fontes, portanto não só de provas) a respeito do processo de ensino-aprendizagem (não só o produto da aprendizagem, não só o desempenho cognitivo e não só o estudante), para então, emitir um juízo de valor (não-quantitativo) considerando tanto as circunstâncias do objeto avaliado, como os critérios estabelecidos previamente. A avaliação deve, pois, substituir a função classificatória da aprendizagem do aluno pela função formativa, uma vez que seu objetivo principal é promover o processo de ensino-aprendizagem.

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