Atps politicas educacionais
Por: fernandabuffalo • 25/8/2015 • Relatório de pesquisa • 4.262 Palavras (18 Páginas) • 360 Visualizações
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Rodrigo Aparecido Buffalo ¹
Ana Marta Ferreira Corrêa ²
2 A LEITURA, SUA HISTÓRIA E SEUS SIGNIFICADOS
A prática da leitura está presente na vida das pessoas desde os tempos mais remotos. Historicamente, o acesso à leitura era para poucos, durante muito tempo era um ato restrito e ao longo dos séculos seus significados e objetivos mudaram com a evolução da sociedade. Em súmula, o homem evolui quando entra em contato com a leitura. Ao longo da história da humanidade, encontraram-se fatos que demonstram que a evolução da sociedade foi um processo lento, passando por vários momentos que serão analisados ao transcorrer desta pesquisa.
De acordo com Aranha (2006), com a queda do Império Romano, a Igreja Católica era responsável pela educação, seus ensinamentos estariam de acordo com as revelações contidas na Sagrada Escritura. Naquele período, o Clero era detentor das práticas de leitura, seus livros eram restritos aos monges, que ensinavam a leitura somente aos nobres. A leitura, basicamente era de conteúdo religioso e filosófico introduzido por Santo Agostinho. Esta realidade mudou com o Renascimento, neste período ocorreram muitas evoluções culturais e filosóficas. O Renascimento trouxe muitos progressos para aquela sociedade, o homem passou a ser visto como centro do Universo, iniciando um processo de valorização do homem em todos os setores: literatura, artes, ciências.
Ainda, segundo a autora (op. cit.), a burguesia e os príncipes uniram-se para se opor a monopolização da Igreja, eles também buscavam ser instruídos, queriam ter acesso à leitura e ao conhecimento. Com a leitura, e o conhecimento obtido dela, iniciou-se um processo de valorização do homem em todos os setores, principalmente na literatura, artes e ciências. Após a revolução burguesa, no século XVIII, que defendia a “igualdade, liberdade e fraternidade”, surgiram vários movimentos liberais, que impulsionaram a evolução da sociedade, um dos movimentos citados foi o Iluminismo.
A Idade Moderna (séculos XVII e XVIII) se caracterizou no plano filosófico-cultural por um projeto Iluminista. Por meio dos conhecimentos obtidos racionalmente, os homens não apenas se esclareceram individualmente como ainda poderão construir uma sociedade mais adequada e justa. (SILVA, 2009, p. 8)
Conforme os autores, depois da Revolução Burguesa, que reivindicava direitos iguais e exigia a descentralização do poder do Clero e dos Nobres, que dominavam todos os setores, principalmente, o conhecimento e a leitura. O Iluminismo foi um dos movimentos que impulsionaram a evolução social, através da leitura. Segundo Veríssimo (1995), o iluminismo, símbolo de liberdade, usava como meio de expressão a leitura e a escrita. Naquele período, a leitura abriu portas para vários movimentos artísticos literários. Seus percussores usavam a literatura para desabafar seus sentimentos, para retratar e expressar suas emoções, desejos, críticas e pensamentos intensos.
[...] o iluminismo foi sobre tudo um movimento de liberdade espiritual, primeiro, se lhe remontarmos às últimas origens, filosófica, literária e artística depois, e ainda social e política. Em arte e literatura seu objetivo foi fazer algo diferente do passado e do existente, e até contra ambos. Excedeu o seu propósito, e em todos os ramos de atividade mental, até nas ciências [...] (VERÍSSIMO, 1915, p. 67).
Comprova-se por esta citação de Veríssimo que foi através da leitura que os homens se libertaram, a leitura passou a ter cunho político-social, mudando a realidade da sociedade daquele período.
Para Aranha (2006), na Idade Moderna (XVII E XVIII) surgiram as primeiras Instituições destinadas à transmissão de conhecimento, contudo ainda era um privilégio de poucos, somente a elite poderia ser instruída. Anos mais tarde, com a Revolução Industrial, a necessidade de encontrar mão de obra qualificada fez com que as instituições educadoras fossem expandidas para as classes mais pobres, porém os conteúdos eram limitados para a o mercado do trabalho. A leitura se baseava em manuais de instruções para o manuseio das máquinas industriais.
Percebe-se que ao longo dos anos o ato de ler ou a leitura teve diversas finalidades. Primeiramente durante anos a sociedade não tinha acesso à leitura, consequentemente vivia alienada, a mercê dos ensinamentos religiosos. Etimologicamente, ler não era o ato de escolher um texto, primeiro, conforme dito anteriormente, a leitura baseava-se nos ensinamentos religiosos, depois com os movimentos literários, poemas, contos ou narrativas eram lidos em voz alta, sendo declamados ou dramatizados, ou seja, a leitura era expressa oralmente pelo leitor. Depois vieram os manuais instrutivos objetivando informar os operadores das máquinas industriais, direcionando e limitando os leitores para a aprendizagem técnica.
Atualmente, a concepção de leitura ganhou outros significados e objetivos. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa Silveira Bueno (1999): Ler: ver o que está escrito, proferindo ou não, mas conhecendo as respectivas palavras; conhecer, interpretar por meio da leitura; pronunciar em voz alta; recitar; decifrar, interpretar o sentido de, explicar. Leitor: aquele que lê. Leitura: ato ou efeito de ler; arte de ler; hábito de ler; aquilo que se lê.
A partir desses conceitos de Ler, Leitor e Leitura, percebem-se que a atualmente, a leitura tem outros objetivos além daqueles já apresentados. Atualmente ler significa muito mais que apenas decodificar palavras. Mas, qual seria a relevância da leitura para a sociedade atual? E no Brasil, como nasceram as práticas de leitura?
- O Brasil e a leitura
De acordo com Aranha (2006), no Brasil, a educação inicia sua história após seu descobrimento em 1500, os primeiros jesuítas iniciaram a catequização dos índios em 1549. A Companhia de Jesus chegou ao Brasil, o objetivo inicial era ensinar os índios conforme os ensinamentos advindos do cristianismo. Além dos conhecimentos religiosos, os jesuítas também ensinavam aos indígenas conhecimentos necessários a leitura e a escrita.
Segundo a autora (op. cit.), em 1564, na Bahia, os jesuítas criaram a primeira escola. Basicamente, os meninos eram instruídos com conteúdo ético, religioso, leitura, escrita e contagem básica. As meninas também freqüentavam a escola, porém eram ensinadas as práticas domésticas. Em síntese, a educação ofertada nesse período era conforme os interesses da Corte Portuguesa, explorar as terras brasileiras estabelecia um ensino que possibilitava dominar os índios e ofertar saberes essenciais para o trabalho. Os interesses da Companhia de Jesus eram ensinar os ideais filosóficos do cristianismo, e Portugal estava interessado nas riquezas do Brasil.
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