A crise da educação nos anos 90
Por: cascaneia • 31/8/2017 • Ensaio • 1.227 Palavras (5 Páginas) • 602 Visualizações
A crise da educação nos anos 90
O Liberalismo econômico perde força. Nesse contexto, toma posição então a proposta Neoliberal, que vem de um longo período se materializando, não é apenas uma mudança no discurso liberal, precisa-se considerar toda historicidade do decorrer de sua consolidação, que apresenta em sua ofensiva conservadora projetos educacionais semelhantes àqueles que estiveram presentes durante o período da Ditadura militar. Sobre isso, afirma SILVA 1994 que: “[...] há participantes do golpe militar transvestidos de neoliberais para propagar o novo credo liberal.[..]” p.17. Porém, para compreender como essa proposta se constitui no Brasil, é necessário ter ciência de que ela é parte de uma proposta internacional vinda de países como Estados unidos e Inglaterra
“Se quisermos compreender as estratégias que o projeto neoliberal no Brasil tem reservadas para a educação, é importante também compreender que esse processo é parte de um processo internacional mais amplo. Numa era de globalização e de internacionalização, esses projetos nacionais não podem ser compreendidos fora de sua dinâmica internacional. A presente tentativa nacional de conquista hegemônica apenas segue de forma atrasada, um processo que se inaugurou em países centrais como Estados Unidos e Inglaterra[...]”. (SILVA, 1994:14)
Sem via de dúvidas, assiste-se na década de 90 a uma série de reformas educacionais no país, o foco é conciliar as classes, onde os interesses da burguesia sejam perpetuados sem que hajam movimentos da classe submissa que venham a querer desmoronar a ordem social estabelecida. A exploração e a submissão à classe burguesa deve ser mantida, pautada no conformismo de que as coisas devem ser assim, sem revoluções. Ocorre a privatização das empresas estatais, e na escola esse é o momento para a difusão das ideias do projeto de qualidade total.
O novo projeto, para adquirir cada vez mais posição hegemônica, tende a utiliza-se dos meios de comunicação em massa para propagar sua ideologia de dominância. Há um maior investimento nas redes midiáticas para o aumento das propagandas, tomando a escola como um mercado alvo para os produtos sejam eles didático, paradidáticos, tecnológicos ou a para própria construção de artefatos culturais.
“[...] O que estamos presenciando é um processo amplo de redefinição global das esferas social, política e pessoal, no qual complexos e eficazes mecanismos de significação e representação são utilizados para criar e recriar um clima favorável à visão social e política liberal. O que está em jogo não é apenas uma reestruturação neoliberal, mas uma reelaboração e redefinição das próprias formas de representação e significação social.[...]” ( SILVA, 1994:13)
É evidente que há também uma redefinição das estratégias políticas, o importante no momento é que ocorra a manipulação, o espaço de discussão política passa a ser substituído por estratégias de convencimento publicitário. O olhar agora volta-se para a eficiência da produtividade no contexto da iniciativa privada, opondo-se esse, à ineficiência e aos desperdícios causados pelos serviços públicos. O exercício da cidadania é visto sob duas perspectivas: o agente político se transforma em agente econômico e o cidadão em consumidor, porém ambos centrais no projeto neoliberal global.
1.1 Educação visando a qualidade como critério mercantil
Em meio toda a crise que foi se instaurando até a década de 90, a escola passa a basear-se, no que pese a métodos de estudos, em um programa norte-americano denominado Total Quality Control (TQC), aqui chamado então de “Escola de Qualidade Total (EQT), este trazia suas características centrais fundadas em aplicar os princípios empresariais de controle de qualidade no campo pedagógico. O programa era visto como uma das soluções possíveis para a crise educacional do país, e trazia dentro de sua proposta de mudança, elementos primordiais para a transformação, tendo em vista os interesses da aplicação para o crescimento mercantil, dentre esses elementos está a avaliação do processo, visando uma melhoria constante, que se dava pelo treinamento em serviço, assim o aluno aprenderia desde cedo à distanciar-se do medo e eliminar barreiras, sempre tendo uma educação voltada para o aperfeiçoamento profissional, onde o foco principal é a “ação para a transformação”. A ideia de aplicação desse projeto é uma estratégia para que a instituição, ao mesmo tempo que mudasse sua proposta de ensino, mudasse também suas práticas dominantes, e isso causaria um certo “otimismo contagioso” no que diz respeito à qualidade.
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