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Crise na Educação

Por:   •  28/2/2016  •  Resenha  •  1.068 Palavras (5 Páginas)  •  1.884 Visualizações

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ALMEIDA, Vanessa Sievers. Educação em Hannah Arendt. Cortez, editora.

A Crise na educação

    As reflexões de Arendt sobre a educação tiveram início nos Estados Unidos em 1950 e se tornou um grande problema político. Para ela, isso não diz respeito apenas ao âmbito da educação, esses problemas educacionais são o reflexo de uma crise ampla que acomete o mundo moderno, e essa crise relaciona-se às características básicas da sociedade moderna. Esses pressupostos do mundo moderno vão atingir também a pedagogia e suas práticas educativas. A autora faz reflexões sobre o papel que a educação vai desempenhar dentro de uma sociedade.

   Primeiramente, ela diz que a essência da educação é a natalidade e que os recém-chegados merecem ser incluídos adequadamente para que no futuro possam exercer certas responsabilidades. Segundo Arendt, a tarefa da educação é introduzir essas crianças num mundo que lhes antecede e que continuará depois delas, ou seja, é a natalidade que vai permitir aos homens a possibilidade de ação no mundo.

   Para Arendt, o mundo é um espaço construído pelo trabalho e pela ação, e não apenas o que nos rodeia. O homem constrói artefatos que vai lhe garantir um lugar duradouro no meio da vida e da natureza, e dentro desses espaços construídos eles criam formas de convivência e interação.

   Arendt diz que o mundo é regido pela lógica do trabalho, uma vez que este determina as condições de nossa existência na terra, e do consumo, pela lógica de produção. As atividades do trabalhar, do fabricar e do agir que compõem a vida ativa ou, a condição humana. Faz distinções entre vida ativa e vida contemplativa para nos mostrar que nossa existência no mundo vai abranger múltiplas necessidades e possibilidades.

   Arendt tem uma certa dificuldade para definir o que vem a ser o mundo, e o emprega no sentido mais amplo, não vai se referir apenas como conjunto de artefatos feito pela ação do homem( homo faber), o mundo sempre diz respeito ao espaço e os assuntos compartilhados entre os indivíduos, extrapolando interesses privados e imediatos. O mundo é o que temos em comum, depende fundamentalmente da possibilidade de comunicação entre as pessoas e é por meio dela que percebemos que existe uma realidade da qual participamos.

  Arendt denomina de senso comum essa possibilidade de estabelecermos uma realidade de falarmos sobre uma mesma coisa. A educação aparece necessária não apenas para preparar as crianças para vida e suas necessidades, mas também para fomentar a participação delas no mundo comum.

  Arendt trata da liberdade humana e diz que o seu espaço é a esfera pública. As crianças embora livres por terem nascido não exercem sua liberdade no espaço comum, elas precisam de proteção do âmbito privado, sem que sejam expostas às pressões de domínio público, pois elas ainda são vulneráveis e não estão prontas para fazer parte desse âmbito público.

  Segundo ela, a educação é um âmbito no qual se sobrepõem três esferas: a privada, a pública e a social. Para ela, educar é introduzir no mundo público o dever de proteger as crianças, que é um dos seus eixos sobre o conceito de educação.

   A escola, segundo Arendt, torna possível a transição da criança de alguma forma, da família para o mundo. Para ela, os professores são os representantes do mundo frente à criança. O educador vai assumir o papel de mediador e esse papel vai lhe exigir uma responsabilidade dupla, como assumir tanto a responsabilidade pelos seus alunos quanto pelo mundo, afim de protegê-lo e conservá-lo, mostrando sua importância para eles.

   Arendt ressalta a importância da autoridade do professor, segundo ela, na educação a responsabilidade pelo mundo vai assumir forma de autoridade, mas o professor não deveria ser autoritário com seus alunos, estes deveriam ser apresentados ao mundo e estimulados a renová-lo.

   As causas de uma crise na educação se encontram com base no mundo moderno. Para Arendt, um dos principais equívocos presentes na educação hoje é a pretensão de libertar as crianças da autoridade dos adultos, e por consequência libertar os adultos de decisões que somente a eles cabem dentro do processo educativo. Isso acontece devido ao fato de os adultos se desresponsabilizarem pelo mundo ou até rejeitá-lo, o que vai impossibilitar a tarefa educativa.

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