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A Comunicação e Relação Humana

Por:   •  28/6/2024  •  Ensaio  •  1.657 Palavras (7 Páginas)  •  22 Visualizações

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Índice

Introdução2

Reflexão sobre Racismo e Xenofobia3

Conclusão 6

Referências Bibliográficas7

Introdução

No trecho ´´Porque vocês não sabem do lixo ocidental. Não precisam mais temer. Não precisam da solidão. Todo dia é dia de viver. Porque você não verá meu lado ocidental.``, Milton Nascimento na sua canção Para Lennon e McCartney (1970) personifica o sentimento de alguém que nasceu em um local esquecido, considerado por muitos como subdesenvolvido. E quem sabe o fato de ter nascido nesse local, o coloque como sub-humano ?. Nessa reflexão proponho realizar um pequeno compilado sobre o surgimento e desenvolvimento do Racismo.

Para isso começo com duas questões de partida: O Racismo e Xenofobia são sinónimos?. Essa afirmação foi debatida ao longo das minhas aulas na unidade de curricular de Comunicação e Relação Humana. A partir dessa reflexão, elaboro uma outra que é se o racismo pode ou não ser considerado como estrutural?. Essa questão achei pertinente pois durante toda a minha formação, não somente em Ciências da Educação, como em outras formações, tenho refletido sobre até onde o racismo abrange à nossa sociedade.

Reflexão sobre o Racismo e Xenofobia

Para essa reflexão, começo por ponderar se o Racismo, como algo construído através dos tempos na nossa sociedade, poderia ser considerado estrutural? E se Racismo e Xenofobia podem ser considerados sinónimos?.

        Durante A Antiguidade, o preconceito estava mais vinculado a figura do Estrangeiro, sendo por vezes apelidado de Bárbaro pelos antigos gregos. É possível referir que ao ler as peças do teatro grego, o estrangeiro na grande maioria das vezes era o portador das desgraças para as cidades onde chegava. Já na Idade Média, tal como Cabecinhas et al (2008) afirmou, a distinção era realizada entre cristãos e não cristãos. Sendo que todos aqueles que eram diferentes fisicamente dos povos europeus viravam monstros aos seus olhos.

        Com a Expansão Marítima, os europeus passaram a ter um contato mais próximo com os povos da África e Ásia. Atesto esse facto, pois já se tem conhecimento da África e da Ásia desde a Antiguidade. E começaram a relacionar-se com povos da América, posteriormente também com a Oceania. Motivados por objetivos económicos e exploratórios, os colonizadores passam a criar uma dualidade entre bárbaros (os povos nativos) versus civilizados (europeus),  para poder escravizar os povos originários desses locais (Ibidem, 2008). Em algumas situações chegam a ponderar se esses povos teriam ou não alma. O frei Bartolomeu de las Casas foi um dos primeiros intelectuais a admitir que os ameríndios também seriam portadores de almas, tal como os europeus.

Para além do Cristianismo, o Iluminismo ocidental, que valorizava o pensamento, contribuiu para impor a organização política, económica, social e cultural do Ocidente sobre os outros territórios. A Ascensão da ciência moderna nos séculos XVIII e XIX forneceu as justificativas, principalmente antropológicas, para a dominação ocidental sobre regiões africanas, asiáticas e sul americanas (Santos, 2005).

O racionalismo ocidental desqualificou o conhecimento encontrado da África e América do Sul, rotulando-o como obscurantista, incivilizado e ligado à natureza. Citado por Kant, expressou visões racistas ao afirmar que os africanos não possuíam qualidades superiores e nenhum feito significativo nas artes ou ciências (Santos como citado em Mignolo, 2003, p. 633-4).

Quando desumanizamos uma pessoa, renegamos todo o seu conhecimento e cultura. Ao desumanizarmos, estamos ilibados para cometer as maiores atrocidades. Até mesmo classificar pessoas por base nas suas características físicas (fenótipo). Segundo Bracinha-Vieira (1995) e Cunha (2000) (Citado em Cabecinhas, 2008), a divisão mais frequente era em três raças: brancos (causasóide), amarelos (mongoloide) e negros (negroide). E de acordo com Cunha (2000) a raciologia clássica ordenou as raças entre inferiores e superiores, e os brancos ocuparam o topo dessa ´´pirâmide`` hierárquica.

A sincronia apresentada entre o projeto da ciência moderna, o projeto colonial e o projeto do capitalismo são evidentes (Santos, 2005). Posteriormente o cristianismo foi posto de lado como uma ferramenta de colonização e subjugação, e o seu substituído foi a Ciência. Teorias como a Teoria da Evolução de Charles Darwin, foram aplicadas em teses de Eugenia (Cabecinhas, 2008).

A História também vai servir como aporte para justificar a superioridade de certas culturas em relação as outras. Com a emergência dos Estados-Nação no século XIX, vários mitos como Camelot e Viriato passarão a ser vistos como sinónimo de antiguidade. E essa dualidade se refletia na comparação com nações mais recentes. E por serem mais recentes não tinham História e nem passado.

Nas palavras de Cabecinhas (2008) ´´ No final do século XIX e início do século XX, as doutrinas raciais estavam extremamente divulgadas na Europa e nos EUA. O determinismo biológico não só marcou profundamente a ciência moderna, como se propagou ao pensamento leigo, tonando-se um verdadeiro fenómeno social `` (Cabecinhas, 2008, p.167). Durante esse tempo presenciamos eventos como a Exposição Colonial do Porto (1934), onde africanos foram exibidos dentro de gaiolas, como se fossem animais.  A Universidade do Porto também teve a sua quota de intelectuais com teorias racistas, como o professor Mendes Correia, fundador do Instituto de Investigação Científica em Antropologia. E responsável por constituir a maior parte das coleções originárias de África expostas no museu da universidade. Mendes Correia foi um dos responsáveis pela caracterização da chamada ´´raça portuguesa``.

Depois da Segunda Guerra Mundial, um conflito em que muitos foram chacinados por simplesmente não se enquadrarem num biótipo racial específico, o mundo passou a questionar mais sobre os pressupostos racistas em voga. O período pós-guerra também abriu espaço para contestações sobre a independência dos territórios africanos e asiáticos, que ainda se encontravam sobre domínio colonial (Cabecinhas, 2008).

Concomitantemente, as discussões sobre o racismo foi obtendo mais destaques tanto no meio académico, como no meio político com eventos como o fim da Segregação Racial nos Estados Unidos, e do Apartheid na África do Sul.

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