De que infancia nos fala a psicologia do desenvolvimento?
Por: Clarice Tavares • 3/12/2018 • Trabalho acadêmico • 563 Palavras (3 Páginas) • 500 Visualizações
De que infância nos fala a psicologia do desenvolvimento? Algumas reflexões de Betina Hillesheim e Neuza Maria de Fátima Guareschi
O texto levanta questionamentos que nos possibilitam enxergar a infância além do senso comum, e nos ajudam a compreender melhor essa complexa fase da vida, abordando questões sociais, afetivas e culturais que afetam o desenvolvimento da criança.
Para a autora, a infância se trata de uma invenção da modernidade. Seu argumento se contrapõe a Ariès, que trata a infância como uma descoberta da modernidade. O termo descoberta é criticado pois segundo ela a infância se trata de uma construção social, ou seja, tudo o que se conhece sobre a infância foi produzido por uma determinada estruturação histórica.
Para justificar seu argumento é válido citar que na Antiguidade e Idade Média, a concepção de criança e infância era completamente diferente do que vemos hoje, não havia espaço para afetividade, os laços familiares eram voltados para o fator econômico. As crianças eram vistas como adultos em escala reduzida.
De maneira gradual e lenta, a sociedade foi mudando a visão em relação a criança. No início do séc. XVII, com o advento das escolas e suas divisões por faixa etária, o conceito de infância começou a mudar. Houve ainda forte participação da igreja, que no seu período renascentista, por meio da arte, passou a atribuir à família um sentido poético e às crianças passaram a ser vistas como sinônimo de inocência e pureza divina.
É comum nos referirmos a infância como algo homogêneo, como uma fase da vida caracterizada pelo brincar, pela imaginação, pela subordinação. Sem levarmos em conta as realidades distintas das nossas. Por este motivo o texto conclui que “infância”, no singular, é um termo excludente, e que o mais correto seria se remeter como “infâncias”, no plural, englobando todas as possibilidades.
A autora traz também um debate acerca da definição de condição humana x natureza humana. Segundo ela, condição humana trata-se de “quem eu sou?”, uma pergunta fácil de se obter a resposta pois se trata de identidade. Para uma criança a resposta seria “uma criança” pois é como ela se identifica na sociedade. Pois identidade está totalmente ligada a diferenciação, os mesmos aspectos que a caracterizam como crianças são os que a diferenciam de um adulto.
Já o conceito de natureza humana é mais complexo pois se trata de “o que eu sou?”, no sentido de essência. A autora afirma que “nada nos autoriza a presumir que os seres humanos sejam portadores de uma essência ou natureza, do mesmo modo que as coisas as possuem”. Portanto, estabelecer uma essência infantil é considerar inato algo que se trata de uma construção social.
As relações sociais tendem a moldar as crianças sempre visando o futuro, até mesmo as escolas, no que a autora chama de “governo da criança” que são normas comuns como ficar sempre sentado durante a aula, só falar mediante permissão, horários regrados. Porém, a questão é até que ponto esse governo é respeitoso com as crianças enquanto cidadãos?
A escola deve ser um lugar onde a criança se encontre e se sinta
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