A DIFICULDADE DOS ALUNOS NA AQUISIÇÃO DO LETRAMENTO APÓS A IDADE IDEAL
Por: Louisi4no • 7/4/2017 • Tese • 4.385 Palavras (18 Páginas) • 322 Visualizações
FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS[pic 1][pic 2]
Núcleo de Pós-Graduação
FILHOS DO VENTO
A DIFICULDADE DOS ALUNOS NA AQUISIÇÃO DO LETRAMENTO APÓS A IDADE IDEAL
MARIA DE FÁTIMA SENE DOS SANTOS
Ubatuba-SP
2016
MARIA DE FÁTIMA SENE DOS SANTOS
FILHOS DO VENTO
A DIFICULDADE DOS ALUNOS NA AQUISIÇÃO DO LETRAMENTO APÓS A IDADE IDEAL
Artigo apresentado à Faculdade Campos Elíseos como condição parcial para a obtenção do título de especialista Metodologia do Letramento em EJA.
Orientadora: Profª. Ms. Jamile Salamene
Caraguatatuba-SP
2016
RESUMO
Este artigo refere-se à dificuldade de alunos do ensino fundamental II de escolas públicas do Estado de São Paulo que não conseguiram adquirir o letramento na idade ideal. São alunos de difícil comportamento em escolas inconscientemente tradicionais, preocupadas mais com a indisciplina que com metodologias de ensino/aprendizagem. Acreditando que o problema está no aluno e não na própria instituição, na própria metodologia, classificam e segregam, sentenciando os alunos, aqui denominados de “filhos do vento”, já com dificuldades de aprender, ao fracasso escolar. As causas do fracasso se mostram claramente na queda de braço de ideologias entre professores, despreparo para a diversidade e comodismo tanto da gestão como de alguns professores. A formação continuada, pesquisas, união do grupo para estudo de caso e adaptação curricular são caminhos indicados como aliados a essa difícil tarefa de intervenção e inclusão verdadeira desses alunos. Mas só é possível após a quebra de preconceitos, com amor e muita paciência.
Palavras-chaves:
Alunos. Dificuldade de Aprendizagem. Comportamento. Didática. Adaptação Curricular.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... | 5 |
2 FILHOS DO VENTO................................................................................... | 6 |
3 DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM – ENTRAVES .................................. | 8 |
4 PROFESSORES & PROFESSORES .......................................................... | 10 |
5 FORMAÇÃO DO PROFESSOR .................................................................. | 13 |
6 ADAPTAÇÃO CURRICULAR – ACOLHIMENTO – AFETO ......................... | 15 |
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ | 17 |
REFERÊNCIAS.................................................................................................. | 18 |
1. INTRODUÇÃO
Sou professora de Língua Portuguesa e atuo geralmente nos sextos e sétimos anos do ensino fundamental de uma escola municipal e vejo sempre alunos com grande defasagem no aprendizado, com grande dificuldade na leitura e escrita, sendo alguns com nenhuma leitura e nenhuma escrita. Esses alunos chegam a estas séries já com idade superior ao da média da sala. Estes alunos ou serão reprovados ou evadidos em sua maioria. Nenhum trabalho efetivo é feito com eles e tendem a sair do ensino fundamental com a mesma bagagem que entraram. Este ciclo vicioso é preocupante, pois vem acontecendo há vários anos. Já temos um bom trabalho voltado para a educação inclusiva, porém os olhos se voltam para alunos com diagnósticos médicos e se esquecem desses alunos, que geralmente são vistos como alunos indisciplinados ou “vagabundos”. Sabemos que existe todo um contexto por trás de tanta dificuldade de aprendizagem seja familiar, social, econômica e até mesmo de saúde. Mas acredito que tudo isso não é justificativa para o não aprendizado e sim uma busca de causas para soluções mais efetivas para desenvolver as potencialidades desses alunos.
Por isso, este artigo é resultado de observação da realidade de escolas públicas do ensino fundamental II (6º ao 9º ano) e estudou-se as causas e as consequências dessa triste realidade, visando sensibilizar e orientar professores na busca de uma verdadeira educação para todos.
Muitos professores do ensino fundamental II têm se deparado com vários alunos que chegam aos sextos anos, e alguns até mesmo ao nono, sem as habilidades básicas de leitura e escrita. É conhecido dos professores a diversidade na sala de aula desde 1990, porém, o que tem intrigado professores são alunos não alfabetizados, que não conseguem escrever uma frase, palavras com sílabas mais complexas e até mesmo o próprio nome. O que fazer com esses alunos em sala de aula? Reprová-los? Colocá-los no reforço? Não comparecem. Como ajudá-los? Como ajudar os professores a desenvolver estes alunos?
2. Filhos do Vento
Após pesquisar vários teóricos sobre educação com observações genéricas, desatualizadas e distantes da realidade em que vivo, resolvi escrever sobre o meu contexto, com o olhar que tenho, e para embasar minha tese usarei alguns estudiosos com os quais me identifiquei.
O objetivo deste texto é sensibilizar professores e mostrar caminhos para ajudar alunos que chegam ao ensino fundamental II, sexto ano, com dificuldades de letramento e consequentemente de acompanhar os estudos deste segmento escolar.
A escola para todos foi um avanço e muitos alunos que antes não teriam nenhuma chance, hoje têm o direito a uma vaga na escola. Para uns, isso é suficiente, mas para outros, isso só não basta. São crianças e adolescentes que não se ajustam aos padrões de comportamento da sociedade. São alunos com grandes dificuldades na aprendizagem, geralmente, oriundos de situações econômicas miseráveis, de abandonos e/ou que vivem em meio a conflitos, brigas, agressões verbais e físicas. São pessoas desestruturadas emocionalmente, algumas com problemas neurológicos, com atrasos mentais, com problemas psicológicos, alguns já usuários, outros com vícios em roubo. Alguns são filhos de pais e/ou mães que se drogam e bebem, com pais presos, criados por tios, avós, tutores ou vivem por si. Muitos, a mãe ou a avó, arrimos da família, trabalham o dia todo e os filhos ficam sozinhos durante todo o dia. Para esses alunos, a escola é vista como inimiga, quebram destroem, não assistem às aulas, se escondem dentro do banheiro ou outro lugar na escola, pulam o muro, fogem. Faltam, pois perdem a hora, chegam atrasados. Não fazem nada em sala de aula, o caderno que ganham está sempre sujo, arrancam as folhas, fazem bolinhas para jogar nos outros ou jogar futebol. Não se ajudam, são egocêntricos, agridem uns aos outros, não sabem falar palavras de carinho e agradecimento. Não conseguem ficar sentados por muito tempo, não se concentram, não se interessam por atividades escolares.
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