A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E SUAS ESPECIFICIDADES NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Por: azevedojj • 17/6/2019 • Monografia • 7.893 Palavras (32 Páginas) • 266 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
Os problemas que existem em uma escola, em sua maioria, são relacionados às desigualdades e exclusão. O insucesso escolar atinge todos os âmbitos sociais, mas os educandos oriundos das classes menos favorecidas são atingidos de uma maneira especial. São inúmeras as sucessivas repetências, abandonos durante a trajetória escolar, sendo tais características marcantes nesses jovens e adultos.
Os discentes da EJA (Educação de Jovens e Adultos) possuem um tratamento distinto dos educandos de outras modalidades de ensino, pois são vistos como o exemplo de “fracasso escolar”, sendo muitas vezes desrespeitados no que tange seu tempo de vida e suas condições, desvalorizando as potencialidades que esses educandos apresentam.
Compreendida como modalidade de ensino, a Educação de Jovens e Adultos a destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria, caracterizando não só pela diversidade do público que atende e dos contextos em que se realiza, mas também pela variedade dos modelos de organização dos programas.
A EJA apresenta-se como elemento que propiciará o domínio de instrumentos da cultura letrada – permitindo melhor compreensão e atuação no mundo em que vivem –, acesso a outros graus de ensino básico e profissionalizante – assim como as outras oportunidades de desenvolvimento cultural –, e a incorporação ao mundo do trabalho com melhores condições de desempenho e participação na distribuição da riqueza produzida.
Acerca do processo de retomada ao âmbito educacional de Jovens e Adultos, a EJA constitui-se como elemento imprescindível, uma vez que oportunizará o desenvolvimento integral dos educandos, preparando-os para o exercício de suas habilidades e competências.
O primeiro capítulo tem como abordagem acerca da Educação de Jovens e Adultos, analisando sua conceitualização sob a ótica de diversos autores, compreendendo-se todo o processo histórico – acontecimentos que marcaram e construíram esta modalidade de ensino –, além do enfoque nas características dos alunos que compõem tal modalidade.
O segundo capítulo abordará as questões norteadoras da aprendizagem – metodologias, planejamento diferenciado dos outros níveis de ensino –, os aspectos motivacionais que contribuem para o processo ensino-aprendizagem dos educandos, além da análise sobre a função do gestor escolar, peça-chave para que o trabalho com Jovens e Adultos se realize de maneira satisfatória e eficaz, contribuindo para o crescimento pessoal, tanto dos educadores quanto dos educandos.
O terceiro capítulo apresentará uma breve reflexão sobre a utilização das novas tecnologias no contexto da Educação de Jovens e Adultos como suporte na prática dos professores, compreendendo seus benefícios (e malefícios), buscando também um trabalho dialógico entre a realidade do educando e essas novas tecnologias.
Tal pesquisa caracteriza-se pelo cunho qualitativo, com revisão bibliográfica de livros e artigos científicos, tendo como alicerce teórico autores como FREIRE (1987), SILVA (2011), SOARES (2007), ARROYO (2006), REGO (2001), entre outros.
2. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Os caminhos percorridos pela alfabetização de adultos no Brasil se relacionam com a História da Educação, iniciando-se através do trabalho de catequização, no período histórico conhecido como Brasil Colônia. No decorrer do tempo, com o processo de industrialização, progresso tecnológico e econômico, as exigências acerca de uma mão de obra qualificada aumentaram, sendo admitidas algumas medidas pedagógicas (SOUZA, 2011).
Dentro desse contexto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9. 394/96) define a EJA “como modalidade de ensino da Educação Básica, sendo direcionada para aquelas pessoas que não tiveram acesso ao ensino regular na idade apropriada”.
Além disso, a EJA, com suas especificidades no que tange as funções e finalidades, traz consigo a caracterização de uma nova maneira de se conceber a Educação, uma vez que é necessário olhar para o desenvolvimento integral do educando, propiciando aos discentes jovens e adultos desenvolver suas potencialidades, habilidades, competências, dando ênfase em suas experiências de vida.
Analisando tais características, emerge como preocupação a relação entre docentes e discentes para a construção de um processo de escolarização prazerosa, eficaz e qualificada, sendo fundamental o trabalho de conscientização sistemática e contínua do interesse social, a fim de que os objetivos definidos fossem atingidos.
A Educação deve ser norteada por um processo educativo que considere as especificidades dos sujeitos da aprendizagem, não podendo existir de forma alguma a ruptura entre teoria e prática, uma vez que a aprendizagem significativa é de suma importância no processo de construção do conhecimento.
Segundo Souza (2011):
Além da alfabetização, é necessário um trabalho contínuo para o desenvolvimento integral do aluno. Para isso, deve-se caracterizar-se por uma proposta pedagógica que trabalhe conteúdos articulados com as experiências adquiridas pelo aluno, em seus aspectos, tais como: saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, tecnologia, cultura e linguagens interligadas em relação entre teoria, prática e o mundo do trabalho.
A Declaração Mundial sobre Educação para Todos reafirma que a Educação é um direito de todos, desconsiderando-se qualquer limite de faixa etária, atentando-se para a EJA como a reconstrução de uma história de vida. Assim, este documento discorre:
“... mais de um terço dos adultos do mundo não tem acesso ao conhecimento impresso, à novas habilidades e tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade da vida e ajudá-los a perceber a adaptar-se às mudanças sociais e culturais. Para que a educação básica se torne equitativa, é mister oferecer a todas as crianças, jovens e adultos a oportunidade de alcançar um padrão mínimo de qualidade de aprendizagem.”
Ao debruçar uma análise crítica acerca do documento citado acima, é preciso compreender que tais diretrizes devem ser compreendidas como parte de um processo dialógico, que tem como cerne uma proposta pedagógica que considera a juventude e a fase adulta também como tempos de aprendizagem, contribuindo para uma ação educativa que privilegie a formação integral do educando enquanto sujeito social, de direitos e deveres, habilitando-o a exercer seu papel enquanto cidadão (SOUZA, 2011).
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