Desenvolvimento Sociomoral na Adolescência
Por: Flaviana de Freitas • 4/2/2022 • Trabalho acadêmico • 1.118 Palavras (5 Páginas) • 769 Visualizações
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TRABALHO FINAL DO MÓDULO: ADOLESCÊNCIA
DISCIPLINA: PROCESSOS FORMATIVOS INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
Flaviana de Freitas Oliveira
Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Klein
Rio Preto/ Ilha Solteira/ Jaboticabal
2018
Introdução
O desenvolvimento moral e a socialização do ser humano é um processo longo e gradual. Entender como funciona este processo é compreender de que forma os indivíduos assimilam e ativam os valores que orientam seu comportamento, principalmente no que se refere aos valores sociomorais.
Na sociedade contemporânea, a moralidade de crianças e adolescentes tornou-se objeto de estudo e pesquisa no contexto da educação. Entender como jovens desenvolvem sua moral e como ocorre a aquisição e ativação de seus valores é relevante para que as instituições de ensino e os educadores possam formar seus alunos.
Vale ressaltar que o desenvolvimento da criança e do adolescente não está baseado apenas em conteúdos técnicos, mas também na ativação da autonomia moral, colocando determinados valores, como justiça, convivência democrática, solidariedade e respeito, como centrais em seu cotidiano. Assim, é relevante entender quais são as principais demandas e temas prioritários para contribuir na formação do jovem.
Desenvolvimento
Quando discorremos sobre a infância, a adolescência e a formação do ser humano para a convivência em sociedade, é fundamental pensarmos em alguns conceitos essenciais, como o desenvolvimento moral do indivíduo. A socialização ocorre ao longo do desenvolvimento humano e constitui um processo gradual e cumulativo (FINI, 1991).
Piaget (1994), ao estudar o desenvolvimento moral, preocupou-se com o aspecto específico do julgamento moral e os processos cognitivos subjacentes a ele. Em suas pesquisas, concluiu que as crianças respeitam as regras de formas diferentes, conforme a idade, existindo fases de anomia, heteronomia e autonomia moral. A fase de autonomia, observada em crianças mais velhas e adolescentes, seria caracterizada pela adoção de princípios com referência valorativa e por um senso se justiça mais equilibrado. Nas palavras de Oliveira (2006):
É na adolescência que o sujeito pode alcançar a forma mais evoluída de desempenho cognitivo, dada a capacidade para as operações mentais formais. Isso exige a descentração do pensamento, sua virtualização e construção de representações em diferentes linguagens, tendo como norte a perspectiva do outro. Por outro lado, as conquistas do adolescente no campo moral (Piaget, 1994) significam a consolidação da capacidade de subordinar a ação moral ao julgamento moral, avaliando-a e posicionando-se com base em critérios independentes da própria situação. (p. 429)
Na mesma linha de raciocínio, Kolbergh (1969) realizou pesquisas com jovens e dividiu o desenvolvimento moral em três níveis e seis estágios, que foram definidos com base no modo como as crianças respondiam às questões sobre os dilemas em relação aos aspectos de julgamento moral. Assim, os níveis de desenvolvimento moral ficariam divididos da seguinte forma (FINI, 1991, p. 63):
- Nível I – Pré-convencional (dividido em dois estágios)
O valor moral localiza-se nos acontecimentos externos, “quase” físicos, em atos maus ou em necessidades “quase” físicas, mais do que em pessoas ou padrões.
- Nível II – Convencional (dividido em dois estágios)
O valor moral localiza-se no desempenho correto de papéis, na manutenção da ordem convencional e em atender às expectativas dos outros.
- Nível III – Pós-convencional (dividido em dois estágios)
O valor localiza-se na conformidade para consigo mesmo, com padrões, direitos e deveres que são ou podem ser compartilhados.
A partir do entendimento de como se dá o desenvolvimento moral na infância, concluímos que, na adolescência, o sujeito passa a ter sua própria autonomia moral, tendo seus próprios valores. A adolescência, neste aspecto, é o tempo retrospectivo da infância e o tempo prospectivo da vida adulta, com a conquista de formas responsáveis de autonomia.
Neste contexto, a formação dos valores sociomorais são de extrema importância. Os valores não são coisas, pois são o resultado das interações das pessoas com as coisas, atos e fenômenos. Tudo o que somos e fazemos está revestido de valores: nos hábitos e costumes das pessoas; nos rituais que nos rodeiam; nas instituições a que pertencemos e nas rotinas estabelecidas por elas (MARQUES; TAVARES; MENIN, 2017).
As representações humanas, no cotidiano, são sempre valorativas e implicam em algum julgamento. “O homem vive, toma partido, crê numa multiplicidade de valores, hierarquiza-os e dá assim sentido à sua existência mediante opções que ultrapassam incessantemente as fronteiras do seu conhecimento efetivo” (PIAGET, 1983, p. 206).
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