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A afirmação de Manuel Castells de que a tecnologia não determina a sociedade como uma sinalização

Por:   •  2/11/2015  •  Artigo  •  5.045 Palavras (21 Páginas)  •  1.063 Visualizações

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A afirmação de Manuel Castells de que a tecnologia não determina a sociedade como uma sinalização, e de que a internet é reflexo de um processo de grandes transformações políticas, econômicas, sociais, psicológicas e históricas que podem ser identificadas na Terceira Revolução Industrial e na Globalização, configura uma sociedade que está inserida numa mudança multidimensional. Desta relação ainda salienta o papel das tecnologias de comunicação e informação, que, para Castells, simbolizam a necessidade de uma época e sua resposta tecnológica mais avançada.

Para Gustavo Cardoso: "[...] a Internet é apropriada de forma diferente por diferentes pessoas e nem todas realizam usos que a diferenciem face ao que outros poderiam já oferecer [...]" (CARDOSO in CASTELLS; CARDOSO, 2005, p. 32). Partindo disso se torna perceptível um fato, o de que a internet é um meio flexível ao seu público, isso no sentido de que sua utilidade está associada a uma sociedade cosmopolita, cujo momento histórico presente expõe a complexidade das relações tanto no âmbito social, quanto político ou comportamental de um mundo que sofre com a aceleração do tempo, das necessidades e que se reflete no sentimento de uma humanidade que precisa de novas perspectivas para soluções de velhos e presentes problemas.

Fica perceptível que na internet apresentam-se possibilidades diversas, e isso se justifica pelo fato de que, ao romper com as distâncias, proporcionar uma comunicação interativa e participativa, promover contatos e serviços mais rápidos e mais acesso a estes, divulgar informação que não interessa à grande mídia, podendo oferecer acessos paralelos à informação qualificada, fica evidente que é por este meio que o fenômeno chamado por Casttells de "processo multidimensional" é um fato presente na História Contemporânea do Século XXI.

Ou seja, sem fazer futurologia, talvez seja a internet o instrumento de novos marcos no processo histórico. No entanto, este processo deve ser visto com olhar crítico, não no sentido de demonizá-lo nem tampouco de elevar a internet como única, ou última forma de transformação dos rumos da sociedade mundial. Casttells ressalta que:

Assim, a questão não é como chegar à sociedade em rede, um auto-proclamado estágio superior do desenvolvimento humano. A questão é reconhecer os contornos do nosso novo terreno histórico, ou seja, o mundo em que vivemos. Só então será possível identificar os meios através dos quais sociedades específicas em contextos específicos, podem atingir os seus objetivos e realizar os seus valores, fazendo uso das novas oportunidades geradas pela mais extraordinária revolução tecnológica da humanidade, que é capaz de transformar as nossas capacidades de comunicação, que permite a alteração dos nossos códigos de vida, que nos fornece as ferramentas para realmente controlarmos as nossas próprias condições, com todo o seu potencial destrutivo e todas as implicações da sua capacidade criativa [...] (Casttells in Casttells; Cardoso, p. 19, 2005).

Reflexão oportuna na medida em que essa transformação na ordem das coisas é um processo que tem reflexos diretamente no âmbito social do planeta. O mesmo autor ainda aponta que "[...] difundir a Internet ou colocar mais computadores nas escolas, por si só, não constituem necessariamente grandes mudanças sociais. Isso depende de onde, por quem e para quê são usadas as tecnologias de comunicação e informação [...]" (p.19).

As inúmeras possibilidades desta ferramenta oportunizam a construção de um mundo interligado, de uma diminuição de fronteiras. Pierre Lévy traz alguns conceitos elementares para esta discussão. O primeiro é o de atualização. O autor afirma que "a atualização aparece então como a solução de um problema [...]" (LÉVY, p.16, 1997).

Esta ideia está associada a uma palavra de ordem: a instantaneidade. Atualmente vivemos um problema que é discutido em diversos ambitos, por isso trazemos dois exemplos de como é vista a instantaneidade proporcionada pela internet. As professoras Angela Maria Belloni CuencaI, Eidi Raquel Franco Abdalla, Maria do Carmo Avamilano Alvareze e Maria Teresinha Dias De Andrade[17] da USP tratam da adaptação de acervos de bibliotecas com acervos físicos cuja problemática gira em torno da adequação de espaço físico e a facilitação promovida pela divulgação e disponibilização de acervos que podem ser visitados a qualquer hora do dia, via rede mundial de computadores. No entanto, na conclusão de seu artigo, as autoras deixam um ponto de interrogação:

Os próximos anos serão ainda períodos de mudanças significativas nas bibliotecas e no comportamento de seus usuários. Ambos deverão assimilar novos paradigmas quanto ao acesso e ao uso da informação. O desafio da biblioteca será como melhor utilizar os recursos virtuais para atender às necessidades de comunicação da comunidade científica cada vez mais exigente quanto à efetividade das buscas bibliográficas, da obtenção do documento integral e da resposta instantânea (CUENCA, et al.. 2009,p. 83).

Já o artigo de Nádia Laguárdia de Lima[18], "O fascínio e a alienação no ciberespaço: uma perspectiva psicanalítica" discute o fascínio pela virtualidade, em especial, pelo ciberespaço, utilizando recursos da teoria psicanalítica sobre a função da imagem na subjetividade. Em seu texto, a autora, dentre muitos pontos, destaca que a crescente virtualidade tecnológica tem promovido a expansão do registro imaginário da subjetividade, com todos os seus efeitos: perda da dimensão simbólica, que se traduz especialmente em termos de busca pelo prazer imediato e um desinteresse pelas atividades que exigem um esforço ou adiamento de satisfação, e a ilusão de se ter "tudo". Em um extremo, essa utilização do espaço virtual pode levar a uma posição de alienação à imagem fascinante, com a consequente perda reflexiva e crítica do pensamento.

Mesmo com objetos de estudo e análise diferentes, a discussão esbarra em um ponto inegável, a importante presença da cultura do ciberespaço seja na experiência cotidiana das classes médias ocidentais, seja na expansão quase ilimitada da possibilidade de arquivamento e acesso à informação.

A sociedade do século XXI tem vivido uma época de grandes avanços no campo da ciência, de mudanças na ordem política e mundial com a crise nos EUA e na Zona do Euro, de transformações culturais expressas em lutas pela diversidade sexual, movimentos de direitos civis, sociais e assim por diante. A internet, através de redes sociais como Facebook e Twiiter, tem desempenhado o papel de um veículo destas manifestações.

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