Atpsleitura e produção de texto
Por: 251268 • 16/4/2015 • Trabalho acadêmico • 3.070 Palavras (13 Páginas) • 260 Visualizações
Concepção de leitura
O homem começou a interagir através de símbolos os quais davam significados e materializavam a comunicação com outras pessoas. O primeiro aspecto que chama atenção sobre o mundo das palavras, segundo Paulo Freire é:” O bom leitor é aquele que percebe no ato de ler um movimento de conhecimento da realidade”, uma vez que ler é mais que decodificar “signos e símbolos”, é inserir-se no mundo das palavras, já que para perceber o dito mundo, a leitura exerce a função social de percepção e compreensão desse universo de informações principalmente hoje que somos bombardeados por elas através de cores, imagens e signos variados. Daí que ler e ter uma atitude reflexiva diante desses textos é que seremos leitores ativos.
Segundo Silva, 1987 “é de fato que o propósito básico de qualquer leitura é a apreensão dos significados mediatizados ou fixados pelo discurso escrito, ou seja, a compreensão dos horizontes inscritos por um determinado autor em uma determinada obra”.
Já que vivemos em um mundo de informações, precisamos compreender e conhecer a razão de ser das coisas e apreender os significados inseridos no interior de um texto e correlacionar tais significados com o conhecimento do mundo que o circula e do meio social em que o texto é produzido.
As concepções de leitura variam conforme a visão de sujeito, de língua, de texto e de sentido.
A primeira concepção é aquela que tem o “foco no autor,” onde o texto só existe quando o autor escreve e alguém lê. O leitor tem que compreender o sentido que o autor quer dar, ou seja, reconhecer as intenções do autor, exercendo a função passiva. Este tipo de texto está centrado no autor.
A segunda concepção de leitura é a que tem o “foco no texto”, ou seja, leva em conta o sistema estrutural da língua como sistema, código, a pessoa que escreve usa o código, ele faz a codificação, nós como leitores fazemos a decodificação para chegarmos a compreensão desse sentido. Se uma leitura não proporcionar o entendimento do leitor para o conteúdo , o momento histórico social, então a leitura perde sua validade. Perde sua validade porque as palavras do autor vão ficar sem entendimento. Não terá ligação com a realidade do leitor, sua história e então ele não terá a compreensão e o entendimento esperado, já que não tem nada a ver com o que ele vive na realidade.
A terceira concepção de leitura tem o foco na interação autor- texto- leitor, o texto fica entre o autor (emissor) e o leitor (locutário), onde há a concepção interacional ( dialógica da língua), ou seja, entende-se que o leitor interaja com o texto estabelecendo sentido,as experiências e os conhecimentos do leitor deverão ser levados em conta para que se crie uma ligação entre o leitor e o texto, desta forma há uma relação entre “textos-sujeitos”.
Pluralidade de leituras e sentidos
Considera as diferenças de um leitor para outro e seus conhecimentos. O sentido do texto não está apenas no leitor, nem no texto, mas na interação autor-texto-leitor.
A pluralidade de leituras e de sentidos pode ser maior ou menor dependendo do texto, do modo como foi constituído, do que foi explicitamente revelado e do que foi implicitamente sugerido.
[pic 1]
Na tirinha o cascão pensa que cebolinha está falando de um modo certo. A interação do leitor com o texto constrói-se quando ele dá o sentido ao que é lido.
Maurício de Souza (autor) passa para o leitor as informações explicitamente constituída como também as que estão implicitamente sugeridas. Se o leitor não sabe que cebolinha fala errado, não terá sentido, não vai entender.
Estratégias de Leitura
Quando lemos um texto, é natural fazermos antecipações e hipóteses em relação ao texto como: o autor do texto, o gênero, o título, o tema que será abordado. A partir daí já fazemos várias suposições , o que será que vai acontecer agora, e depois dessa parte? Com isso vamos criando expectativas e fazendo perguntas, que ao longo da história serão respondidas, às vezes há acertos quanto as suposições e, às vezes não tinha nada a ver. É o que constatamos nesse texto de Chico Buarque:
Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nome para lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí
Olha aí
Olha aí, aí o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, aí é o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega
Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse , seu moço
Ele disse que chegava lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, aí o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
O texto se constrói numa espécie de sinais trocados, onde o leitor ora entende de um jeito, ora de outro, pois as evidências de uma situação são interpretadas como outra coisa, ou seja, as evidências de que o menino é ladrão são representadas pelos objetos que ele traz para a mãe. Ela as interpreta como “presentes”, fruto do trabalho (”batente”) do filho. Na última estrofe a mãe “interpreta” a foto do menino morto, no meio do mato, que saiu nos jornais (“manchete, retrato”), como um sinal de sucesso: “desde o começo, eu não disse, seu moço?/ Ele disse que chegava lá[...].
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