A Contação De Histórias Como Intervenção Pedagógica No Desenvolvimento Da Afetividade Da Educação Infantil
Por: Vanessa Larisa • 18/7/2023 • Projeto de pesquisa • 4.727 Palavras (19 Páginas) • 72 Visualizações
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COMO INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NO DESENVOLVIMENTO DA AFETIVIDADE DA EDUCAÇÃO INFANTIL
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 LITERATURA INFANTIL
1.1 Um breve histórico da literatura infantil
1.2 A Literatura na Educação infantil
2 CONTAÇÃO DE HISTORIA
2.1 Contadores de historias, uma atividade antiga
2.2 Ler é diferente de contar história
2.3 A importância de ouvir historias na educação infantil
3 AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
4 TRABALHANDO A AFETIVIDADE ATRAVES DA CONTAÇÃO DE HISTORIA
CAPÍTULO I
LITERATURA INFANTIL
A Literatura é considerada uma arte. Coutinho (1978) explica que a literatura é uma transfiguração da realidade, que é reproduzida através do espírito do artista e assim reconstituir através da língua para a forma, desse modo ganhando sentido e uma nova realidade, tornando assim autônoma e não mais dependente do autor e da origem de onde surgiu, apenas se desligam da realidade primitiva e conquistando outra por intermédio da imaginação do artista.
A Literatura é fundamental para a aprendizagem e seu enriquecimento, porem algumas pessoas cometem equívocos ao definir o real significado da palavra Literatura, conforme Costa (2013, p.16) explica “as pessoas geralmente entende literatura como aquilo que está em livro e tem caráter de história inventada ou de texto para ser declamado, com som parecido ao final das linhas (as rimas)...”. Com o surgimento da Literatura Infantil, que é uma pratica interdisciplinar e que junto com outros modos de expressão como o movimento, musica e imagem, formam o conteúdo essencial para que a criança possa formar uma capacidade de comunicação ampla desde os seus primeiro anos de vida.
Segundo Cagneti (1996, p.7):
A Literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o Mundo, o Homem, a Vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os ideais e sua possível/impossível realização.
No tópico a seguir, há um breve relato sobre o surgimento da Literatura Infantil, para que assim, haja melhor compreensão da importância que ela tem na vida de uma criança.
- Um breve histórico da literatura infantil
Para se falar em Literatura Infantil é imprescindível mencionar que antigamente a criança não era vista com tanta importância no que era referente à sua infância e sua educação, não havia autores que se propusessem a escrever obras, com temas infantis ou ao menos destinados a esse publico. A origem da Literatura infantil deu-se no século XVIII, essa origem possui poucos capítulos. Ela começa a se projetar quando a criança passa a ter um tratamento diferenciado do adulto, passa a ser valorizada e compreendida em todos os aspectos, adquirindo assim características próprias e dessa forma recebendo uma educação especial. De acordo com Cunha (1999, p.22)
A história da literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa a delinear-se no início do século XVIII, quando a criança pelo que deveria passa a ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.
A criança era vista e tratada como adulto, sobretudo não havia uma definição, conceito ou ate mesmo uma palavra que pudesse identificar a fase de uma criança, segundo Rosemberg (1989), não havia sequer uma palavra para designar o que hoje chamamos de infância.
Essa descoberta da infância é reforçada por Áries (1981) quando se refere ao tema mencionando que esse acontecimento ocorreu no século XIII, e que esse desenvolvimento pode ser assistido pela história da arte e no repertorio de imagens registradas através dos séculos XV e XVI. , porem os vestígios do prosseguimento desse ato, sobretudo os números relevantes, tenha se dado a partir do fim do século XVI e ao longo do século XVII.
Sendo a criança tratada como adulto, não havia a necessidade de escrever livros destinados ao público infantil. Somente a partir do século XVII é que a infância começa a ser distinguida pela faixa etária. Conforme Regina Zilberman (1985, p.13) explica:
[...] a concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica, só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros.
No decorrer do século XVIII, a literatura infantil será marcada pela passagem do período clássico para o período do romantismo, onde o surgimento da infância se dá. Os livros de aventura que antes era para o publico adultos, são adaptados para o universo infanto-juvenil. Livros esses que tem como argumentação principal a enaltecer o valor ao progresso, a liberdade individual, e a busca da satisfação individual. Os livros infantis têm como padrão as obras de Fénelon (François de Salignac de La Mothe, Duque de Fénelon), que é o de "instruir divertindo". Somente então no século XIX, durante o ápice do romantismo é que surgem os romances que forma a maior motivação de onde são retratados aos valores aristocráticos, individualistas. E desse modo surge o conceito de criança. Durante essa evolução renovadora, descobre-se que a criança é um ser que tinha a necessidade de interesses específicos para que houvesse na sua formação algo humanístico, cívico, espiritual, ético e intelectual, para o autor se trata de um novo conceito de Vida, Educação e Cultura que estabelece novos preceitos na área pedagógica. Para Coelho (1991, p.139), houve um momento fundamental para que isso ocorresse:
Pode-se dizer que é nesse momento que a criança entra como um valor a ser levado em consideração no processo social e no contexto humano. (...) Nos rastros dessa descoberta da criança, isto é, para a sua informação sobre os mais diferentes conhecimentos e para do momento.
Os escritores infantis mais conceituados foram Jacob e Wilhelm Grimm (mais conhecidos como Os Irmãos Grimm), são autores das narrativas fantástico-maravilhosas. No Brasil, o surgimento da Literatura se dá pouco antes da virada do século XX, mesmo assim ainda era mantida sob domínio cultural europeu, por esse motivo, foram anos de traduções e produções inseguras, praticamente e tão somente fundamentadas nas concepções europeias. No inicio do século XX houve uma mudança significativa quando Olavo Bilac e José de Alencar, autores renomados da literatura adulta passam a aplicar-se na literatura infantil. Contudo, quando Monteiro Lobato incorpora novos princípios é que a revolução literária infantil ocorre. Ele foi o iniciador de uma literatura critica, onde, em suas historias incorporavam temas públicos, porem de fácil entendimento para as crianças, pois ele utilizava o humor para desnudar aparentes verdades. Outra forte característica das obras de Monteiro Lobato era ser o divisor de águas que separa o Brasil de ontem e hoje, ele rompe com os estereótipos e apresenta novas ideias que o momento exigia.
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