A Concepções de Educação

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO

1. CONCEPÇÃO TRADICIONALISTA DA EDUCAÇÃO

Surgiu na era aristocrática antiga e feudal, predominando até o fim do século XIX. Seu embasamento pedagógico estava principalmente no cristianismo, e, portanto, o homem deveria submeter-se as regras e ensinamentos impostos pelas divindades; onde apenas o clero e a nobreza possuíam acesso. A formação intelectual e moral era vista como prioridade, onde o homem disciplinado e que detinha o conhecimento era o modelo de sociedade, conhecendo e praticando as leis morais.

        Como seu embasamento estava na religiosidade, a educação por sua, deveria transformar o homem em um ser divinamente correto e conduzi-lo ao “mundo superior”. O educador, o qual já havia passado por este processo de correção, era o centro do processo educativo, era a autoridade máxima e não afetiva. A escola era um meio fechado para o desenvolvimento do ser humano e para isso se utilizava de prêmios ou castigos para o alcance de tais objetivos, onde havia o mínimo de relações interpessoais promovendo a competição entre alunos e a necessidade de ser o melhor da turma se utilizando de memorização do conteúdo imposto e aquisição quantitativa do mesmo.

1. CONCEPÇÃO LIBERALISTA DA EDUCAÇÃO

        Teve seus primeiros indícios no Renascimento, prosseguindo na burguesia liberalista e surgindo definitivamente na Escola Nova. Nesta concepção tudo o que o homem precisa está em si próprio, ele é livre e naturalmente bom, e, portanto, a criança é inocente. Consequentemente, deve-se protege-la para que se perca esta essência, e por isso não há necessidade de transformá-la em adulto, o qual deseja-se que se torne auto realizado.

        A educação deve estar fundamentada nas experiências de cada indivíduo, naquilo que necessita e se interessa, a qual possui três princípios básicos: liberdade, subjetividade e atividade. Nela, o educador é aquele que facilita este desenvolvimento da criança sendo compreensivo, carinhoso, atencioso e que passe segurança. As regras são discutidas por todos e aceitas por eles com o comprometimento de cumpri-las a seu modo, e o mundo é apresentado como um lugar sem imperfeições. Apesar de ser um meio fechado de desenvolvimento buscando proteger o educando, a escola proporciona a liberdade de expressão, emoções e sentimentos valorizando as relações interpessoais, utilizando meios como a música, dinâmicas de grupo, dança, jogos entre outros. Aqui o foco não é a quantidade de conteúdo adquirido, mas a qualidade.

1. CONCEPÇÃO TÉCNICO-BUROCRÁTICA DA EDUCAÇÃO

        Surgiu a partir do século XX, e aqui o homem está submetido por tudo aquilo que o cerca, devendo se adequar a sociedade e ser produtivo. Nesta concepção, a educação serve para preparar o indivíduo para a sociedade, e a escola deve ser um lugar harmonioso. O educador é quem possui todo o conhecimento deve dar ordens que devem ser cumpridas, afinal, a hierarquia é respeitada com rigor e ordem.

        Há uma supervalorização daqueles que possuem conhecimento pronto para o trabalho, e os processos pedagógicos enfatizam cada vez mais o saber-fazer, a eficiência e aqueles que trazem resultados satisfatórios. Apesar da rigorosidade, para lidar com a indisciplina, utiliza-se do sistema de boas premiações para aqueles que se destacam.

1. CONCEPÇÃO DIALÉTICA DE EDUCAÇÃO

        A dialética é muito antiga e pode-se dizer que seu surgimento se deu a sete séculos antes de Cristo. Sócrates é o maior dialético grego da história. Ela se faz de uma concepção do homem, da sociedade e da relação homem-mundo, onde o mundo está em contínuas transformações, e o homem é quem faz este processo possuindo papel principal.

        A educação dialética busca a realização plena de todos e por isso o capitalismo não se encaixa neste processo, e por isso é necessário mudar a realidade. Ela busca a hegemonia da classe trabalhadora, onde possa participar efetivamente da sociedade; utilizando-se de primeiramente apropriar-se de questionamentos referente aquilo que é vivido, depois então refletir acerca do mesmo para então transformar a realidade. Esta educação busca um ensino igualitário e de qualidade, tendo como método, pesquisas, discussões, debates, artes, comunicação de forma conjunta, trabalhando a interação reflexiva e trabalho em equipe. A escola não esconde a realidade da sociedade e mundo, pelo contrário, se utiliza desta realidade para promover a transformação, onde o educador media este conhecimento e conduz o aluno a estes questionamentos de forma lúdica e prazerosa.

A INVENÇÃO DA RAZÃO

        Surgiu em Atenas, em meio as relações mercantis e sociais, a democracia. E para que tal se estabelecesse, fez necessário o uso da palavra, para que se possa argumentar, convencer e socializar, consequentemente era necessário a vida escolar para desenvolvê-la, eclodindo então as escolas fundadas pelos sofistas. Sócrates e Platão criticavam estes sofistas, por se tratarem de professores particulares que cobravam por seus ensinos.

1. O MÉTODO FILOSÓFICO DE SÓCRATES

O método filosófico contemporâneo de Sócrates, chamado Ironia, consiste basicamente no diálogo como descoberta e uso da palavra, possuindo duas fases: a refutação e a maiêutica. O primeiro faz-se por meio de diversas perguntas a respeito daquilo que se sabe, e o segundo, conhecendo a si mesmo, ao que se carrega em si mesmo. Seu foco principal consistia no melhoramento do homem para que isso refletisse um uma sociedade melhor, e pode ser considerado um educador, pois conduzia os educandos para o conhecimento interior, o autoconhecimento. E para ele, quando este autoconhecimento ocorre o sujeito é melhorado e por isso muda também a sociedade a sua volta. Este modelo de educação é essencial para a autenticidade da formação do homem, visto que o diálogo é fundamental para a relação educador-educando-aprendizagem.

1. AS FILOSOFIAS DE PLATÃO E ARISTÓTELES

A morte de Sócrates, provocada pela democracia de Atenas, revoltou seu discípulo Platão, ao qual se comprometeu em continuar seus ensinamentos e propaga-los. Este por sua vez, criou normas de conduta ética e formas de organização política e social.

Segundo Platão, a matemática é tão perfeita, que se torna o principal caminho para a razão, de onde nasce o conhecimento de cada homem; e assim como a perfeição é aplicada à matemática, deveria também desenvolver-se nas outras áreas sociais e culturais. E para ele, a filosofia deveria atingir esta perfeição de mundo de modo de não fosse destruída pela imperfeição humana, extraindo de cada um o que há de melhor para melhorar o mundo. Neste sentido se daria a educação, provendo o autoconhecimento e melhoramento.