Amor sob a perspectiva da filosofia
Por: danielfabregas1 • 31/1/2019 • Seminário • 2.027 Palavras (9 Páginas) • 433 Visualizações
O Amor sob a perspectiva da Filosofia.
Lucrécio o pessimista
O amor sempre será o assunto mais importante, não só por ele mesmo, mas porque confere interesse a tudo. Se alguém disser que prefere falar sobre política, e porque ama política, se prefere falar sobre futebol, e porque ama futebol. Mesmo assim, há quem seja contra este sentimento que nos parece tão nobre, há que associe o amor como um apego nefasto para a vida. O amor causa oscilações afetivas que submetem quem ama a pessoa ou objeto amado. Isso causa uma lógica que não controlamos, pois ao perceber que o objeto de nosso amor pode simplesmente “ir embora”, deixando o amado em estado de sofrimento. Assim pensava Lucrécio, para ele, o amor apego era o maior de todos os males que poderia acometer alguém, em sua obra “De rerum natura”, Lucrécio faz uma campanha contra o amor apego, visto que o objeto de nosso amor é finito, perecível é altamente volátil, fazendo com que amemos apenas a lembrança, pois o objeto de nosso amor ou pereceu, ou mudou. O trânsito do amado, deixa o amor sem objeto. Deixando-nos a escolha entre uma vida estável e sem graça ou potencialmente feliz, mas instável e dolorosa.
Sócrates e “o banquete” dos desejos
Sócrates fez um célebre discurso em um banquete, texto de um livro escrito por Platão. Em “O Banquete”, Platão usa o amor como tema de seu discurso, eros, era um deus e ao mesmo tempo um sentimento. Sócrates dá ali uma definição que ultrapassa a barreira do tempo, amar é desejar! Amamos aquilo ou aquele que desejamos, na forma que desejamos e na intensidade em que desejamos, o problema é que acabando o desejo, acaba-se o amor. Cria-se assim uma equação, pois se amar e desejar, só desejamos aquilo que não possuímos, sendo o amor um eterno desencontro, pois ao obter aquilo ou aquela que é objeto de meu desejo, o amor se vai com o encontro. Sob essa perspectiva, sempre seremos insatisfeitos, pois amaremos tudo aquilo que não é nosso, a casa do vizinho, o carro da loja, as roupas do site, etc. O amor de Platão é um sentimento que leva o ser humano a uma busca infinita, regada de impossibilidades e inconformidade.
Kant e o amor “namoral”!
Antes de Kant, no mundo ocidental, haviam dois modelos mais célebres de moral, o modelo grego e o cristão dos quais ele desejava uma ruptura. Para os gregos, o universo era ordenado, cósmico e finito, neste universo, cada coisa possui sua finalidade, ou seja, a razão de ser das coisas está em sua finalidade. Sendo assim, dentro de uma perspectiva aristotélica, a vida é boa quando cumprimos nossa finalidade cósmica, para isto, é preciso autoconhecimento para identificar nossos atributos e assim, achar nosso lugar no mundo (conhece-te a ti mesmo - Sócrates) encontrando nossas virtudes. A virtude seria assim, uma mensagem cósmica sobre sua função e lugar no universo, cabendo ao indivíduo a buscar o aprimoramento de suas virtudes para uma vida boa, pois para o grego, viver bem é possuir sua dignidade moral.
Para Kant, em “Crítica da razão prática”, não é a virtude ou o talento natural que faz a dignidade moral de alguém. A moral moderna de Kant prega que é um ato racional capaz até mesmo de se opor a natureza quando a mesma nós leva para um caminho não interessante socialmente (boa vontade). Para o pensador, nada é bom em si, nem mesmo as melhores e maiores virtudes humanas, sendo que elas podem ser usadas para o mal. Então a dignidade moral está em o que fazer com os recursos naturais que o universo nos proporcionou, criando assim o conceito de humanidade.
No modelo cristão, a moral consiste em obedecer regras que foram estabelecidas por Deus, sendo assim um modelo teológico. Como cristão e formado em teologia luterana, kant propõe rupturas menores com a filosofia cristã, mas ainda sim importantes para seu contexto, pois propôs um fim para o pensamento teológico da ética. Para o autor, Deus é uma questão de fé, já a moral e a ética não. Ele descreveu isto em “ A religião nos limites da simples razão.” Para o filósofo a dignidade moral tem como tema o desinteresse, pois para se fundamentar em Deus seria uma ação totalmente interesseira. Onde entra o amor? O amor ganha protagonismo, pois sem o amor não há moral, pois para o autor, por ser o amor uma virtude, ou seja, algo inerente ao ser, ou um ganho do cosmos e a moral uma ação proposital da razão, a moral torna-se uma imitação do amor. Se não ama seu vizinho, aja como se amasse, se não ama seu chefe ou seu trabalho, aja como se isso fosse realidade e assim se constrói a moral, sendo uma imitação ao máximo possível similar ao amor. O autor chama esta ação de amor prático, a imitação do comportamento de quem ama.
Acréscimos e comentários
Ética protestante em weber
A ética protestante e o "espírito" do capitalismo é uma obra produzida por Max Weber (1864-1920). Nele o autor investiga a relação existente entre certa forma de conduta econômica e suas raízes religiosas.
A obra é composta por cinco capítulos, distribuídos em duas partes (que correspondem aos dois artigos já citados).
O autor discute a relação entre "Filiação religiosa e estratificação social" na Alemanha. Partindo de diversos estudos estatísticos de seu país, Weber verificou uma relação entre crença religiosa e tipo de atividade econômica. Ele constatou que proprietários do capital, empresários e mão de obra qualificada, eram, em regra, de origem protestante. No campo da educação, por sua vez, católicos tinham inclinação para uma educação humanística, enquanto os protestantes preferiam uma educação de tipo técnico.
Visando explicar a razão desse fenômeno, Weber apresenta sua definição de "espírito do capitalismo". Aqui que ele definiu seu objeto de pesquisa, considerado por ele uma "individualidade histórica". Evitando dar definições abstratas, escolheu, como exemplo dessa forma de comportamento, as máximas de Benjamin Franklin: tempo é dinheiro, crédito é dinheiro, dinheiro é fértil por natureza, o bom pagador sempre terá crédito, as mínimas ações afetam o crédito etc. Nessas regras, ele viu a manifestação de certo espírito moral ou ethos: a ideia da profissão como dever e da necessidade de se dedicar ao trabalho produtivo como fim em si mesmo. Essa forma de encarar diferenciava-se, claramente, do tradicionalismo econômico, pois aqui o indivíduo apenas se dedicava ao trabalho enquanto algo necessário, mas não como um valor intrínseco, um fim em si mesmo. Isso o leva às raízes religiosas dessa forma de ação e à análise do "Conceito de vocação em Lutero". Analisando a tradução que Lutero fez da Bíblia e do termo "profissão" ou "vocação" (em alemão Beruf), ele diz estar aí presente uma ideia nova: a de uma missão dada por Deus.
...