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As desigualdades econômicas e as inter-relações com as questões sociais e educacionais

Por:   •  19/9/2022  •  Trabalho acadêmico  •  3.352 Palavras (14 Páginas)  •  137 Visualizações

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As desigualdades econômicas e as inter-relações com as questões sociais e educacionais

RESUMO

O proposito deste artigo é refletir sobre como as questões econômicas interferem na educação e refletem nas desigualdades sociais. Através de uma metodologia baseada no materialismo histórico-dialético e nas bibliografias de autores como Marx (2004), Saviani (1997), entre outros, conseguimos realizar uma curta análise histórica para olharmos com mais atenção para um assunto que nos tempos atuais vem se percebendo mais visível principalmente nas instituições escolares. As desigualdades econômicas são notáveis em diversos países do mundo, e por ser pertinente em diversos estudos acadêmicos e em questões sociais e políticas é necessário que entendamos suas causas e possíveis mudanças que contribuam para a resolução desse problema.

Palavras-chave: educação. Sociedade. desigualdades.

INTRODUÇÃO

        Sabemos que o conhecimento ou o saber nasce antes de grandes revoluções e construções, pois sem ele é impossível construirmos formas de desenvolvimento que possibilitem que uma sociedade nasça, que cidadãos se formem e que haja sempre novas contribuições e inovações para que essa mesma sociedade tenha mudanças positivas ao decorrer dos seus anos.

        A construção histórica de uma sociedade é pautada na educação. Em meio aos processos históricos que constituem as instituições escolares poderemos notar que ela sempre foi instrumento das classes considerada mais altas. As primeiras escolas públicas só vieram a nascer a partir do século XVIII, antes desse período sabemos que só a burguesia tinha direito ao conhecimento.

        A pergunta que fazemos é: o porquê esse direito ao conhecimento era direcionado somente aos burgueses e porque ao longo dos anos as classes mais baixas puderam obter acesso a essas instituições? Será que as questões econômicas da sociedade interferiram nesse processo? Leontiev (1978) nos mostra que:

 Com o progresso da humanidade, acumula-se a prática sócio-histórica, possibilitando o crescimento do papel específico da educação, tornando a tarefa desta cada vez mais complexa “[...] esta relação entre o progresso histórico e o progresso da educação é tão estreita que se pode, sem risco de errar, julgar o nível geral do desenvolvimento histórico da sociedade pelo nível de desenvolvimento do seu sistema inversamente” (LEONTIEV, 1978, p. 273).

Podemos dizer que, inicialmente, não havia a necessidade das instituições educacionais pois, o processo educativo era apenas um meio de transmitir conhecimentos necessários somente para a sobrevivência, Ponce (1986) afirma que:

[...] com o desaparecimento dos interesses comuns a todos os membros iguais de um grupo e sua substituição por interesses distintos, pouco a pouco antagônicos, o processo educativo, que até então era único, sofreu uma partição: a desigualdade econômica entre os “organizadores” – cada vez mais exploradores – e os “executores” – cada vez mais explorados – trouxe, necessariamente, a desigualdade das educações respectivas (PONCE, 1986, p. 25).

Para desenvolver esse estudo sobre a educação escolar e sua abrangência econômica e tentarmos analisar as perguntas realizadas anteriormente, recorremos a autores além dos citados, como Marx (2004), Saviani (1997) e Manacorda (2002) grandes defensores das questões capitalistas e educacionais.

Educação: a partir de que momento se tornou função econômica

        

        No início quando os primeiros jesuítas chegaram aqui em 1549, a principal função da educação era a catequização voltada principalmente para os povos indígenas, com o objetivo de conversão a religião cristã. Já nessa época, podemos perceber que o ensino tinha um teor diferenciado, pois, do outro lado da história, os filhos dos europeus recebiam outro tipo de ensino, o conteúdo era voltado as letras e lógico que isso partia da elite colonial da época, pois a relação entre a igreja e a burguesia era extremamente clara.

        Quando Marques de Pombal expulsa os jesuítas do Brasil, ocorre em 1772 uma modificação na educação, chamada de reforma pombalina, foram criadas poucas escolas e a maioria eram realizadas nas casas dos próprios professores, há uma precariedade nessa época, pois muitos professores não possuíam capacitação suficiente para dar aulas, a defasagem dos alunos aconteceu e com ela também a exclusão, até porque a elite não queria indígenas nem negros ao lados dos seus filhos por esse motivo os filhos dos aristocratas tinham as condições de estudar no exterior,

        Em 1808 quando a família real chega à educação e modifica mais uma vez, mostrando a diferenciação da educação para as classes, a partir daí a educação se torna uma questão mais econômica, as primeiras escolas de ensino superior são criadas e voltadas para os filhos da nobreza portuguesa e aristocracia brasileira, para que esses indivíduos exercessem cargos na corte e nos serviços públicos, cargos como médicos e engenheiros.

        Porém, a sociedade começa a mudar, construções precisam de mão de obra especializada, instituições escolares necessitam de professores capacitados, industrias começam a surgir e precisam de trabalhadores, a escola como direito e também como impulsionadora da economia começara a ter uma participação mais efetiva e os trabalhadores começaram a notar que tanto eles como seus filhos possuem direitos relacionados a ela. Romanelli (2012, p. 25) estudando esse sistema antigo de ensino diz: “O sistema arcaico de ensino, seletivo e aristocrático, torna-se então um obstáculo ao sistema econômico. Este passa, pois, a pressionar o sistema educacional no sentido de renovar-se”.

        Manacorda (2002) afirma que as questões políticas e econômicas passam a caminhar com as questões sociais:

De fato, por revolução política revolução social [...], quanto à primeira, a revolução burguesa e, quanto à segunda, a revolução proletária, como se a burguesia visasse somente mudanças políticas sem conteúdos sociais e de classe, e o proletariado visasse somente mudanças sociais sem problemas de poder político. Mas a forma histórica de traduzir esses termos do discurso é que, ao lado da burguesia, até agora protagonista da história moderna, surge uma força antagônica, que a própria burguesia suscita e sem a qual não pode subsistir: é o moderno proletariado industrial [...]. (MANACORDA, 2002, p.p. 269-270)

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