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Diversidade Cultural e de Gênero na Escola

Por:   •  12/12/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.970 Palavras (8 Páginas)  •  270 Visualizações

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Diversidade Cultural e de Gênero na Escola

            Pensar no conceito de gênero numa perspectiva pós-estruturalista dos estudos culturais dos autores, significa pensar sobre as relações de poder, materiais e simbólicas que envolvem todos os seres humanos. É pensar na viabilização e problematização das significações dos corpos, dos jeitos de ser, de andar, falar, etc; promovendo um questionamento dos discursos biologizantes que tentam encontrar a essência genética ou hormonal dos comportamentos. Observando como esse discurso biológico que reforça a categoria sexo e que nomeia os corpos como "macho" e "fêmea", toma essa distinção de uma maneira binária e dicotômica.

   As categorias homens e mulheres, são questionadas, compreendendo que esses corpos só são inteligíveis, a partir de processos de significação culturalmente, historicamente e politicamente construídos, e para uma melhor compreensão, é fundamental conhecer o conceito performance de Judith Butler. Segundo ele, não nascemos homens ou mulheres, mas nos tornamos todos os dias, quando "adotamos" jeitos, sempre referenciados a uma norma hegemônica de gênero. Portanto, cria-se a ilusão de uma substância, de uma essência masculina ou feminina. A partir de uma consciência performática, que desconstrói essencialismos biológicos e culturais, percebemos a limitação da compreensão e ação no enfrentamento ao heterossexismo, misoginia e a homofobia na escola.

         "Em que medida é a " identidade" um ideal normativo, ao invés de uma característica descritiva da experiência?" (Butler, 2003, p.38)

Ela vai dizer que, a "coerência" e a "continuidade" da "pessoa" não são características da condição de pessoa, mas, ao contrário, normas de inteligibilidade socialmente instituídas e mantidas. Quando Judith Butler discutia a construção de identidade "mulher" a partir do movimento feminista, e do quanto sua intencionalidade política, mais do que construído a partir dessas mulheres, era ele também o construtor da própria categoria mulher que ele propunha representar, ela não estava negando a existência das mulheres.

     Trabalhos produzidos a partir de experiências de formação de profissionais da educação, trazem uma perspectiva que coloca os sujeitos em oposição: de uma lado temos os LGBTs, de outro, os homofóbicos. Isso pressupõe identidades estabilizadas, ao contrário de promover uma compreensão de que são circunstancialmente relacionais. Torna-se necessário que as políticas públicas  considerem que, mesmo quando inventada (identidade estabilizada) numa perspectiva libertadora, pode acabar produzindo novas formas de dominação. Para tal, é imprescindível uma abordagem efetiva, tendo em vista a perspectiva que compreende esses sujeitos cujas identidades são construídas culturalmente.

A Escola como Arena Cultural

         Tendo como base o conceito de cultura a partir de Sahlins e Barth, iremos compreender que cultura e identidade não são um todo coerente e acabado, mas sim fluxos que atravessam e são reconfigurados por grupos e sujeitos. Portanto, a sociedade não estaria englobada em uma cultura ou divididas em subculturas, pois os significados dos símbolos e signos, surgirão de acordo com suas intenções e das interações sociais e materiais em que está imerso.

       

         Quando um jovem adota um estilo fora "dos padrões", este entre num jogo de disputa social, que tem vertentes políticas e culturais. Ele está afirmando uma outra identidade, muitas vezes não hegemônica. A partir disso, esse jovem pode ser alvo de risadas, piadinhas até agressões físicas. A forma como ele se coloca no mundo, irá de certa forma, traz um incômodo para quem não compreende ou desrespeita. Mas ainda assim, se sente na necessidade de expressar seu verdadeiro 'eu'.

            A escola será enxergada como uma arena cultural ( Gabriel, 2000). Isso significa compreendê-la como um espaço que entram em confronto e diálogo, diferentes sujeitos, portanto diferentes modos de enxergar e significar o mundo. São significações atravessadas pelas intencionalidades de diferentes sujeitos. É nesse momentos que surgirão os padrões:

Feio X bonito

Cabelo bom X cabelo ruim

Roupas de menino X roupas de menina

Jeitos e trejeitos que nós devemos ter.

Sexismo e Homofobia na Escola

            Embora haja uma diversidade sexual rica e menos rotulada, ainda há atitudes preconceituosas, discriminatórias e violentas de diferentes pessoas, grupos e instituições. Essas atitudes estão presentes em todos os âmbitos, sobretudo na escola.

           Numa pesquisa realizada pelo Ibope, em 2008, os seguintes dados foram levantados:

56%  DOS ENTREVISTADOS MUDARIAM SUA CONDUTA;

1 EM CADA 5, PASSARIA A IGNORÁ-LO;

36% NÃO CONTRATARIA UM HOMOSSEXUAL;

45% TROCARIAM DE MÉDICO, CASO DESCOBRISSEM QUE ELE ERA GAY;

79% FICARIAM TRISTE EM TER UM FILHO HOMOSSEXUAL;

8% SERIAM CAPAZES DE CASTIGÁ-LO;

62% ACHAM QUE O PAI DEVE TENTAR CONVENCER SEU FILHO A MUDAR DE CONDIÇÃO QUANDO DESCOBRE;

         A UNESCO, em 2004, apontou um alto índice de imagens homofóbicas e de intolerância quanto à homossexualidade entre estudos e professores. A discriminação contra homossexuais, não é somente mais abertamente assumida, mas também valorizada entre jovens e alunos. (Castro, 2004). Trazendo dados de pesquisas realizadas, foi constatado que 25% dos alunos afirmam que não gostariam de ter colegas homossexuais (número maior entre meninos).

No Rio de Janeiro:

40% dos responsáveis não gostariam que seu filho estudasse com um colega homossexual

*o número cai entre educadores, mas ainda é notável um número significativo. E 15% dos estudantes acham que a homossexualidade é uma doença, chegando a 23% entre os homens.

           Os assassinatos crescem anualmente. Um levantamento Grupo Gay da Bahia, foram registrados 2.600 assassinatos de gay, lésbicas e travestis no Brasil. Isso implica dizer que a cada 3 dias, 1 homossexual é morto. Dentro de escolas, há uma tolerância revestida de heteronormatividade, ou seja, alunos homossexuais são aceitos desde que "se comportem", não expressem sua sexualidade e que ela se mantenha reprimida nesse espaço de trânsito cultural que a escola deveria ser.

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