A Importância do brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança
Por: lucianaeli • 30/11/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.386 Palavras (6 Páginas) • 704 Visualizações
INTRODUÇÃO
É fato inconteste a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Pesquisas atuais, realizadas por pedagogos, sociólogos e psicólogos mostram com ênfase a importância das brincadeiras na socialização da criança tanto em espaços escolares, como em espaços não escolares.
Estudos realizados por Amado (2000) sobre o universo lúdico da criança, confirmam que é brincando que a criança estabelece vínculos sociais, ajusta-se ao grupo e aprende a obedecer e a partilhar regras com seus pares e com os adultos. Do ponto de vista pedagógico, Oliveira (2002), observa que brincando, a criança vai construindo os alicerces da compreensão e utilização de sistemas simbólicos como a leitura e a escrita, assim como da capacidade e habilidade em perceber, criar, manter e desenvolver laços de afeto e confiança no outro.
Para os sociólogos que adotam a infância e acriança como objetos de estudo, a brincadeira faz parte dos processos de interação social, nos quais a criança compartilha através da cultura de pares seus saberes e aprendizados, que contribuem para sua formação social e pessoal. No entendimento de Sarmento (2002) o brincar não constitui atividade exclusiva das crianças, mas, diferentemente do adulto, o brincar é o que as crianças fazem de mais sério.
Na perspectiva psicológica, Vygotsky (1988) confirma a grande influência da brincadeira no desenvolvimento social, cognitivo e motor de uma criança. Mas chama a atenção para o fato de que não é qualquer atividade planejada pelo o adulto que poderá ser aceita como uma brincadeira apropriada ao desenvolvimento saudável das crianças. Segundo Piaget (2001) em cada período da vida o brincar deve acontecer de um jeito e se adequar à faixa etária específica auxiliando no desenvolvimento necessário para aquela etapa.
No que tange o amparo legal, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2009) apresentam propostas pedagógicas que garantem o uso de atividades lúdicas com a finalidade de garantir à criança formas prazerosas de apropriação do conhecimento:
As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro de planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2009, art. 4).
Foi no decorrer da disciplina Fundamentos da Educação Infantil, ministrada no curso de Pedagogia da UFPI\Picos que passamos a considerar a importância das atividades lúdicas no contexto escolar e, principalmente, reconhecer que no processo da educação infantil a formação e o desempenho do professor é de suma importância, uma vez que é ele quem planeja e executa as atividades lúdico-educativas, organiza os espaços, disponibiliza materiais, e conduz o processo de ensino aprendizagem junto às crianças. Assim, interessou-nos proceder à uma investigação acerca do entendimento dos professores que exercem o magistério na Educação Infantil, da brincadeira como uma estratégia didático-pedagógica privilegiado no ensino escolar e o desempenho de suas práticas lúdicas em sala de aula.
Questionamos, durante o processo de investigação, quais atividades lúdicas são planejadas pelos professores para o processo de ensino aprendizagem na educação infantil¿ Quais conhecimentos teórico-práticos fundamentam seus planejamentos¿ Em quais momentos das aulas ocorrem a execução das atividades lúdicas¿ Quais são as brincadeiras comumente realizadas¿ Como as crianças interagem com as brincadeiras organizadas pelos professores¿
Neste trabalho, objetivamos refletir sobre as possibilidades e dificuldades encontradas pelos professores diante da necessidade de desenvolver atividades lúdicas na educação infantil. De modo específico, pretendemos:
- Relacionar fundamentos teóricos que podem nortear os professores no planejamento e execução das práticas lúdicas na educação infantil;
- Identificar nas leis o perfil ideal do professor para a educação infantil em confronto com o perfil dos mestres que atuam no espaço escolar desta investigação;
- Analisar as práticas lúdicas dos sujeitos da nossa investigação no fazer pedagógico escolar cotidiano.
Na perspectiva de cumprir os objetivos acima relacionados, lançamos mão dos procedimentos metodológicos da pesquisa de campo e bibliográfica de abordagem qualitativa. (MINAYO, 2001). Assim após o levantamento, leitura e análise de um conjunto de obras que abordam o tema de forma direta (PIAGET, 1978; VIGOTSKY, 1988; SANTOS, 2007; VILLELA, 2000, CASTRO,2005, ETC), elaboramos um roteiro com 13 (treze) questões a serem aplicadas junto aos sujeitos da pesquisa, e confrontadas com as observações feitas no espaço escolar.
A escolha do lócus da pesquisa, uma escola pública municipal situada na cidade de São João da Canabrava (PI), aconteceu por razões de cunho prático: ser uma escola localizada em uma pequena municipalidade da macrorregião de Picos, onde a pesquisadora habita e trabalha, favorecendo a coleta de informações. Assim, no período que cobre os meses de agosto e outubro de 2017 observamos as atividades pedagógicas de duas professoras na Unidade Escolar José João Batista, uma titular e outra auxiliar, que atuavam em uma turma do Jardim I da Educação Infantil, composta por 21 (vinte e um) alunos, com idade entre 4 (quatro) e 6 (seis) anos. Nesse mesmo período realizamos as entrevistas.
A escolha dos sujeitos da nossa pesquisa, aconteceu vinculado ao fato de serem as únicas trabalhando em um turma (também única) de Jardim I, que é a série de ensino que nos interessava investigar por envolver no seu processo de ensino conteúdos vinculados à alfabetização. A escolha pela modalidade de entrevista semiestruturada fundamenta-se nas considerações feitas por Chizzotti (2003), de que as entrevistas semiestruturadas possibilitam intervenções do pesquisador na realidade pesquisada ampliando o leque de perguntas e de respostas. Inicialmente organizamos o roteiro das entrevistas em três eixos: dados pessoais (três questões), dados profissionais (três questões) e o lúdico na prática docente (seis questões).
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