Alfabetização como processo de aquisição de um sistema tradicional de letras alfabéticas e ortográficas
Artigo: Alfabetização como processo de aquisição de um sistema tradicional de letras alfabéticas e ortográficas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Marinalva12 • 22/2/2015 • Artigo • 966 Palavras (4 Páginas) • 365 Visualizações
Apontando uma das possíveis causas do fracasso na alfabetização Soares (2004) aponta como uma da causa importante, dentre outras, do fracasso brasileiro em alfabetizar e letrar nossas crianças, o fato de ter havido a introdução de uma nova teoria de aprendizagem da língua escrita que se difundiu no Brasil, a partir da década de 1980: o construtivismo. Embora a teoria tenha vários méritos e leve em consideração os estágios de desenvolvimento da criança e o seu universo cultural, sua introdução se deu de maneira inadequada, sem o devido treinamento dos professores que deveriam aplicá-la. As teorias tradicionais defendiam o ensino da escrita através de métodos de alfabetização explícitos e diretos, como os métodos sintáticos e analíticos (fônico, silábico, global, etc.). A teoria construtivista defende que a criança, ao interagir com a língua escrita em seus usos e práticas sociais, é capaz de, progressivamente (re) construir esse sistema de representação, alfabetizando-se sem que sejam necessárias instruções diretas. Assim, a alfabetização, enquanto processo de aquisição do sistema convencional de uma escrita alfabética e ortográfica foi “de certa forma obscurecida pelo letramento, porque este acabou por frequentemente prevalecer sobre aquela, que, como consequência perde sua especificidade.” (SOARES, 2004, p. 11). De acordo com Soares (2004) é urgente uma revisão nos paradigmas hoje vigentes na educação, tendo em vista os alarmantes sinais de fracasso em alfabetização que hoje se verificam em nossas escolas. Não que se esteja pregando uma volta ao passado, com uso de métodos de alfabetização que ensinem apenas a identificação entre fonema-grafema, e habilidades de codificação e decodificação da língua escrita. Entretanto, ao inserir a criança no mundo letrado, permitindo a ela participar de experiências variadas com a leitura e a escrita, a escola deve oferecer a alfabetização como complemento que tem sua especificidade própria e que deve ser integrada aos esforços de letramento, sob pena de não conseguir atingir nem um nem outro objetivo.
Discussão: respeitar a cultura do aluno versus impor-lhe a norma culta da
Discussão: respeitar a cultura do aluno versus impor-lhe a norma culta da língua A discussão sobre a inserção das crianças no mundo letrado a partir da escola nos faz questionar com que objetivo inicial a escola deve promover essa inserção: ensinar a criança a decifrar o código lingüístico ou ensiná-la a usar a língua nos vários contextos sociais em que essa habilidade é exigida. Ao ensinar a decifrar o código lingüístico, a escola está impondo à criança uma forma de utilização da língua que se vincula à norma culta. Essa norma é utilizada por camadas sociais privilegiadas, ligadas aos grandes centros urbanos. É a norma que, historicamente, define quem é culto e, portanto, tem acesso às melhores universidades públicas e aos melhores empregos. Ao ensinar a utilização da língua no contexto social em que a criança vive, a escola está respeitando a cultura que a criança traz de sua comunidade e valorizando a visão de mundo que a criança tem. A criança não se percebe como inferior e consegue transitar no mundo escolar com a mesma desenvoltura com que transita no seu meio. Respeitar a cultura da criança é importante para que ela seja capaz de interagir, a partir de seu universo cultural, com o universo cultural representado pela escola. Impor uma cultura distante de sua realidade pode contribuir para que ela se afaste e se torne refratária às tentativas de alfabetização. Entretanto, quando essa criança cresce e se torna um jovem com demanda por emprego ou acesso a uma universidade pública de qualidade, depara-se
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