EDUCAÇÃO INFANTIL: FUNDAMENTOS E MÉTODOS

EDUCAÇÃO INFANTIL: FUNDAMENTOS E MÉTODOS

Zilma de Moraes Romos de Oliveira

Cortez, São Paulo 2011

Pode-se falar em uma escola na infância?

Para o sistema educacional, a luta contra a exclusão social contribui para o enriquecimento cultural da criança, apresentando-lhe novos conceitos de valores diversos aos que já conhece. Porém, para tal propósito, há uma série de obstáculos. P.43

Desde muito tempo a creche é vista como um refúgio para crianças carentes de cuidados domésticos e, neste sentido, tem tratado a infância como uma responsabilidade inteiramente da família. Logo desenvolvem atividades restritas, que limitam o campo de visão da criança, fazendo de sua infância um armário distante de sua sociedade e cultura específicas.

No caso do sistema de ensino da pré-escola, onde prevalece a ideia de preparar o aluno para o ensino fundamental, acaba ocorrendo um distanciamento da realidade, propiciando à criança uma experiência com rotinas rígidas dando-lhe uma ideia muito vaga do que irá viver, de fato. P.43/P.44 

Na educação grega do período clássico, “infância” referia-se a seres com tendências selvagens a serem denominadas pela razão e pelo bem ético e político.

Já o pensamento medieval entendia a infância como evidencia da natureza pecadora do homem, pois nela a razão, reflexo da luz divina, não se manifestaria. P.44

Em consequência de muitas pesquisas já realizadas sobre a criança, ela aparece hoje com nova identidade.

Crianças são aquelas “figurinhas” curiosas e ativas, com direitos e necessidades, que precisam de um espaço diferente tanto do ambiente familiar, onde são objetos de afetos de adultos.

(...) propomos que creches e pré-escolas busquem aproximar cultura, linguagem, cognição e afetividade como elementos constituintes do desenvolvimento humano e voltados para a construção da imaginação e da lógica, considerando que estas, assim como a sociabilidade, afetividade e a criatividade, têm muitas razões e Genesis.         P.45

A instituição da educação infantil pode atuar, sim, como agente de transmissão de conhecimento elaborados pelo conjunto das relações sociais presente em determinado momento histórico. Todavia, isso deve ser feito na vivencia cotidiana com parceiros significativos, quando modos de expressar sentimentos em situações particulares, de recordar, de interpretar uma história, de compreender um fenômeno da natureza transmitem à criança novas maneiras de “ler” o mundo e a si mesma. P.46

A forte influência, na área da educação infantil, de uma história higienista, de priorização de cuidados de saúde, assistencialista, que ressalta o auxílio a população de risco social, tem feito com que as propostas de creches e pré-escolas oscilem entre uma ênfase maior ou no cuidar ou no educar, apresentando dificuldades para integrar as duas tarefas. P.47

 Metas almejadas

Construir creches e pré-escolas que não sejam instituições autoritárias e isoladas das famílias e não entendam a socialização como um ajustamento rápido e eficiente da criança à cultura dominante requer discutir o modelo supra-histórico de criança difundindo não só na sociedade, mas também presente em muitos trabalhos acadêmicos, modelo que esconde as relações de poder desiguais que têm caracterizado a interação adulto-criança. P.48

“A Educação Infantil, primeiro etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. (Lei 9394/96, artigo 29). P.49