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A PEDAGOGIA DAS COMPETENCIAS NO CONTEXTO DA REVOLUÇÃO RUSSA

Por:   •  1/12/2019  •  Artigo  •  3.732 Palavras (15 Páginas)  •  195 Visualizações

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A PEDAGOGIA DAS COMPETÊNCIAS NO CONTEXTO DA CRISE DO CAPITALISMO

Regina Matias da Silva

Ilsonfernandesilsonnunes2014@outlook.com.br

Silvana Gomes da Silva

Silvanaslv1980@hotmail.com

Taline Oliveira Constâncio

Taline_oliveira2015@hotmail.com

Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

GT 1 (Educação, trabalho e movimentos sociais)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo discutir, a partir de uma pesquisa bibliográfica, os fundamentos e as implicações da pedagogia das competências. A partir dos aportes teóricos de Ramos (2003; 2006), Antunes (1999; 2005), Saviani (2005; 2007; 2008), Duarte (2001), Frigotto (2001; 2003), Gramsci (1991), Marx e Engels (1986, 1999), Maués (2005) busca-se compreender a pedagogia das competências no contexto da reestruturação produtiva impulsionada pelos centros mundiais de dominação capitalista. Trata-se de uma pedagogia pragmática originada no interior do mundo empresarial e que se fundamenta na negação do acesso, por parte das classes trabalhadoras, ao conhecimento científico acumulado pela humanidade buscando, apenas, a preparação para uma constante adaptação ao mundo do trabalho dentro da lógica capitalista.

Palavras-chave: Crise do capitalismo. Pedagogia das competências.

Abstract: This work aims to discuss, from a bibliographical research, the fundamentals and implications of the pedagogy of competencies. From the theoretical contributions of Ramos (2003; 2006), Antunes (1999; 2005), Saviani (2005; 2007; 2008), Duarte (2001, 2010), Frigotto (2001; 2003), Gramsci (1991), Marx and Engels (1986, 1999), Maués (2005) seeks to understand the pedagogy of competencies in the context of productive restructuring driven by the world centers of capitalist domination. It is a pragmatic pedagogy originated within the business world and is based on the denial of access by the working classes to the scientific knowledge accumulated by humanity, seeking only to prepare for a constant adaptation to the world of work within the capitalist logic.

Keywords: Crisis of capitalism. Pedagogy of competences.

Introdução

        Nas últimas décadas o modo de produção capitalista tem passado por transformações na tentativa de superar suas contradições geradoras de crises constantes. No final dos anos 1960, aprofundando-se nas décadas seguintes, uma nova crise obriga o mundo capitalista a adotar estratégias que possibilitassem a sua manutenção e reprodução.

        Nesse contexto, os processos de produção são reestruturados com o objetivo de recuperar as taxas de lucro em queda. O fordismo passa a ser substituído pelo toyotismo. Esse processo impactou a educação tendo em vista a necessidade de um novo perfil de trabalhador para atender as novas demandas advindas do mundo produtivo. A pedagogia das competências surge como uma proposta que busca dar respostas no âmbito da educação a esse processo.

        Como o objetivo de compreender e demonstrar como isso ocorreu busca-se inicialmente apresentar, em linhas gerais, a relação entre trabalho e educação.  Na sequência aborda-se a crise capitalista e a reestruturação do mundo do trabalho. Por fim, discute-se a pedagogia das competências no contexto da crise e da reestruturação.

A relação trabalho e educação

Sabe-se que a origem da educação e do trabalho e sua relação coincide com a existência da humanidade. O trabalho é a principal característica que diferencia os humanos dos animais, segundo Marx e Engels (1999). No entanto, na sociedade capitalista a maioria é explorada e submetida à dominação dos proprietários dos meios de produção. Desse modo, para Marx e Engels (1999, p. 35) “Pois há aqueles, dentre eles, que trabalham e nada adquirem e aqueles que adquirem qualquer coisa e não trabalham”.

Em consonância com o preconizado por Marx e Engels (1999), Saviani (2007, p. 154), afirma que uma das diferenças em relação aos animais que se adaptam à natureza, é a necessidade humana de adaptar a natureza a seu favor. Surge nesse momento o ato que se conhece como trabalho tendo em vista a necessidade constatada pelos primeiros seres humanos de garantir a sobrevivência.

No período primitivo o trabalho era feito em comum, todos trabalhavam para garantir sua existência. Não havia excedente na produção e, portanto, inexistia a propriedade privada e a divisão entre classes sociais. A educação se dava de forma espontânea sem a necessidade de uma instituição específica para transmitir às gerações futuras o conhecimento produzido socialmente.

Não havia divisão de classes. Tudo era feito em comum. Na unidade aglutinadora da tribo dava-se a apropriação coletiva da terra, constituindo a propriedade tribal da terra na qual os homens produziam sua existência em comum e se educavam nesse processo. Nessas condições, a educação identificava-se com a vida. A expressão ‘educação é vida’, e não preparação para a vida reivindicada muitos séculos mais tarde, já na nossa época, era, nessas origens remotas, verdade prática (SAVIANI, 2007, p. 154).

Assim, pode-se constatar que o trabalho e a educação caminham juntos desde os primórdios da humanidade.

A origem da escola se deu a partir do surgimento da propriedade privada, com isso algumas pessoas não precisavam trabalhar vivendo à custa do trabalho de outras pessoas, então se deu a criação da escola, numa perspectiva de educação diferenciada. Para a maioria, ou seja, os trabalhadores a educação se dava através do próprio trabalho, que no caso seria aprender lidando com a realidade a qual eles viviam (SAVIANI, 2007).

Na perspectiva marxista, de acordo com Frigotto (2001, p. 74), o trabalho assume dois pontos importantes, o primeiro como necessidade, e o segundo como liberdade. O primeiro aspecto subordina-se “às necessidades imperativas do ser humano enquanto um ser histórico-natural”. Somente a partir do atendimento dessas necessidades torna-se possível o ser humano “fruir do trabalho propriamente humano - criativo e livre” (FRIGOTTO, 2001, p. 74).

Gramsci (1991, p. 118) questionava e discordava da educação dualista da Itália, que para a classe trabalhadora o ensino profissional, já para os burgueses o ensino clássico. Para esse autor (1991, p. 118) o processo educativo deve vir acompanhado do processo de trabalho superando-se, dessa maneira, a escola dualista por meio da implantação de uma escola unitária.

Nos dias atuais a educação é considerada nada mais que uma qualificação da mão-de-obra, beneficiando assim apenas a classe burguesa, e iludindo os proletariados que acreditam em uma educação que venha para livrá-los da condição de escravidão assalariada.

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