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Espaços Educativos Não Formais: A Brinquedoteca

Por:   •  1/9/2022  •  Abstract  •  1.825 Palavras (8 Páginas)  •  122 Visualizações

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Centro Universitário Adventista de São Paulo


Nome: Douglas Andrade              RA: 109792
Curso: Pedagogia                           Turma: GLPEDA83A
Docente: Márcia Azevedo
Disciplina: Pedagogia em Espaços Sociais Múltiplos

Espaços educativos não formais: A  Brinquedoteca

Como pedagogos, sempre ouvimos que as brincadeiras são ferramentas importantes, não só para o progresso das crianças, independente de sua faixa etária e nível de maturação, mas para o planejamento do trabalho docente, já que as atividades lúdicas contribuem, de forma efetiva, ao processo de ensino-aprendizagem – se tiverem uma intencionalidade. Por mais que saibamos que o brincar nem sempre precisa de um fundamento pedagógico, as brincadeiras e os momentos de ludicidade proporcionam, organicamente, às crianças, o seu desenvolvimento pleno de aspectos físico-motores, interativos, emocionais, cognitivos e afetivos, na medida em que e onde ocorrem.

Ao contrário do que pensamos, ludicidade não está ligado a um jogo, brinquedo ou brincadeira. Para Luckesi (2005), ludicidade é toda experiência imersiva, que faz com que a criança, ao internalizá-la, consiga habilitar suas competências conceituais (ao pensar), procedimentais (ao fazer) e atitudinais (ao sentir), espontaneamente. No contexto metodológico, pautado em documentos educacionais que endossam o ato de brincar, a brinquedoteca entra como propulsora de recreação, visando a promoção de aprendizagens significativas, de socializações diversas e estímulos criativos aos indivíduos que a acessam. Ela pode ser considerada um local pertinente ao momento lúdico, onde a criança se autorregula, constrói e conserva a sua aprendizagem, por meio da interação com outrem e das trocas de experiência, enquanto ela manuseia brinquedos,  contata espaços planejados, próprios do brincar e estabelece relação entre seus pares.

Os espaços educativos não formais tendem a ampliar a ação docente e o ideal pedagógico, pois trazem uma nova reflexão aos modelos tradicionais de ensino. As brinquedotecas, por sua vez, manifestam a necessidade de acompanhamento das mudanças sociais, uma vez que as crianças de hoje não são iguais às de outrora, devido às circunstâncias históricas e situações do tempo-espaço. De acordo com Noffs (2001), elas são um

[...] espaço onde a criança, utilizando o lúdico, constrói suas próprias aprendizagens, desenvolvendo-se num ambiente acolhedor, natural e que funciona como fonte de estímulos, para o desenvolvimento de suas capacidades estéticas e criativas, favorecendo ainda sua curiosidade (NOFFS, 2001, p. 160).

A brinquedoteca é um espaço planejado e construído para assegurar o direito que a criança tem de brincar e lhes proporciona momentos de recreação, desenvolvimento de novos saberes e consolidação de aprendizagens diversas.

Histórico da Brinquedoteca

Quando criança, ao ouvir  a palavra “brinquedoteca”, imaginava um local cheio de brinquedos, mas com a mesma estética de uma biblioteca. Como minhas referências eram as bibliotecas de filmes norte-americanos e aquela, cuidada pelo Gato Pintado do Castelo Rá-Tim-Bum, pensava:  é impossível uma criança brincar em silêncio e rodeado de pretaleiras! Mais pra frente, ao acessar esses espaços, comprendi que, embora o conceito de brinquedoteca seja derivado da biblioteca, são, definitivamente, coisas diferentes. Enquanto a biblioteca é um espaço criado para o estudo individual, a brinquedoteca foi projetada para o coletivo. A brinquedoteca, seja privada ou pública, visa preconizar a socialização e as brincadeiras e podem se inserir em diferentes instituições.

As brinquedotecas surgiram, a partir da crise econômica de 1934, nos Estados Unidos. Um comerciante de Los Angeles, ao perceber que algumas crianças roubavam os brinquedos de sua loja, passou a estabelecer um sistema de empréstimo, dando oportunidade de recreação aos indivíduos menos abastados e fazendo com que os roubos fossem amenizados. Em 1963, o primeiro país a adotar esse mesmo sistema, foi a Suécia. A posteriori, países como a França, criaram as “ludotecas”, a fim de complementar o ensino escolar, favorecendo a brincadeira infantil e os processos interativos.

No Brasil, o conceito de brinquedoteca surgiu em meados dos anos 70, oriundos da pesquisa da Profa. Kishimoto (muito referenciada, inclusive, em temas sobre jogos e ludicidade), que acreditava no desenvolvimento infantil a partir  das brincadeiras entre pais e filhos. No fim dos anos 80 e início dos 90, muitas brinquedotecas foram abertas em escolas de educação infantil. De acordo com Cunha (2007, p.14), o trabalho da brinquedoteca brasileira, está focado no brincar, propriamente dito, e não em empréstimo de brinquedos. Atualmente, as brinquedotecas enriquecem o processo de ensino-aprendizagem informal, além de promover  o estreitamento de laços afetivos.

Nas brinquedotecas, o potencial e as habilidades das crianças afloram de maneira brincante, uma vez que elas não são forçadas a realizarem atividades que não gostam, ou que não lhes são interessantes. Esses espaços e esses tempos favorecem a ludicidade, tão importante para a  saúde mental do ser humano, resgatando um espaço para a expressão mais genuína do ser. São espaços e tempos propícios para o exercício das relações afetivas com as pessoas, com os objetos, com o mundo (ZORZE, 2012, p. 17)

A grosso modo, a brinquedoteca é um ambiente com vários brinquedos, mas não é um espaço de armazenamento ou desorganizado (CARNEIRO, 2003). Se assim fosse, qualquer lugar com uma quantidade significativa de brinquedos poderia ser considerado uma brinquedoteca. O que difere uma brinquedoteca de um local cheio de brinquedos é a proporção de ludicidade, as relações que se estabelecem no local, o favorecimento de diversas aprendizagens e o desenvolvimento conceitual, procedimental e atitudinal de crianças e adultos. Quanto mais limitado e sem recursos é o espaço, menor é a oportunidade dos partícipes de explorar materiais, manusear objetos, desenvolver sua criatividade, estabelecer conexões com as pessoas e o local físico, se adequar às suas necessidades e qualificar o momento lúdico.

Modelos de Brinquedoteca

Considerando o caráter promotor de aprendizagens e interações, existem muitos tipos de brinquedotecas. Embora a BNCC, a LDB e os documentos do ECA garantam a idoneidade do brincar, não existem tantos locais que proporcionem ludicidade, de acordo com as necessidades infantis. Dependendo do espaço onde as crianças vivem, a rua, os parques, a comunidade e os condomínios não favorecem a preservação de sua integridade e não garantem o seu desenvolvimento lúdico. Muito pelo contrário. Em alguns contextos, o direito da brincadeira é roubado da criança e ela passa a ter referências muito severas ou negligenciadas, com base em sua realidade local.

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