A Pedagogia Leituras Sociológicas
Por: Jennyfer Kloster • 7/4/2021 • Ensaio • 595 Palavras (3 Páginas) • 182 Visualizações
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CURSO: Pedagogia |
POLO DE APOIO PRESENCIAL: Alphaville |
SEMESTRE: 1º semestre |
COMPONENTE CURRICULAR / TEMA: Leituras Sociológicas |
NOME COMPLETO DO ALUNO: Jennyfer Kloster Freiria da Silva |
TIA: 10920502079 |
NOME DO PROFESSOR: Debora Cardoso da Silva |
Modernidade líquida
Zygmunt Bauman definia como “líquido” todos as características de nossa sociedade que têm passado por questionamentos de valores e, como no mundo virtual, podemos dizer que tais definições estão sendo reconfiguradas. Segundo o sociólogo polonês, o conceito de “mundo líquido” foi criado para substituir o de pós-modernidade. Acontecimentos marcantes do século XX abalaram os conceitos sólidos que a sociedade tinha, em especial no Ocidente, sobre tudo o que a cercava: trabalho, relações, limites, valores etc.
Ao chamá-lo de “líquido”, Bauman explica que, como todos os líquidos, o mundo “jamais de imobiliza nem conserva sua forma por muito tempo”. É dessa forma que vemos o consumismo transformar tudo em descartável; a moda lança uma tendência, mas a próxima estação pede outra; as profissões pedem mais especializações, porém, ao criar-se uma nova máquina ou sistema, um profissão é extinta em pouco tempo; o mundo virtual nos traz agilidade e comodidade para conversarmos com colegas do primário, embora as relações sejam rasas, pois não nos exigem esforços para serem estabelecidas.
A solidez dos valores nesse período de incertezas também não é mais a mesma. O que antes era determinado como certo e errado agora parece indefinido. Isso é extremamente latente na sociedade brasileira, por questões histórico-sociais, desde a invasão portuguesa. A obra de Sérgio Buarque de Holanda sobre a cordialidade do brasileiro conceitua de maneira exata um dos pontos cruciais para esse comportamento. O que é muito elogiado pelos estrangeiros pela impressão de generosidade e hospitalidade, é, na verdade, justamente o contrário da polidez, pois equivale a uma forma disfarçada que nos permite preservar a sensibilidade e as emoções e, com essa máscara, “o indivíduo consegue manter sua supremacia ante o social”, diz ele. Também crucial para compreendermos os fatores antes sólidos e agora questionados em nossa sociedade, a escravidão no Brasil se enraizou em nossa sociedade, criando um racismo estrutural que carregamos em pequenos atos cotidianos, muitas vezes de forma despercebida. Esse último, brilhantemente definida por Gilberto Freyre em “Casa grande e senzala”, muito embora já discutido em nossa sociedade inúmeras vezes, segue abafado por atos ilícitos vistos de um ponto de vista subjetivo, acometidos e encobertados por uma elite financeira, que lida com as novas legislações e valores em seu benefício, utilizando-se de seu poder e influência.
Apesar de todos os pontos citados, a grande ferida como sociedade líquida em que estamos inseridos, e diretamente ligada a nós, futuros educadores, é a imensa quantidade de informação produzida e o fácil acesso às mesmas. Essencialmente, o excesso de informação vem da conexão em rede de todos os meios de comunicação eletrônicos que possuímos hoje. Estamos mergulhados nesse oceano de bilhões de terabites, todos juntos e, ao mesmo tempo, temos “sede de sabedoria”, pois é impossível processarmos toda informação que recebemos. A educação, então, deve ser a chave do sucesso para formarmos cidadãos, desenvolvendo o pensamento crítico e os questionando, a todo instante, sobre a seleção de informações que lhes é relevante em seus contextos sociais. Há a certeza de que apenas a educação trará efeitos de longo prazo. A dúvida que nos aflige, porém, é como utilizar-se das possibilidades que os meios eletrônicos nos proporcionam em favor da educação, e não contra ela. Somos, por natureza, forçados a nos reinventar a todo momento e, nesse período histórico, que está apenas se iniciando, temos que nos apropriar do ensino como uma arma potente contra o que tal liquidez da sabedoria tem causada.
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