A Formação de valores éticos e morais mediante a disciplina de Ciências da Natureza

Introdução

Ao longo dos tempos o homem preocupou-se com a formação ético moral de si mesmo em prol do bem-estar político, social e económico. Não é tarefa fácil, tendo em conta as constantes mudanças na sociedade angolana, isto é, mudanças económicas, sociais, politica, cultural, religiosa, variações ambientais e outros factores que ao longo dos anos sempre influenciaram directamente as distintas composições familiares. Por isso assiste-se a uma crise de valores éticos e morais.

 Sendo a crise de valores éticos e morais uma situação preocupante na sociedade angolana e em particular nas escolas, vamos através desta investigação descrever e elaborar uma proposta metodológica para o resgate dos mesmos mediante o processo de ensino-aprendizagem.

O indivíduo na tenra idade adquire uma educação informal, posteriormente completada e continuada pela escola que assume o seu papel na educação formal, no âmbito dos conhecimentos técnicos, científicos históricos e matemático. Para tal é necessário que se tenha a preocupação de transmitir valores em todos os âmbitos da educação.

A educação escolar na actualidade deve propiciar, alem da transmissão sistemática dos conteúdos de ensino, historicamente produzidos, e acumulados, asseguramento dos alunos, para que se apropriem desses conteúdos de forma activa, para que possa reelaborar esses conhecimentos e, com isso, obter um senso crítico mas concreto, embaçado na compreensão científica e tecnológica da realidade social e política na qual vive.

A educação para os valores que se desenvolve na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas escolas, nas manifestações culturais, nos movimentos e organizações socais, é uma questão fundamental da sociedade actual, imersa numa rede complexa de situações e fenómenos que exige, a cada dia, intervenções sistemáticas e planejadas dos profissionais da educação. Entre os diferentes ambientes humanos, a escola tem sido, historicamente, a instituição escolhida pelo Estado e pela família, como o melhor lugar para o ensino-aprendizagem dos valores, de modo a cumprir, em se tratando de educação para a vida em sociedade, a finalidade do pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho.

Sendo assim, caberá às instituições de ensino a missão, por excelência, de ensinar valores no âmbito do desenvolvimento moral dos educandos, através da selecção de conteúdos e metodologias que favoreçam temas transversais (justiça, solidariedade, ética etc.) presentes em todas as matérias do currículo escolar, utilizando-se, para tanto, de projectos interdisciplinares de educação em valores, aplicados em contextos determinados, fora e dentro da escola.

Não é uma tarefa fácil abordar a questão dos valores na educação. A Pedagogia Tradicional levou-nos acreditar (e sua influência ainda desapareceu totalmente do meio escolar), por muitos séculos, que a principal tarefa da escola era a de transmitir conteúdos escolares. É um modelo pedagógico que não se enquadra mais às exigências do mundo moderno.   A educação escolar não se restringe mais como no passado como a mera transmissão de conhecimentos, onde a actividade de ensinar era centrada no professor, detentor dos saberes e o aluno, um mero recebedor da matéria. Na sociedade actual, com a ampliação das ambiências de formação escolar, o aluno passa a ser o centro do processo didáctico-pedagógico e a educação escolar, agora, entendida como processo de desenvolvimento físico, intelectual e moral do educando.

A formação de valores, embora tenha sido considerada, pelo menos, até o século XIX, implicitamente, parte do currículo oculto das  instituições de ensino, ganha terreno fértil, no ambiente escolar, a partir da segunda metade do século XX, quando a sociedade, através da legislação educacional (por exemplo, a chamada Lei de Directrizes e Bases da educação Nacional) reconhece no professor, no aluno e na família, sujeitos do processo de formação escolar. Retomando a proposta de uma prática de valores, na escola, diríamos que, para que a educação em valores seja uma realidade educacional, primeiro terá que passar por dois componentes do processo didáctico: o ensino e a instrução de valores. Para a Pedagogia, palavras como educação, ensino e instrução são elementos distintos na Didáctica, embora, para maioria das pessoas, as tomam como sinónimos. Vamos, então, as diferenças entre eles e observaremos suas implicações para uma educação em valores ou pedagogia de valores.

Em substância, podemos dizer que educamos em valores quando os alunos se fazem entender e entendem os demais colegas; aprendem a respeitar e a escutar o outro; aprendem a ser solidários, a ser tolerantes, a trabalhar em grupo, a compartilharem ou socializarem o que sabem, a ganharem e a perderem, a tomarem decisões, enfim. É, assim, o resultado da educação em valores na escola: ajudar os alunos a se desenvolverem como pessoas humanas e faz ser possível, visível ou real, O desenvolvimento harmonioso de todas as qualidades do ser humano.

Este trabalho está repartido em cinco partes: a primeira aborda os aspectos introdutórios e está constituído pelos seguintes itens: Introdução; Justificação; Problema; Antecedentes; Objecto; Objectivos; Tarefas; Campo de Acção; Importância teórica e prática da investigação e a Organização do trabalho.

A segunda está dividida em dois capítulos: O primeiro apresenta os fundamentos teóricos da investigação; o segundo apresenta a fundamentação empírica da proposta.

A terceira apresenta as conclusões e sugestões.

A quarta apresenta a bibliografia.

A quinta está constituída pelos anexos.

 – Problema de investigação

A escola é um lugar de extrema importância para a formação do indivíduo pelo facto de contribuir no desenvolvimento das capacidades intelectuais dos cidadãos. Nesse sentido, o professor desempenha um papel importante na formação de valores éticos e morais, actuando como profissional em função do nível de escolaridade onde estiver a trabalhar. Assim, o problema de investigação levou a reflectir nas seguintes questões:

• Quais são as principais causas da insuficiência na formação de valores éticos e morais dos alunos da 6ª classe da escola primária nº13 do bairro Calumbiro na cidade do Lubango?

• Qual é situação actual que apresenta o processo de formação de valores éticos e morais através da disciplina de ciências da natureza nos alunos no ensino primário da escola nº13 do bairro Calumbiro da cidade do Lubango?

Considerando o exposto, assim, recaiu a imperiosa necessidade para se efectuar reflexões acerca dos valores éticos e morais, com base a uma investigação que obedeceu a um estudo de caso.