CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EJA
Por: TUTIADE • 21/10/2017 • Artigo • 2.851 Palavras (12 Páginas) • 500 Visualizações
A EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Brasil sempre foi tema de muitas discussões, sendo que essas discussões permitiram e vêm permitindo várias transformações ao longo dos tempos, todas as transformações foram enriquecedoras para a EJA, pois essas mudanças sempre aconteceram com o intuito de oferecer um ensino de qualidade aquelas pessoas que por um motivo ou outro não foram alfabetizados na idade certa.
Ao longo dos tempos foram realizadas muitas campanhas por populares contra o analfabetismo, considerado um grande problema no país ao longo da história.
Segundo Souza (2007, p. 131).
No Brasil, o escravismo e segmentação entre elite proprietária e os escravos ou os homens libertos são fatores, entre outros, que justificam a tardia preocupação com a educação pública [...]. Somente no século XX é que, diante das mudanças na economia – com início da industrialização – e das manifestações dos movimentos populares, a educação de adultos conquista especificidade e lugar na legislação na condição de ensino supletivo.
As manifestações por populares aos poucos foi surtindo efeito e a educação para jovens e adultos foi sendo conquistada. No início a EJA foi pensada como educação de adultos no âmbito de educação popular, mas com o grande índice de jovens analfabetos a EJA se constituiu num campo mais pedagógico visto que a educação é um direito de todos (SOUZA, 2007).
A autora ainda ressalta que:
Durante muito tempo, a EJA teve o intuito de superar o atraso daqueles que não sabiam ler e escrever, adotando uma concepção instrumental de educação, sem que levasse em conta a experiência de vida dos trabalhadores. Havia o interesse político de “erradicar” um dos males do subdesenvolvimento, mas não o de provocar rupturas para superação dos reais problemas sociais e estruturais da sociedade brasileira, como a concentração de renda e de terras (SOUZA, 2007, p. 16).
A preocupação não era atender as necessidades dos jovens e adultos, que por um motivo ou outro não foram alfabetizado na idade certa, mas havia um interesse político em mostrar o desenvolvimento do país por meio de quantidade e não de qualidade.
De acordo com Gadotti et.al. (2008, p. 35):
No Brasil, até a segunda guerra mundial, a educação de adultos foi integrada à educação chamada popular, isto é, uma educação para o povo, que significava difusão do ensino elementar. Depois da segunda guerra, seguindo tendências mundiais, a educação de adultos foi concebida basicamente como independente da educação elementar, muitas vezes com objetivos políticos populistas.
A desigualdade social é marca registrada no Brasil, exemplos de desigualdades podem citar direitos diferentes para os senhores e escravos; a proibição do voto para analfabeto; discriminação de cor, religião, ou raça etc. Essa desigualdade sempre afetou o campo da educação a população pobre sempre foi a mais atingida pela falta de acesso à escola (SOUZA, 2007).
Com a desigualdade social surgem as primeiras campanhas contra a falta de acesso “As primeiras campanhas de Educação de Adultos (CEA), ou Campanha de Educação De adolescentes e Adultos (CEAA), foi criada em 1947 e extinta em 1963”. Ela tinha o objetivo de expandir entre as massas os postulados do novo regime político – a democracia liberal (SOUZA, 2007).
A EJA (Educação de Jovens e Adultos) é parte integrante da Educação Básica, sendo uma modalidade de ensino destinada aos alunos que não concluíram na idade própria os estudos no Ensino Fundamental ou Ensino Médio.
A Educação de Jovens e Adultos é considerada mais do que um direito para os cidadãos brasileiros, pois oferece oportunidade para que o indivíduo que por um motivo ou outro não concluiu seus estudos em idade própria possa concluir preparando-os para o seu pleno exercício da cidadania.
A educação de jovens e adultos vem sendo compreendida na história, por meio de muitas campanhas e movimentos desenvolvidos, quase sempre, por motivações políticas e econômicas. Muitos desses foram organizados por voluntários, outros com vínculos governamentais. Mas as campanhas não conseguiram acabar com o analfabetismo no Brasil. Nezzi (2009), afirma que esta é marcada pela “insuficiência pela descontinuidade de inúmeras políticas públicas, que ao longo da história, nunca chegaram a atender as reais necessidades da demanda educacional existente. Os direitos básicos a educação nunca se concretizou plenamente” (NEZZI et.al., 2009, p.17).
A partir de 1940 veio o reconhecimento da necessidade de acabar com o analfabetismo e assim passa ser visto como um problema nacional, com isso surgiu movimentos e campanhas para alfabetizarem adultos e adolescentes, e neste período, a EJA está dentro do contexto educacional. Muitos organizados por voluntários, outros com vínculos governamentais, mas correspondia a uma ampliação de estudantes e por uma questão política partidária aumentando-se os números, de eleitores, pois até então analfabeto não tinha direito ao voto.
Nesse entendimento Sauner afirma que havia “dificuldade de aceitar o voto do analfabeto, só recentemente admitido na legislação” (SAUNER, 2010, p. 47).
Nos programas com vínculo governamentais a preocupação não era uma educação humanizadora, mas sim o implemento de programas de alfabetização funcional no sentido quantitativo e não visava qualidade do ensino mas a preocupação era somente o domínio dos códigos da língua escrita.
Estes projetos vêm sendo aplicado até hoje de forma e tempos diferentes, mas continua não atendendo a necessidade dos educandos visando somente o interesse político, onde acabam não correspondendo às necessidades dos estudantes da EJA. Nesse sentido Tiepolo afirma que o estudante adulto “possui uma rica experiência de vida não domina apenas uma parte dos códigos do mundo -a linguagem escrita- porém podemos dizer que ele é em certa medida, mais letrado do que algumas crianças e jovens que se apropriaram de uma escrita meramente escolar” (TIEPOLO et.al., 2009, p. 128).
Atualmente as campanhas são expressões pouco usadas, mas os programas continuam, e com objetivo de atender os estudantes adultos. Este não tem uma política pública que assegure o direito do adulto – idoso a prosseguir seus estudos dos demais.
Souza (2011, p. 159) explica que:
As ações de alfabetização da educação de jovens e adultos, posto não haver políticas públicas que assegurem articulação efetiva ente fase de mobilização
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