ALGUMAS IDEIAS SOBRE AS BASES TEÓRICAS DA ANÁLISE DO CONTEÚDO
Por: Selma Pena • 20/9/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 3.558 Palavras (15 Páginas) • 240 Visualizações
SÍNTESE- Tayane Carneiro Lima (PIBIC)
FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise do conteúdo. Brasília: Plano Editora, 2003. 72p.
ALGUMAS IDEIAS SOBRE AS BASES TEÓRICAS DA ANÁLISE DO CONTEÚDO
O ponto de partida da análise do conteúdo é a propria mensagem, podendo ser esta verbal, escrita, gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada e ela expressa um significado (atribuído universalmente, algo generalizado a partir de suas características definidoras) ou sentido (atribuição de significado pessoal a partir da análise do contexto sócioeconômico e cultural em que foi produzida a mensagem).
Os componentes cognitivos, afetivos, valorativos, ideológicos são mutáveis e socialmente construídos portanto levam em conta o contexto sob o qual foi construído. Estes podem ser desconstruídos ou ultrapassados, por isso a análise do conteúdo tem suas bases na concepção crítica e dinâmica da linguagem, esta por sua vez entendida como uma construção real da sociedade e como expressão da existência humana que desenvolve em cada momento histórico suas representações sociais por meio da interação dinâmica entre linguagem, pensamento e ação.
O pesquisador deve ser competente, criativo, informado e esclarecido para ser capaz de analisar e interpretar as mensagens levando em conta a complexidade do processo e tomando os devidos cuidados para não exagerar na atribuição de valoração às palavras. Dai a importância da semântica para o estudo da língua e para a busca descritiva, analítica e interpretativa do sentido atribuído por um sujeito as mensagens verbais ou simbólicas.
A análise do conteúdo requer uma relevância teórica, ou seja, uma informação puramente descritiva não relacionada a outros atributos é de pequeno valor. Os dados precisam ser relacionados, além do que devem ser direcionados a partir da sensibilidade, intencionalidade e competência teórica do pesquisador. Deve saber fazer operações de comparação (diferenças) e classificação (semelhanças), esta operação classificatória é para Piaget (1967) uma atividade de abstração. A ação de organizar, objetivar e classificar um discurso é um exercício intelectual. Para compreender uma situação é necessário assumir uma ideia da história, a sucessão histórica.
CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS
A análise do conteúdo se situa na teoria da comunicação, a qual tem por base a mensagem, o que fala, o que escreve, com que frequência, intensidade, quais os simbolos figurativos utilizados, permite ainda fazer inferências a partir inclusive do silencio e das entrelinhas. É importante salientar que toda comunicação é composta de fonte, processo codificador, mensagem, receptor e processo decodificador.
Por isso, ao analisar mensagens, o investigador deve produzir inferências sobre as características do texto, as causas e efeitos da comunicação e isso requer maior bagagem teórica do analista direcionando sua análise do ponto de vista do receptor. Essa indagação é de suma importância para o vanço dos conhecimentos nas areas sociais. Como por exemplo descobrir os efeitos dos livros didáticos como elementos de veiculação ideológica, ou os efeitos das manchetes de jornais, ou sobre os programas alienantes de televisão
Outro ponto fundamental para além das causas e feitos da mensagem é buscar compreender o ponto de vista do produtor da mensagem. Nessa perspectiva, é preciso ter clareza que toda mensagem carrega em si a visão de mundo do autor, apresenta uma intenção comunicativa na seleção do conteúdo dela e o produto desta é na verdade uma produção social condicionada aos interesses da época ou da classe a que pertence.
Franco (2003) alerta sobre o perigo de debruçar-se sobre o ponto de vista do receptor, que é justamente o vitimismo, para tanto aponta para a necessidade de conjugar pesquisas que confrotem aas visões do (s) autor (es) e do receptor (es).
A polêmica do conteúdo manifesto e do conteúdo latente está na possibilidade de infinitas extrapolações sobre o que fora interpretado. Por isso é importante, segundo ela, partir da fala humana (tal como manifestada) e não falar por meio dela para evitar uma análise equivocada. Vale destacar que os resultados d análise doc onteúdo devem refletir os objetivos da pesquisa, tendo seu ponto de apoio nos indícios manifestos e capturáveis na comunicação.
O processo de análise deve iniciar por meio do conteúdo manifesto, seja ele explicito ou latente, presente em tudo que for escrito, falado, mapeado, desenhado e simbolizado, esse material deve ser contextualizado para obter assim uma sólida análise acerca do conteúdo. A contextualização é importante para relevancia dos resultados. Dito de outra forma, os resultados são relevantes quando analisados de forma contextualizada pois os discursos ganham sentido quando desvelamos as filiações teóricas e concepções de mundo em torno do texto, por isso os vestigios são indispensáveis nas análises porque são manifestações de dados, estados e de fenômenos.
O processo analítico apresenta três etapas, a descrição (enumeração das características do texto), a inferência que é a fase intermediária que vai permitir a passagem da descrição para a ultima fase, a interpretação. Na verdade, a autora Maria Franco (2003) afirma que a produção de inferências confere a esse procedimento relevância teórica. Pois uma informação puramente descritiva tem pouco valor. Assim, toda análise de conteúdo implica comparações, isso quer dizer que o investigador pode, também, comparar mensagens de uma única fonte emitidas em difirentes situações, em diferentes momentos e para diferentes audiências (públicos). Essa comparação de conteúdo das comunicações atraves do tempo, situação e audiencia são concebidas como análises, interpretações e inferências produzidas.
A autora aponta algo que considero interessante os dados obtidos mediante análise do conteúdo, podem ser comparados a algum padrão de adequação ou desempenho, ou seja, a análise empregam padrões definidos a priori a exemplo da análise do conteúdo presente nos meios de comunicação de massa. Para isso é necessário partir das mensagens emitidas. Destaca ainda que para garantir a validade e fidedignidade do conteúdo analisado é importante recorrer a um grupo de especialistas, com concepções de mundo, de sociedade e de indivíduo diferentes, considerando o momento histórico.
OS CAMPOS DE ANÁLISE DE CONTEÚDO
Existem 3 métodos de análise de conteúdo: Método Lógico- Estéticos e Formais; Método Lógico- Semânticos e Método Semânticos e Semântico- Estruturais. O primeiro busca aspectos formais típicos do autor ou do texto, o segundo é puramente semântico, tem fronteira com a hermenêutica, busca a interpretação, da imagem ou de um enunciado, no sentido das palavras (Teoria da interpretação) e último o lógico semântico estrutural considera uma das dimensões do exercício de compreensão e interpretação, a investigação social, oriunda de um longo, conflitivo e complexo processo histórico e social, ou seja, considera as situações que ocorrem em um determinado ambiente (espaços temporais específicos), no campo das interações pessoais e institucional mediados por modalidades técnicas de construção e transmissão de mensagens cada vez mais complexas nos dias atuais.
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